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Em 2009, no auge da maior crise econômica mundial dos últimos 80 anos, o PIB dos EUA recuou mais ou menos o que o PIB brasileiro tombou em 2015 – ano de cenário internacional relativamente tranquilo.
 
Estamos falando de uma queda de uns 3,0%.
 
Em 2010, o PIB dos EUA já voltava a crescer (2,5%), até porque precisa de muita notícia ruim para o PIB de um país recuar fortemente dois anos consecutivos.
 
Mas por estas praças as previsões são de nova queda da atividade econômica, talvez um pouco menor que a do ano passado, mas nada corriqueira.
 
Resumindo a ópera: vamos ficar mais pobres de novo.
 
E a inflação?
 
Essa deve recuar: dos estrondosos mais de 10% ao ano em 2015, para perto de 7,5% em 2016. E você quer saber: por quê?
 
Por causa da fragilidade recente da economia brasileira e como efeito de um reajuste de preços administrados (combustíveis e energia, sobretudo) mais moderado.
 
Lembrem-se: a meta de inflação anual, de 4,5%, não é alcançada desde 2009. E por mais que a inflação de 2016 venha mais baixa que em 2015, ainda assim deve extrapolar o teto (furado) dessa meta, que é de 6.5% ao ano.
 
E o desemprego?
 
Atividade econômica fraca significa desemprego mais alto. Não tem mágica em economia. Quando a produção cai e, principalmente, quando não se vê a tal luz no final do túnel, empresas mandam gente embora para cortar gastos e não ter de fechar as portas.
 
Em 2016, minha bola de cristal diz que a taxa de desemprego pode beirar 10%!
 
O que está por trás desse quadro?
 
Erros que já iam mesmo demorar para ser remediados se houvesse convicções suficientes para tal. Mas não há tampouco cenário favorável para corrigir o rumo das coisas.
Podemos ter esperança de melhoras em 2016?
 
Duas coisas precisam acontecer este ano não ser um tão infeliz:
 
1) O governo tem de retomar rapidamente as rédeas da política fiscal e voltar a produzir superávits primários, ainda que pequenos e mesmo que, para isso, tenha de aumentar impostos;
 
2) O governo precisa sair do marasmo e dar início, com firmeza, a uma ampla agenda de reformas estruturais.
 
Sobre esse segundo ponto, ficamos tão parados na última década que todas as áreas viraram prioritárias:
 
- Competição;
 
- Eficiência do setor público;
 
- Regulamentação de concessões;
 
- Previdência;
 
- Estrutura tributária;
 
- Licenciamento ambiental;
 
- E por aí vai, numa lista extensa...
 
É difícil esperar que um governo que hoje junta forças para se manter de pé tenha energia bastante para resolver isso tudo o quanto antes.
 
Na verdade, normalmente, nem é preciso tanto esforço para se dissipar uma recessão. Economias de mercado têm essa capacidade meio regenerativa de se erguer após um tombo, mesmo na ausência de reformas.
 
O problema: o governo brasileiro foi tão longe na quantidade de equívocos na política econômica que a confiança do setor privado foi para o beleléu. E confiança é a chave desta questão.
 
Mais ainda: as coisas negativas, infelizmente, se reforçam. Crescimento baixo e meio a gostos acima de despesas (desajuste fiscal) leva à perda de grau de investimento – como vimos em 2015. E esses rebaixamentos geram juros mais altos (por causa da percepção de maior risco de quem empresta grana ao governo).
 
A somatória desses fatores joga contra investimentos produtivos, o que, por sua vez, atrapalha o crescimento da economia. Como efeito, a arrecadação de impostos tende a diminuir e gerar uma piora de expectativas em relação à capacidade de o governo pagar suas contas em dia.
 
Romper esse ciclo é muito difícil.
 
Mas pelo menos o déficit externo está melhorando – haverá sempre otimistas para notar. E sim, é verdade, mas não por bons motivos.
 
A balança comercial está voltando ao azul (diferença positiva de dinheiro entrando e saindo do Brasil via importações e exportações) porque as exportações estão caindo e as importações estão, literalmente, despencando.
 
Nada bom? Nada bom. Mas com atividade fraca e o dólar caro, as importações derretem mesmo. É ruim, mas esperado.
 
Fora isso, a mamata de um cenário externo com juros chapados no zero e crescimento razoável vai sumir. O banco central dos EUA já iniciou o processo de normalização da taxa de juro e a China parece que pode surpreender negativamente ainda mais em termos de crescimento.
 
O céu, enfim, está lotado de nuvens negras.
 
Tempos difíceis sempre existem. Mas tempos difíceis na economia com paralisia no campo da política formam uma tempestade perfeita.
 
Feliz ano velho.

