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A América Latina é o continente mais desigual do mundo, com boa margem de vantagem. E o Brasil não é exceção no continente, como sugere o famoso índice de Gini[1]. O que está por trás disso? Governos que funcionam mal, em diversas dimensões. Mas disso não segue que o ideal então seria defender menos ação pública, menos governo. O debate ideológico e menos relevante – mas que aparentemente incendeia mais os corações -- é sobre o tamanho do governo; a discussão mais relevante é outra: a qualidade do governo.

gini brasil mundo

Seja por problemas de captura do aparato público por grupos de interesse, seja por aderência a ideologias bem intencionadas, mas gravemente equivocadas, somos campeões no Brasil em dificultar a vida dos mais pobres. Por itens:

Impostos - altos e mais pesadamente incidentes sobre os de menor renda. No Brasil, o grosso da arrecadação vem de impostos indiretos, aqueles que estão lá embutidos nos preços de todos os bens e serviços que compramos. Isso significa que apesar dos mais pobres pagarem menos impostos no total, como proporção de sua renda, eles carregam um fardo maior.

Sistema de pensões - a pensão dos nossos bem remunerados funcionários públicos é fortemente desequilibrada em termos atuariais, na grande maioria dos casos. Vejam esse exemplobizarro: uma pessoa que ingressa no serviço público com 40 anos, trabalha até os 60 anos contribuindo com mais ou menos 10% do seu salário, quando se aposenta recebe seu salário integral (média dos anos ativos) por mais uns 20 anos de vida. Quem cobre a brutal diferença? A sociedade pagadora de impostos. E quem mais paga impostos como proporção da renda? Os mais pobres. E a tal pensão por morte? Sinistra mesmo: no Brasil consome 3% do PIB, no resto do mundo um pouco menos que 1% do PIB. Por fim, a absurda idade mínima, que só ajuda os que se dizem de classe média. Não tem gente das camadas mais baixas parando de trabalhar aos 55 anos não.

Ideologias doidivanas, parte 1 -  pense em duas, para começar. A universidade pública gratuita e o BNDES, dois exemplos de Robin Hood às avessas no mundo das jabuticabas. Claro que a universidade não é gratuita, custa caro pra caramba pagar professores, aposentados, instalações, laboratórios, etc. Não existe isso de gratuito, existe o quem é que está pagando. A proporção de não pobres nas universidades é bastante alta. É gente com condição clara de pagar pelo ensino que recebe. Mas não, não pode. Alguém vai dizer que isso seria privatizar a Universidade? Não é, trata-se de apenas de redistribuir um pouco de renda de quem não frequenta a universidade para quem dela usufrui! Dificil imaginar algo mais justo na face da Terra.

Ideologias doidivanas, parte 2 - esses tais de bancos públicos... quem os financia? Bom, você já sabe, dado que dinheiro não cresce no quintal do BNDES. O banco público empresta recursos para os empresários mais bem conectados a taxas de juros baixinhas, taxas às quais você nunca vai ter acesso. Quem recebe é o empresário pequenino, talvez? Não, senhor, o grosso do volume de empréstimos vai para empresas grandes, com capacidade de pegar grana por si mesmas nos mercados, seja no Brasil , seja no exterior. Para piorar, a ação do banco público favorece o agigantamento de algumas empresas, para prejuízo, claro, do público pagante que agora precisa comprar de fornecedores com poder de monopólio. Não é incrível?

E como o governo pode ajudar mais no combate a desigualdade de renda?

Considerando tudo o que foi dito, o primeiro passo parece ser: parar com as ações que favorecem a concentração de renda nas mãos dos mais ricos! O segundo passo seria prover  o que os nascidos em situação familiar menos favorecida mais precisam: melhores escolas públicas, melhor saúde pública, mais segurança e transferências direta de renda. A última o Brasil já faz relativamente bem, por meio do Bolsa Família. As outras...

[1] Construído, em termos resumidos, de modo que valores mais altos significam maior desigualdade (máximo possível 1; mínimo possível sendo 0).

