Uma plataforma que vai te ajudar a entender um pouco mais de economia.

A dívida brasileira já equivale a 72,5% de tudo que produzimos. E vai crescer mais, sem a menor sombra de dúvida. Isso é inevitável, dado o crescimento anêmico, a taxa de juro real ainda elevada e os resultados primários do governo projetados para os próximos anos: vamos seguir gastando mais (sem incluir o pagamento de juros, vejam bem) do que arrecadamos por um bom tempo.

Isso se tudo der certo. Se não tiver reforma fiscal séria, vamos gastar mais do arrecadamos por muitos anos. Antecipando que isso geraria uma crise lá na frente, as pessoas pararão de emprestar para o governo já hoje. E aí, cabum!

Crise, vocês sabem, é crise, catástrofe social. Mas mesmo que ela não venha (cenário que vai passando de provável para um mais minguado possível), uma dívida alta para padrões de economias emergentes constitui obstáculo a um crescimento mais pujante da economia. Os motivos são os seguintes:

1) Dívida alta é sinônimo de juro alto via risco mais elevado, e juro alto atrapalha investimento.

2) Na hora de investir, as pessoas tentam calcular, mais ou menos, quanto precisarão pagar de impostos ao longo da vida útil do seu investimento, para ver se vale a pena. Se o governo tem uma dívida grandalhona, fica no ar a expectativa de que ele precisará aumentar impostos no futuro para pagar as contas, ou...

3) Ou vai precisar imprimir grana, gerando inflação e confusão. A outra saída é um calote, que gera uma confusão hipertrofiada com esteroides. Vejam, caros leitores, é possível que a crise nem sequer ocorra. Mas o que importa é a probabilidade que as pessoas atribuem a esse evento megadisruptivo.

É bem difícil testar isso nos dados, por causa do velho problema conhecido nos meios literários mais rigorosos como controvérsia "ovo-galinha". Se nos dados noto um padrão do tipo dívida alta e crescimento baixo, seria isso devido a muita dívida causando crescimento menor; ou ao fato de que um crescimento menor gera menos arrecadação e isso faz com que a dívida se eleve? Como dizia o príncipe Siddhartha, a verdade provavelmente está no meio do caminho. Em economês: a causalidade corre nos dois sentidos.

A dívida do Brasil é mesmo grande assim de meter medo? Se você compara com a de países ricos, não. Mas é uma comparação meio sem sentido. Primeiro, porque esses aí pagam juro perto de zero ou negativo sobre seu estoque de dívida. Segundo, porque as pessoas têm —e com razão— mais paciência com um rico endividado do que com um país de renda média endividado. E no âmbito desse último grupo, estamos meio mal na foto.

O Brasil precisa reequilibrar receitas e despesas (ajuste fiscal) se quiser crescer. Não é papo de ortodoxo isso não; o contrário é que é insanidade.

GRÁFICO-DÍVIDAS-PQ

Dívida brasileira assusta?

A dívida brasileira já equivale a 72,5% de tudo que produzimos. E vai crescer mais, sem a menor sombra de dúvida. Isso é inevitável, dado o crescimento anêmico, a taxa de juro real ainda elevada e os resultados primários do governo projetados para os próximos anos: vamos seguir gastando mais (sem incluir o pagamento de juros, vejam bem) do que arrecadamos por um bom tempo. Isso se tudo der certo. Se não tiver reforma fiscal séria, vamos gastar mais do arrecadamos por muitos anos. Antecipando que isso geraria uma crise lá na frente, as pessoas pararão de emprestar para o governo já hoje. E aí, cabum! Crise, vocês sabem, é crise, catástrofe social. Mas mesmo que ela não venha (cenário que vai passando de provável para um mais minguado possível), uma dívida alta para padrões de economias emergentes constitui obstáculo a um crescimento mais pujante da economia. Os motivos são os seguintes: 1) Dívida alta é sinônimo de juro alto via risco mais elevado, e juro alto atrapalha investimento. 2) Na hora de investir, as pessoas tentam calcular, mais ou menos, quanto precisarão pagar de impostos ao longo da vida útil do seu investimento, para ver se vale a pena. Se o governo tem uma dívida grandalhona, fica no ar a expectativa de que ele precisará aumentar impostos no futuro para pagar as contas, ou... 3) Ou vai precisar imprimir grana, gerando inflação e confusão. A outra saída é um calote, que gera uma confusão hipertrofiada com esteroides. Vejam, caros leitores, é possível que a crise nem sequer ocorra. Mas o que importa é a probabilidade que as pessoas atribuem a esse evento megadisruptivo. É bem difícil testar isso nos dados, por causa do velho problema conhecido nos meios literários mais rigorosos como controvérsia "ovo-galinha". Se nos dados noto um padrão do tipo dívida alta e crescimento baixo, seria isso devido a muita dívida causando crescimento menor; ou ao fato de que um crescimento menor gera menos arrecadação e isso faz com que a dívida se eleve? Como dizia o príncipe Siddhartha, a verdade provavelmente está no meio do caminho. Em economês: a causalidade corre nos dois sentidos. A dívida do Brasil é mesmo grande assim de meter medo? Se você compara com a de países ricos, não. Mas é uma comparação meio sem sentido. Primeiro, porque esses aí pagam juro perto de zero ou negativo sobre seu estoque de dívida. Segundo, porque as pessoas têm —e com razão— mais paciência com um rico endividado do que com um país de renda média endividado. E no âmbito desse último grupo, estamos meio mal na foto. O Brasil precisa reequilibrar receitas e despesas (ajuste fiscal) se quiser crescer. Não é papo de ortodoxo isso não; o contrário é que é insanidade. GRÁFICO-DÍVIDAS-PQ
Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?clique aqui e assine a nossa Newsletter.

Siga a gente no Facebook e Twitter!
Inscreva-se no nosso canal no YouTube!
Curta as nossas fotos no Instagram!

O que você achou desse texto?

*Não é necessário cadastro.

Avaliação de quem leu:

Avalie esse texto Não é necessário cadastro

A plataforma Por Quê?Economês em bom português nasceu em 2015, com o objetivo de explicar conceitos básicos de economia e tornar o noticiário econômico acessível ao público não especializado. Acreditamos que o raciocínio econômico é essencial para a compreensão da realidade que nos cerca.

Iniciativa

Bei editora
Usamos cookies por vários motivos, como manter o site do PQ? confiável ​​e seguro, personalizar conteúdo e anúncios,
fornecer recursos de mídia social e analisar como o site é usado. Para maiores informações veja nossa Política de Privacidade.