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No Brasil, como em outros países subdesenvolvidos e alguns nem tanto, existem dois tipos de pessoas. Aquelas que estão dentro do sistema e os que ficam do lado de fora.

Para os de fora, o Estado oferece o Bolsa Família e...  migalhas aqui e acolá.

Mas para aqueles que estão dentro do sistema, o Brasil é uma mãe generosa.

Um dos maiores contingentes dentro do sistema são os servidores públicos. O trabalho no setor público, sobretudo o federal, paga relativamente bem e representa um sinal de status.

Mas os salários mais altos que aqueles do setor privado são apenas uma dimensão das vantagens conferidas aos servidores públicos federais. A vasta maioria dos funcionários do Executivo federal – cerca de 500 mil, num total de 633 mil – recebeu ano passado gratificação ou bônus por produtividade.

Existe uma lógica para os bônus de produtividade: oferece-se um extra para quem trabalha acima das expectativas ou melhor que seus pares. Essa lógica é violada no serviço público federal brasileiro. Praticamente todos os servidores recebem o extra. Se todo mundo recebe, não é mais bônus de produtividade, mas aumento de salário disfarçado  — o que, se não é ilegal, certamente é imoral.

Para insultar ainda mais os que estão do lado de fora, até os servidores aposentados recebem bônus de produtividade. Pagar bônus de produtividade aos aposentados equivale a um funcionário de empresa privada receber participação nos lucros anos depois de ter se desligado dela.

A consequência da voracidade daqueles que estão dentro do sistema está nas ruas, escolas e hospitais, ou nos esgotos a céu aberto nas periferias das grandes cidades. Também está nos descontos em nosso holerite todo mês.

Bem-vindo ao lado de fora.

 

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Se todo mundo ganha bônus... Ainda é bônus?

95065049 - young businessman climbing stairs and red carpet No Brasil, como em outros países subdesenvolvidos e alguns nem tanto, existem dois tipos de pessoas. Aquelas que estão dentro do sistema e os que ficam do lado de fora. Para os de fora, o Estado oferece o Bolsa Família e...  migalhas aqui e acolá. Mas para aqueles que estão dentro do sistema, o Brasil é uma mãe generosa. Um dos maiores contingentes dentro do sistema são os servidores públicos. O trabalho no setor público, sobretudo o federal, paga relativamente bem e representa um sinal de status. Mas os salários mais altos que aqueles do setor privado são apenas uma dimensão das vantagens conferidas aos servidores públicos federais. A vasta maioria dos funcionários do Executivo federal – cerca de 500 mil, num total de 633 mil – recebeu ano passado gratificação ou bônus por produtividade. Existe uma lógica para os bônus de produtividade: oferece-se um extra para quem trabalha acima das expectativas ou melhor que seus pares. Essa lógica é violada no serviço público federal brasileiro. Praticamente todos os servidores recebem o extra. Se todo mundo recebe, não é mais bônus de produtividade, mas aumento de salário disfarçado  — o que, se não é ilegal, certamente é imoral. Para insultar ainda mais os que estão do lado de fora, até os servidores aposentados recebem bônus de produtividade. Pagar bônus de produtividade aos aposentados equivale a um funcionário de empresa privada receber participação nos lucros anos depois de ter se desligado dela. A consequência da voracidade daqueles que estão dentro do sistema está nas ruas, escolas e hospitais, ou nos esgotos a céu aberto nas periferias das grandes cidades. Também está nos descontos em nosso holerite todo mês. Bem-vindo ao lado de fora.   Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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