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Com a visita da presidente Dilma Rousseff aos EUA, vale voltar a falar de nossa abertura (ou não) ao comércio exterior. Em particular, sobre nosso relacionamento com o governo americano.

No encontro, Barack Obama chegou a meter o bedelho após uma pergunta direcionada à Dilma. De acordo com uma repórter presente, o Brasil se vê como “líder mundial”, enquanto Washington define o país como “líder regional”. Obama, por sua vez, tomou para si a pergunta e disse que, sim, os EUA têm o Brasil em alta conta, como “potência global”.

Obama and Dilma

Talvez essa seja mesmo a visão americana, não temos como saber. Mas, na prática, a relação entre Brasil e EUA é bem distinta da estabelecida entre os americanos e outras economias, nossas concorrentes. E o foco principal a ser discutido não pode ser desviado por esse episódio inusitado – objeto, nas redes sociais, do embate costumeiro e nada construtivo entre defensores e detratores do atual governo.

Por quê?

Porque o Brasil, ao contrário de outros países das Américas, como Canadá, México, Colômbia e Chile, não tem acordo de livre comércio com os EUA. E é esse o fato merecedor de nossa atenção, pelo bem da saúde econômica nacional.

À primeira vista, podemos argumentar: não perdemos muito com isso, nossas exportações praticamente não encontram barreiras ao mercado americano – por exemplo, os EUA são grandes compradores dos aviões da Embraer, uma grande empresa brasileira.

No entanto, esta explicação é capenga.

Um acordo de livre comércio não serve apenas para abrir o comércio dos outros às nossas exportações. Também serve para criar as condições para que nossa produção se integre às cadeias de criação de valor de nossos parceiros comerciais.

Exemplo: um acordo de livre comércio pode garantir legalmente às empresas americanas que, caso façam negócios no Brasil, não encontrem obstáculos para importar peças de manutenção, novos equipamentos ou matéria-prima.

Este é um problema sério. Afeta a nossa competitividade como destino de investimento. Se nenhum país tivesse acordo de livre comércio com os EUA, não teríamos de nos preocupar. As firmas americanas teriam tanto incentivo para abrir plantas exportadoras no Brasil quanto no México, Chile, Colômbia ou qualquer outra praça. Não é o caso.

Mas não é o caso.

Sem esse acordo de livre comércio entre nós e os americanos, e com outros países oferecendo todas as garantias que o Brasil se recusa a oferecer, ficamos cada vez mais escanteados nas cadeias globais de produção.

Eis outro argumento para explicar a razão de a nossa indústria andar tão mal das pernas.

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POR QUE O TRABALHADOR GANHA MAIS NOS EUA?

POR QUE MARIETA SEVERO TEM RAZÃO? 

 

Por que abrir o Brasil para os EUA?

Com a visita da presidente Dilma Rousseff aos EUA, vale voltar a falar de nossa abertura (ou não) ao comércio exterior. Em particular, sobre nosso relacionamento com o governo americano. No encontro, Barack Obama chegou a meter o bedelho após uma pergunta direcionada à Dilma. De acordo com uma repórter presente, o Brasil se vê como “líder mundial”, enquanto Washington define o país como “líder regional”. Obama, por sua vez, tomou para si a pergunta e disse que, sim, os EUA têm o Brasil em alta conta, como “potência global”. Obama and Dilma Talvez essa seja mesmo a visão americana, não temos como saber. Mas, na prática, a relação entre Brasil e EUA é bem distinta da estabelecida entre os americanos e outras economias, nossas concorrentes. E o foco principal a ser discutido não pode ser desviado por esse episódio inusitado – objeto, nas redes sociais, do embate costumeiro e nada construtivo entre defensores e detratores do atual governo. Por quê? Porque o Brasil, ao contrário de outros países das Américas, como Canadá, México, Colômbia e Chile, não tem acordo de livre comércio com os EUA. E é esse o fato merecedor de nossa atenção, pelo bem da saúde econômica nacional. À primeira vista, podemos argumentar: não perdemos muito com isso, nossas exportações praticamente não encontram barreiras ao mercado americano – por exemplo, os EUA são grandes compradores dos aviões da Embraer, uma grande empresa brasileira. No entanto, esta explicação é capenga. Um acordo de livre comércio não serve apenas para abrir o comércio dos outros às nossas exportações. Também serve para criar as condições para que nossa produção se integre às cadeias de criação de valor de nossos parceiros comerciais. Exemplo: um acordo de livre comércio pode garantir legalmente às empresas americanas que, caso façam negócios no Brasil, não encontrem obstáculos para importar peças de manutenção, novos equipamentos ou matéria-prima. Este é um problema sério. Afeta a nossa competitividade como destino de investimento. Se nenhum país tivesse acordo de livre comércio com os EUA, não teríamos de nos preocupar. As firmas americanas teriam tanto incentivo para abrir plantas exportadoras no Brasil quanto no México, Chile, Colômbia ou qualquer outra praça. Não é o caso. Mas não é o caso. Sem esse acordo de livre comércio entre nós e os americanos, e com outros países oferecendo todas as garantias que o Brasil se recusa a oferecer, ficamos cada vez mais escanteados nas cadeias globais de produção. Eis outro argumento para explicar a razão de a nossa indústria andar tão mal das pernas. BLOG DO PQ? LEIA MAIS TEXTOS DESTE AUTOR POR QUE O TRABALHADOR GANHA MAIS NOS EUA? POR QUE MARIETA SEVERO TEM RAZÃO?   
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