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No curso dos últimos dias, a bolsa subiu e o dólar caiu. Em outras palavras, o mercado comemorou as últimas pesquisas mostrando que a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) tem boas chances de derrotar a de Fernando Haddad (PT) num eventual segundo turno.

Faz sentido o otimismo?

Não muito, em nossa opinião. O atual cenário radicalizado e extremamente mais provável, com Bolsonaro Vs Haddad no segundo turno, não enseja bons ventos adiante, qualquer que seja o vencedor. A crença dos mercados – longe de ser estapafúrdia – parece ser a seguinte: o comandante da equipe econômica de Bolsonaro, o economista Paulo Guedes, defende pontos de vista muito mais alinhados ao liberalismo econômico do que a campanha adversária. O PT, por sua vez, promete a redenção via truques de prestidigitação, não reconhece a existência de um rombo previdenciário enorme, propõe (de novo!) uma saída via aumento do investimento público, subsídios, protecionismo, etc. Resumindo: trata-se de uma campanha percebida pelo mercado como representante do livre mercado e contra o Leviatã de tentáculos agigantados que não acredita na iniciativa privada.     O quanto essa dicotomia é fidedigna de um retrato pós-eleições é difícil de saber. E vem daí a nossa interpretação de que o otimismo não se justifica. Bolsonaro votou contra todas as pautas econômicas modernizantes - inclusive ao lado do PT em muitas dessas vezes. E quando não chegou a haver votação, se manifestou contra. As reformas trabalhista e da Previdência são os exemplos mais recentes. Bolsonaro nunca sequer namorou teses liberais, e, como Dilma, tem como ícone a condução da economia levada a cabo nos governos militares dos anos 1970 (forte viés nacionalista, contra abertura econômica). Há poucos meses da eleição, é verdade, chamou para conselheiro econômico o senhor Paulo Guedes, economista de viés liberal que optou por não colocar as suas visões para debate em inúmeras ocasiões em que foi convidado para o confronto intelectual com economistas de outros candidatos. Recusou, aliás, ser entrevistado por nós, ao contrário dos economistas dos demais candidatos.  Sobre as propostas apresentadas em papel até aqui: as do PT são um arremedo de bobagens econômicas; as de Bolsonaro são vagas ou irrealistas. Por exemplo, o programa de Bolsonaro fala em privatizações, mas falha em responder como isso seria feito. Qual a ordem? Qual a viabilidade política? Mais: apesar da privatização ajudar a reduzir estoque da dívida, ela tem pouco impacto sobre os fluxos futuros. Ou seja, sobre os déficits primários. Em relação a esses, vai aumentar impostos, como já sugeriu Paulo Guedes, ou não vai, como diz Bolsonaro? Na hora de por a mão na massa, tudo fica bem mais difícil. Filosofar sobre economia na posição de intelectual é fácil. O capitão da equipe de Bolsonaro tem zero experiência no trato com Congresso ou com a máquina pública. Do lado petista, Haddad para fazer a coisa certa teria que implementar mais um estrondoso calote no seu eleitor (como fizeram Lula e Dilma), e rasgar todo o programa econômico da campanha. Estelionato eleitoral versão 3. Pode até ser, mas sai caro depois. Cada vez mais caro, num mundo em que – ainda bem – vai ficando mais difícil comprar apoio via os métodos, digamos, “tradicionais”. Para piorar, as feridas estarão abertíssimas, isso ganhe quem ganhar, tornando muito difícil aprovar qualquer medida mais polemica que exija um dialogo franco com a sociedade e com a oposição política. Em resumo, vai ser osso. Essa ponta de euforia aí, cremos, logo se desmanchará.  

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Euforia do mercado com Bolsonaro é justificada?

No curso dos últimos dias, a bolsa subiu e o dólar caiu. Em outras palavras, o mercado comemorou as últimas pesquisas mostrando que a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) tem boas chances de derrotar a de Fernando Haddad (PT) num eventual segundo turno. Faz sentido o otimismo? Não muito, em nossa opinião. O atual cenário radicalizado e extremamente mais provável, com Bolsonaro Vs Haddad no segundo turno, não enseja bons ventos adiante, qualquer que seja o vencedor. A crença dos mercados – longe de ser estapafúrdia – parece ser a seguinte: o comandante da equipe econômica de Bolsonaro, o economista Paulo Guedes, defende pontos de vista muito mais alinhados ao liberalismo econômico do que a campanha adversária. O PT, por sua vez, promete a redenção via truques de prestidigitação, não reconhece a existência de um rombo previdenciário enorme, propõe (de novo!) uma saída via aumento do investimento público, subsídios, protecionismo, etc. Resumindo: trata-se de uma campanha percebida pelo mercado como representante do livre mercado e contra o Leviatã de tentáculos agigantados que não acredita na iniciativa privada.   ?   O quanto essa dicotomia é fidedigna de um retrato pós-eleições é difícil de saber. E vem daí a nossa interpretação de que o otimismo não se justifica. Bolsonaro votou contra todas as pautas econômicas modernizantes - inclusive ao lado do PT em muitas dessas vezes. E quando não chegou a haver votação, se manifestou contra. As reformas trabalhista e da Previdência são os exemplos mais recentes. Bolsonaro nunca sequer namorou teses liberais, e, como Dilma, tem como ícone a condução da economia levada a cabo nos governos militares dos anos 1970 (forte viés nacionalista, contra abertura econômica). Há poucos meses da eleição, é verdade, chamou para conselheiro econômico o senhor Paulo Guedes, economista de viés liberal que optou por não colocar as suas visões para debate em inúmeras ocasiões em que foi convidado para o confronto intelectual com economistas de outros candidatos. Recusou, aliás, ser entrevistado por nós, ao contrário dos economistas dos demais candidatos.  Sobre as propostas apresentadas em papel até aqui: as do PT são um arremedo de bobagens econômicas; as de Bolsonaro são vagas ou irrealistas. Por exemplo, o programa de Bolsonaro fala em privatizações, mas falha em responder como isso seria feito. Qual a ordem? Qual a viabilidade política? Mais: apesar da privatização ajudar a reduzir estoque da dívida, ela tem pouco impacto sobre os fluxos futuros. Ou seja, sobre os déficits primários. Em relação a esses, vai aumentar impostos, como já sugeriu Paulo Guedes, ou não vai, como diz Bolsonaro? Na hora de por a mão na massa, tudo fica bem mais difícil. Filosofar sobre economia na posição de intelectual é fácil. O capitão da equipe de Bolsonaro tem zero experiência no trato com Congresso ou com a máquina pública. ? Do lado petista, Haddad para fazer a coisa certa teria que implementar mais um estrondoso calote no seu eleitor (como fizeram Lula e Dilma), e rasgar todo o programa econômico da campanha. Estelionato eleitoral versão 3. Pode até ser, mas sai caro depois. Cada vez mais caro, num mundo em que – ainda bem – vai ficando mais difícil comprar apoio via os métodos, digamos, “tradicionais”. Para piorar, as feridas estarão abertíssimas, isso ganhe quem ganhar, tornando muito difícil aprovar qualquer medida mais polemica que exija um dialogo franco com a sociedade e com a oposição política. Em resumo, vai ser osso. Essa ponta de euforia aí, cremos, logo se desmanchará.   Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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