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As denúncias sobre o governo Temer, divulgadas ontem por Lauro Jardim do jornal O Globo, são gravíssimas. E nossa economia, que anda de lado há um tempo e ensaiava uma recuperação, vai sofrer.

A principal questão é que o governo entrará em estado de paralisia, sem nenhum apoio. As reformas em tramitação no Congresso ficarão para outro dia. Em particular, a reforma da Previdência é crucial para manter o país solvente no longo prazo. A possibilidade (agora bem elevada) de ela não sair do papel torna a situação fiscal do país bem complicada.

Já dá para ter uma sensação disso no mercado financeiro. Há um produto financeiro chamado Credit Default Swap (CDS). Ele funciona como uma apólice de seguro para a pessoa que investe em determinado papel – por exemplo, títulos da dívida pública brasileira. Quem compra o CDS tem que pagar um valor todo mês, mas se o papel em questão dá um calote, quem emitiu o CDS (a “seguradora”) paga um montante para o investidor.

Funciona da mesma forma que seguro de carro. Você paga um valor todo mês,  mas, se seu carro é roubado, a seguradora lhe paga uma bolada.

O que acontece quando uma onda de violência aumenta as chances de roubo de carro? O preço do seguro aumenta.

Da mesma forma, o preço do CDS aumenta quando as chances percebidas de um calote se elevam. E é isso o que está acontecendo no caso da dívida pública brasileira desde ontem. O preço do CDS, que vinha caindo vertiginosamente desde o impeachment de Dilma Rousseff, entrou em forte alta. Reflexo de que os investidores passaram a confiar menos na capacidade do governo brasileiro de honrar seus compromissos.

Com a maior chance de insolvência, credores também passarão a demandar juros mais elevados para financiar nossa dívida. Dá para sentir isso nos dados também. Até quarta-feira, 19, as taxas de juros de longo prazo da dívida brasileira estavam em queda, refletindo a expectativa de que o Banco Central baixaria a taxa Selic ao longo do tempo. Agora o jogo virou.

Tanto por conta desse aumento no risco, como pela elevada incerteza do que vai acontecer com o governo Temer, os investidores devem correr para opções mais seguras, preferencialmente em moeda estrangeira. Isso implica que, ao longo do dia, a bolsa deverá cair e o dólar subir significativamente.

Qual o efeito esperado para o nosso dia a dia?

Mais preocupante, entretanto, é o efeito de curto prazo sobre a economia real. Estávamos ensaiando uma recuperação, finalmente com dados de criação de empregos formais depois de muito tempo. O IBC-Br (índice de atividade econômica do Banco Central) finalmente fechou no azul. A confiança na economia estava voltando. Com toda essa confusão, tal ímpeto pode ir por água abaixo.

E, nesse cenário mais desfavorável, o Banco Central terá dificuldade em baixar juros de maneira mais agressiva. Tudo isso conspira contra o crescimento e a geração de empregos no curto prazo.

Neste momento, é importante que tenhamos um desfecho bem rápido para o ocorrido. É preciso diminuir incertezas e dar um rumo para o país, de preferência mantendo a atual equipe econômica e a agenda de reformas. Se ficar claro que a situação de Temer é insustentável, que ele saia o quanto antes.

Finalmente, é crucial que tudo isso seja devidamente investigado e os eventuais malfeitores punidos, mesmo que a economia sofra no curto prazo. Temos que extirpar de vez as relações escusas entre empresários e políticos, que marcam nossa sociedade há séculos. Só assim teremos mais transparência nas relações entre setor público e privado, favorecendo o aumento da produtividade no longo prazo e fazendo com que o estado funcione em prol da sociedade, e não de meia dúzia de compadres.

Quais as consequências das denúncias contra Temer?

As denúncias sobre o governo Temer, divulgadas ontem por Lauro Jardim do jornal O Globo, são gravíssimas. E nossa economia, que anda de lado há um tempo e ensaiava uma recuperação, vai sofrer. A principal questão é que o governo entrará em estado de paralisia, sem nenhum apoio. As reformas em tramitação no Congresso ficarão para outro dia. Em particular, a reforma da Previdência é crucial para manter o país solvente no longo prazo. A possibilidade (agora bem elevada) de ela não sair do papel torna a situação fiscal do país bem complicada. Já dá para ter uma sensação disso no mercado financeiro. Há um produto financeiro chamado Credit Default Swap (CDS). Ele funciona como uma apólice de seguro para a pessoa que investe em determinado papel – por exemplo, títulos da dívida pública brasileira. Quem compra o CDS tem que pagar um valor todo mês, mas se o papel em questão dá um calote, quem emitiu o CDS (a “seguradora”) paga um montante para o investidor. Funciona da mesma forma que seguro de carro. Você paga um valor todo mês,  mas, se seu carro é roubado, a seguradora lhe paga uma bolada. O que acontece quando uma onda de violência aumenta as chances de roubo de carro? O preço do seguro aumenta. Da mesma forma, o preço do CDS aumenta quando as chances percebidas de um calote se elevam. E é isso o que está acontecendo no caso da dívida pública brasileira desde ontem. O preço do CDS, que vinha caindo vertiginosamente desde o impeachment de Dilma Rousseff, entrou em forte alta. Reflexo de que os investidores passaram a confiar menos na capacidade do governo brasileiro de honrar seus compromissos. Com a maior chance de insolvência, credores também passarão a demandar juros mais elevados para financiar nossa dívida. Dá para sentir isso nos dados também. Até quarta-feira, 19, as taxas de juros de longo prazo da dívida brasileira estavam em queda, refletindo a expectativa de que o Banco Central baixaria a taxa Selic ao longo do tempo. Agora o jogo virou. Tanto por conta desse aumento no risco, como pela elevada incerteza do que vai acontecer com o governo Temer, os investidores devem correr para opções mais seguras, preferencialmente em moeda estrangeira. Isso implica que, ao longo do dia, a bolsa deverá cair e o dólar subir significativamente. Qual o efeito esperado para o nosso dia a dia? Mais preocupante, entretanto, é o efeito de curto prazo sobre a economia real. Estávamos ensaiando uma recuperação, finalmente com dados de criação de empregos formais depois de muito tempo. O IBC-Br (índice de atividade econômica do Banco Central) finalmente fechou no azul. A confiança na economia estava voltando. Com toda essa confusão, tal ímpeto pode ir por água abaixo. E, nesse cenário mais desfavorável, o Banco Central terá dificuldade em baixar juros de maneira mais agressiva. Tudo isso conspira contra o crescimento e a geração de empregos no curto prazo. Neste momento, é importante que tenhamos um desfecho bem rápido para o ocorrido. É preciso diminuir incertezas e dar um rumo para o país, de preferência mantendo a atual equipe econômica e a agenda de reformas. Se ficar claro que a situação de Temer é insustentável, que ele saia o quanto antes. Finalmente, é crucial que tudo isso seja devidamente investigado e os eventuais malfeitores punidos, mesmo que a economia sofra no curto prazo. Temos que extirpar de vez as relações escusas entre empresários e políticos, que marcam nossa sociedade há séculos. Só assim teremos mais transparência nas relações entre setor público e privado, favorecendo o aumento da produtividade no longo prazo e fazendo com que o estado funcione em prol da sociedade, e não de meia dúzia de compadres.
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