 

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Como o governo do Brasil concentra renda?

A América Latina é o continente mais desigual do mundo, com boa margem de vantagem. E o Brasil não é exceção no continente, como sugere o famoso índice de Gini[1]. O que está por trás disso? Governos que funcionam mal, em diversas dimensões. Mas disso não segue que o ideal então seria defender menos ação pública, menos governo. O debate ideológico e menos relevante – mas que aparentemente incendeia mais os corações -- é sobre o tamanho do governo; a discussão mais relevante é outra: a qualidade do governo. gini brasil mundo Seja por problemas de captura do aparato público por grupos de interesse, seja por aderência a ideologias bem intencionadas, mas gravemente equivocadas, somos campeões no Brasil em dificultar a vida dos mais pobres. Por itens: Impostos - altos e mais pesadamente incidentes sobre os de menor renda. No Brasil, o grosso da arrecadação vem de impostos indiretos, aqueles que estão lá embutidos nos preços de todos os bens e serviços que compramos. Isso significa que apesar dos mais pobres pagarem menos impostos no total, como proporção de sua renda, eles carregam um fardo maior. Sistema de pensões - a pensão dos nossos bem remunerados funcionários públicos é fortemente desequilibrada em termos atuariais, na grande maioria dos casos. Vejam esse exemplobizarro: uma pessoa que ingressa no serviço público com 40 anos, trabalha até os 60 anos contribuindo com mais ou menos 10% do seu salário, quando se aposenta recebe seu salário integral (média dos anos ativos) por mais uns 20 anos de vida. Quem cobre a brutal diferença? A sociedade pagadora de impostos. E quem mais paga impostos como proporção da renda? Os mais pobres. E a tal pensão por morte? Sinistra mesmo: no Brasil consome 3% do PIB, no resto do mundo um pouco menos que 1% do PIB. Por fim, a absurda idade mínima, que só ajuda os que se dizem de classe média. Não tem gente das camadas mais baixas parando de trabalhar aos 55 anos não. Ideologias doidivanas, parte 1 -  pense em duas, para começar. A universidade pública gratuita e o BNDES, dois exemplos de Robin Hood às avessas no mundo das jabuticabas. Claro que a universidade não é gratuita, custa caro pra caramba pagar professores, aposentados, instalações, laboratórios, etc. Não existe isso de gratuito, existe o quem é que está pagando. A proporção de não pobres nas universidades é bastante alta. É gente com condição clara de pagar pelo ensino que recebe. Mas não, não pode. Alguém vai dizer que isso seria privatizar a Universidade? Não é, trata-se de apenas de redistribuir um pouco de renda de quem não frequenta a universidade para quem dela usufrui! Dificil imaginar algo mais justo na face da Terra. Ideologias doidivanas, parte 2 - esses tais de bancos públicos... quem os financia? Bom, você já sabe, dado que dinheiro não cresce no quintal do BNDES. O banco público empresta recursos para os empresários mais bem conectados a taxas de juros baixinhas, taxas às quais você nunca vai ter acesso. Quem recebe é o empresário pequenino, talvez? Não, senhor, o grosso do volume de empréstimos vai para empresas grandes, com capacidade de pegar grana por si mesmas nos mercados, seja no Brasil , seja no exterior. Para piorar, a ação do banco público favorece o agigantamento de algumas empresas, para prejuízo, claro, do público pagante que agora precisa comprar de fornecedores com poder de monopólio. Não é incrível? E como o governo pode ajudar mais no combate a desigualdade de renda? Considerando tudo o que foi dito, o primeiro passo parece ser: parar com as ações que favorecem a concentração de renda nas mãos dos mais ricos! O segundo passo seria prover  o que os nascidos em situação familiar menos favorecida mais precisam: melhores escolas públicas, melhor saúde pública, mais segurança e transferências direta de renda. A última o Brasil já faz relativamente bem, por meio do Bolsa Família. As outras... [1] Construído, em termos resumidos, de modo que valores mais altos significam maior desigualdade (máximo possível 1; mínimo possível sendo 0).   Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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