Uma plataforma que vai te ajudar a entender um pouco mais de economia.

Por Caio Megale *

A queda na bolsa de valores na China na semana entre 24 e 28 de agosto (cerca de 8%) provocou turbulências no mercado global. Bolsas caíram em todos os cantos do mundo. O dólar ficou mais caro entre quase todos os emergentes, sobretudo na América Latina. No Brasil, a moeda americana subiu para os 3,60 reais por dólar.

Mas por que a China é tão importante assim? Por que as suas escorregadas assustam todo o mundo?

A China é grande e cresce rápido. Em pouco tempo, pode ser a maior economia do mundo. Por importar e exportar muito, tornou-se a principal parceira comercial da maioria dos países do planeta. A forte expansão da economia mundial na década passada teve a China como principal motor.

Quem vendeu para a China se beneficiou, quem competiu sofreu.

A América Latina, importante produtora de matérias-primas (commodities), se deu muito bem com os avanços chineses. A demanda do país asiático nos últimos anos empurrou o volume exportado e os preços internacionais desses produtos. E como ficou o Brasil nessa história? Foi um dos países que mais colheu frutos. Entre 2003 e 2011, o preço médio das commodities nacionais exportadas (minério de ferro, soja, petróleo, etc.) foi, em média, multiplicado por três.

Essa alta de preços das matérias-primas puxou para cima a quantidade de dinheiro entrando no Brasil com suas exportações. Isso permitiu um crescimento acelerado do consumo e das importações dos brasileiros, sem deixar a balança comercial no vermelho. O aumento de renda abriu espaço também para mais programas de subsídios e transferência de renda, sem gerar rombo nas contas públicas, uma vez que a arrecadação de impostos cresceu.

Em outras palavras, a China nos deixou mais ricos.

Entre 2011 e 2012, o avião chinês teve de esfriar suas turbinas. Seu crescimento acelerado começou a gerar desequilíbrios. As províncias do país se endividaram e apareceram sinais de bolhas no mercado imobiliário. Já não há mais necessidade de construir tantos portos, aeroportos e estradas por lá como antes.

Pilotar o pouso suave de uma economia grande e complexa como a China não é fácil. Até o ano passado, o processo caminhava bem. Mas os solavancos aumentaram. Os números da indústria e do comércio começaram a decepcionar. E, hoje, a cada vez que a bolsa chinesa tropeça ou o governo de Pequim toma medidas de estímulo inesperadas (ou desesperadas?) dá um frio na barriga do mercado. E os preços das commodities passaram a cair mais e mais.

Para frente, o mais provável ainda uma desaceleração gradual da China. Só que está ficando claro que esse processo será mais rápido que se imaginava. As exportações para a China e os preços das matérias-primas que o Brasil exporta devem continuar baixos. Nessas condições, os impactos positivos da década passada sobre a América Latina vão se revertendo, pouco a pouco.

Enfim, como já foi dito, o crescimento acelerado da China nos fez ricos na última década. Mas, com a desaceleração, boa parte desse efeito está indo embora. Desta forma, teremos que nos acostumar com um ritmo de consumo chinês bem menor nos próximos anos.

* Economista do Itaú Unibanco

Por que tanto medo da China?

Por Caio Megale * A queda na bolsa de valores na China na semana entre 24 e 28 de agosto (cerca de 8%) provocou turbulências no mercado global. Bolsas caíram em todos os cantos do mundo. O dólar ficou mais caro entre quase todos os emergentes, sobretudo na América Latina. No Brasil, a moeda americana subiu para os 3,60 reais por dólar. Mas por que a China é tão importante assim? Por que as suas escorregadas assustam todo o mundo? A China é grande e cresce rápido. Em pouco tempo, pode ser a maior economia do mundo. Por importar e exportar muito, tornou-se a principal parceira comercial da maioria dos países do planeta. A forte expansão da economia mundial na década passada teve a China como principal motor. Quem vendeu para a China se beneficiou, quem competiu sofreu. A América Latina, importante produtora de matérias-primas (commodities), se deu muito bem com os avanços chineses. A demanda do país asiático nos últimos anos empurrou o volume exportado e os preços internacionais desses produtos. E como ficou o Brasil nessa história? Foi um dos países que mais colheu frutos. Entre 2003 e 2011, o preço médio das commodities nacionais exportadas (minério de ferro, soja, petróleo, etc.) foi, em média, multiplicado por três. Essa alta de preços das matérias-primas puxou para cima a quantidade de dinheiro entrando no Brasil com suas exportações. Isso permitiu um crescimento acelerado do consumo e das importações dos brasileiros, sem deixar a balança comercial no vermelho. O aumento de renda abriu espaço também para mais programas de subsídios e transferência de renda, sem gerar rombo nas contas públicas, uma vez que a arrecadação de impostos cresceu. Em outras palavras, a China nos deixou mais ricos. Entre 2011 e 2012, o avião chinês teve de esfriar suas turbinas. Seu crescimento acelerado começou a gerar desequilíbrios. As províncias do país se endividaram e apareceram sinais de bolhas no mercado imobiliário. Já não há mais necessidade de construir tantos portos, aeroportos e estradas por lá como antes. Pilotar o pouso suave de uma economia grande e complexa como a China não é fácil. Até o ano passado, o processo caminhava bem. Mas os solavancos aumentaram. Os números da indústria e do comércio começaram a decepcionar. E, hoje, a cada vez que a bolsa chinesa tropeça ou o governo de Pequim toma medidas de estímulo inesperadas (ou desesperadas?) dá um frio na barriga do mercado. E os preços das commodities passaram a cair mais e mais. Para frente, o mais provável ainda uma desaceleração gradual da China. Só que está ficando claro que esse processo será mais rápido que se imaginava. As exportações para a China e os preços das matérias-primas que o Brasil exporta devem continuar baixos. Nessas condições, os impactos positivos da década passada sobre a América Latina vão se revertendo, pouco a pouco. Enfim, como já foi dito, o crescimento acelerado da China nos fez ricos na última década. Mas, com a desaceleração, boa parte desse efeito está indo embora. Desta forma, teremos que nos acostumar com um ritmo de consumo chinês bem menor nos próximos anos. * Economista do Itaú Unibanco
Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?clique aqui e assine a nossa Newsletter.

Siga a gente no Facebook e Twitter!
Inscreva-se no nosso canal no YouTube!
Curta as nossas fotos no Instagram!

O que você achou desse texto?

*Não é necessário cadastro.

Avaliação de quem leu:

Avalie esse texto Não é necessário cadastro

A plataforma Por Quê?Economês em bom português nasceu em 2015, com o objetivo de explicar conceitos básicos de economia e tornar o noticiário econômico acessível ao público não especializado. Acreditamos que o raciocínio econômico é essencial para a compreensão da realidade que nos cerca.

Iniciativa

Bei editora
Usamos cookies por vários motivos, como manter o site do PQ? confiável ​​e seguro, personalizar conteúdo e anúncios,
fornecer recursos de mídia social e analisar como o site é usado. Para maiores informações veja nossa Política de Privacidade.