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Maria Lucia Fattorelli, ex-auditora da Receita Federal, há algum tempo, fez afirmação forte à revista Carta Capital: em resumo, acusa que a dívida pública do Brasil tem sido feita não para pagar as contas do governo, mas para transferir grana ao sistema financeiro.

De acordo com ela, a dívida pública é um "mega esquema de corrupção institucionalizado". Maria lidera, contra essa sua suspeita, movimento favorável à “auditoria da dívida púbica”. E nós perguntamos: como assim, Maria?

O governo só emite dívida porque gasta mais do que arrecada. O problema é simples assim. Causa estranheza a ideia de que bancos e investidores, para poder comprar mais títulos públicos, pressionem o governo para gastar mais.

É justamente o contrário: investidores e bancos pedem ao governo que faça logo o ajuste das suas contas (ajuste fiscal) para, enfim, repagar o estoque de sua dívida – ou seja, remunerar credores que fazem parte do sistema financeiro.



Aliás, é sempre bom esclarecer: o juro não é alto por culpa de bancos e investidores. O juro é alto porque o Brasil, que comete erro atrás de erro na condução da política econômica, virou devedor de qualidade duvidosa. E para esse tipo de devedor existem dois caminhos: ou (1) não existe credito ou (2) ele é caro demais mesmo.

É difícil entender ao certo o que Maria e outros que dividem essa visão querem dizer. Parece ser o seguinte: juros muito altos transferem dinheiro do trabalhador, repassado ao governo via impostos, para os bancos.

Ok, o juro é alto mesmo. E a solução para acabar com esse efeito é o governo cortar de uma vez seus gastos. Não tem mistério.

O esquema vislumbrado por Maria parece mais grandioso ainda: em seu raciocínio, o governo emitiria dívida para pegar dinheiro emprestado e dividiria tudo com o sistema financeiro.

Mas se o governo estiver roubando dinheiro, o problema se resume a: roubo de dinheiro cometido pelo governo. E isso não teria nada a ver com emissão de dívida. Se fosse mesmo para roubar, seria mais fácil meter a mão diretamente no dinheiro dos impostos pagos pelas pessoas – e olha que dinheirama daria isso.



Maria também reclama da falta de transparência da dívida emitida.

Como assim, Maria? É só você entrar nas contas do governo, na internet, procurar no Google mesmo, e ver para onde estão indo os gastos. Está tudo bem detalhado lá...

Mas não, Maria. Não espere encontrar escrito lá dívida feita para pagar construção de escola, dívida para pagar a reforma no Palácio, dívida feita para fazer uma estrada não sei onde.... O que existem lá demonstrados são gastos e impostos. E quando os gastos superam a arrecadação de impostos o governo faz dívida para pagar conta. Mais uma vez: simples assim. E está lá o tamanho dessa dívida, é só procurar.

Ou a Maria está insinuando que o Tesouro emite um título, pega o dinheiro e sai correndo? Bom, se for isso, aí é uma acusação e tanto.

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"Auditoria da dívida": por que insistem nisso?

Maria Lucia Fattorelli, ex-auditora da Receita Federal, há algum tempo, fez afirmação forte à revista Carta Capital: em resumo, acusa que a dívida pública do Brasil tem sido feita não para pagar as contas do governo, mas para transferir grana ao sistema financeiro. De acordo com ela, a dívida pública é um "mega esquema de corrupção institucionalizado". Maria lidera, contra essa sua suspeita, movimento favorável à “auditoria da dívida púbica”. E nós perguntamos: como assim, Maria? O governo só emite dívida porque gasta mais do que arrecada. O problema é simples assim. Causa estranheza a ideia de que bancos e investidores, para poder comprar mais títulos públicos, pressionem o governo para gastar mais. É justamente o contrário: investidores e bancos pedem ao governo que faça logo o ajuste das suas contas (ajuste fiscal) para, enfim, repagar o estoque de sua dívida – ou seja, remunerar credores que fazem parte do sistema financeiro. Aliás, é sempre bom esclarecer: o juro não é alto por culpa de bancos e investidores. O juro é alto porque o Brasil, que comete erro atrás de erro na condução da política econômica, virou devedor de qualidade duvidosa. E para esse tipo de devedor existem dois caminhos: ou (1) não existe credito ou (2) ele é caro demais mesmo. É difícil entender ao certo o que Maria e outros que dividem essa visão querem dizer. Parece ser o seguinte: juros muito altos transferem dinheiro do trabalhador, repassado ao governo via impostos, para os bancos. Ok, o juro é alto mesmo. E a solução para acabar com esse efeito é o governo cortar de uma vez seus gastos. Não tem mistério. O esquema vislumbrado por Maria parece mais grandioso ainda: em seu raciocínio, o governo emitiria dívida para pegar dinheiro emprestado e dividiria tudo com o sistema financeiro. Mas se o governo estiver roubando dinheiro, o problema se resume a: roubo de dinheiro cometido pelo governo. E isso não teria nada a ver com emissão de dívida. Se fosse mesmo para roubar, seria mais fácil meter a mão diretamente no dinheiro dos impostos pagos pelas pessoas – e olha que dinheirama daria isso. Maria também reclama da falta de transparência da dívida emitida. Como assim, Maria? É só você entrar nas contas do governo, na internet, procurar no Google mesmo, e ver para onde estão indo os gastos. Está tudo bem detalhado lá... Mas não, Maria. Não espere encontrar escrito lá dívida feita para pagar construção de escola, dívida para pagar a reforma no Palácio, dívida feita para fazer uma estrada não sei onde.... O que existem lá demonstrados são gastos e impostos. E quando os gastos superam a arrecadação de impostos o governo faz dívida para pagar conta. Mais uma vez: simples assim. E está lá o tamanho dessa dívida, é só procurar. Ou a Maria está insinuando que o Tesouro emite um título, pega o dinheiro e sai correndo? Bom, se for isso, aí é uma acusação e tanto. _ VEJA TAMBÉM
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