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2016: por que esperar um infeliz ano-novo?

Em 2009, no auge da maior crise econômica mundial dos últimos 80 anos, o PIB dos EUA recuou mais ou menos o que o PIB brasileiro tombou em 2015 – ano de cenário internacional relativamente tranquilo.
 
Estamos falando de uma queda de uns 3,0%.
 
Em 2010, o PIB dos EUA já voltava a crescer (2,5%), até porque precisa de muita notícia ruim para o PIB de um país recuar fortemente dois anos consecutivos.
 
Mas por estas praças as previsões são de nova queda da atividade econômica, talvez um pouco menor que a do ano passado, mas nada corriqueira.
 
Resumindo a ópera: vamos ficar mais pobres de novo.
 
 
Essa deve recuar: dos estrondosos mais de 10% ao ano em 2015, para perto de 7,5% em 2016. E você quer saber: por quê?
 
Por causa da fragilidade recente da economia brasileira e como efeito de um reajuste de preços administrados (combustíveis e energia, sobretudo) mais moderado.
 
Lembrem-se: a meta de inflação anual, de 4,5%, não é alcançada desde 2009. E por mais que a inflação de 2016 venha mais baixa que em 2015, ainda assim deve extrapolar o teto (furado) dessa meta, que é de 6.5% ao ano.
 
 
Atividade econômica fraca significa desemprego mais alto. Não tem mágica em economia. Quando a produção cai e, principalmente, quando não se vê a tal luz no final do túnel, empresas mandam gente embora para cortar gastos e não ter de fechar as portas.
 
Em 2016, minha bola de cristal diz que a taxa de desemprego pode beirar 10%!
 
O que está por trás desse quadro?
 
Erros que já iam mesmo demorar para ser remediados se houvesse convicções suficientes para tal. Mas não há tampouco cenário favorável para corrigir o rumo das coisas.
Podemos ter esperança de melhoras em 2016?
 
Duas coisas precisam acontecer este ano não ser um tão infeliz:
 
1) O governo tem de retomar rapidamente as rédeas da política fiscal e voltar a produzir superávits primários, ainda que pequenos e mesmo que, para isso, tenha de aumentar impostos;
 
2) O governo precisa sair do marasmo e dar início, com firmeza, a uma ampla agenda de reformas estruturais.
 
Sobre esse segundo ponto, ficamos tão parados na última década que todas as áreas viraram prioritárias:
 
- Competição;
 
- Eficiência do setor público;
 
- Regulamentação de concessões;
 
- Previdência;
 
- Estrutura tributária;
 
- Licenciamento ambiental;
 
- E por aí vai, numa lista extensa...
 
É difícil esperar que um governo que hoje junta forças para se manter de pé tenha energia bastante para resolver isso tudo o quanto antes.
 
Na verdade, normalmente, nem é preciso tanto esforço para se dissipar uma recessão. Economias de mercado têm essa capacidade meio regenerativa de se erguer após um tombo, mesmo na ausência de reformas.
 
O problema: o governo brasileiro foi tão longe na quantidade de equívocos na política econômica que a confiança do setor privado foi para o beleléu. E confiança é a chave desta questão.
 
Mais ainda: as coisas negativas, infelizmente, se reforçam. Crescimento baixo e meio a gostos acima de despesas (desajuste fiscal) leva à perda de grau de investimento – como vimos em 2015. E esses rebaixamentos geram juros mais altos (por causa da percepção de maior risco de quem empresta grana ao governo).
 
A somatória desses fatores joga contra investimentos produtivos, o que, por sua vez, atrapalha o crescimento da economia. Como efeito, a arrecadação de impostos tende a diminuir e gerar uma piora de expectativas em relação à capacidade de o governo pagar suas contas em dia.
 
Romper esse ciclo é muito difícil.
 
Mas pelo menos o déficit externo está melhorando – haverá sempre otimistas para notar. E sim, é verdade, mas não por bons motivos.
 
A balança comercial está voltando ao azul (diferença positiva de dinheiro entrando e saindo do Brasil via importações e exportações) porque as exportações estão caindo e as importações estão, literalmente, despencando.
 
Nada bom? Nada bom. Mas com atividade fraca e o dólar caro, as importações derretem mesmo. É ruim, mas esperado.
 
Fora isso, a mamata de um cenário externo com juros chapados no zero e crescimento razoável vai sumir. O banco central dos EUA já iniciou o processo de normalização da taxa de juro e a China parece que pode surpreender negativamente ainda mais em termos de crescimento.
 
O céu, enfim, está lotado de nuvens negras.
 
Tempos difíceis sempre existem. Mas tempos difíceis na economia com paralisia no campo da política formam uma tempestade perfeita.
 
Feliz ano velho.
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