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Na coluna do último 24 de agosto falamos sobre a atividade de day trade no mercado de contratos futuros da B3. Contamos que de 19.646 pessoas que se aventuraram no day trade em contratos futuros entre 2013 e 2017, apenas 1.551 insistiram por mais de 300 dias. Ou seja, a grande maioria acabou desistindo em pouco tempo. E, dessas 1.551 pessoas que insistiram, apenas 47 não perderam dinheiro.

Acabou de sair publicado na Revista Brasileira de Finanças um novo artigo sobre day trade, mas agora focando no day trade em ações. Houve quem disse que se olhássemos para ações em vez de futuros, encontraríamos muitos day traders consistentemente ganhadores. Não foi o caso.

Partindo de todos os 98.378 indivíduos que começaram a fazer day trade no Brasil entre 2013 e 2016, encontramos o seguinte:
(i) 99,43% dos indivíduos não persistiram na atividade (apresentaram menos de 300 pregões com day trade);
(ii) considerando-se os 554 day traders que persistiram (operaram por mais de 300 pregões), a perfor-mance média foi negativa (prejuízo médio de 49 reais por dia);
(iii) apenas 127 indivíduos foram capazes de apresentar lucro bruto diário médio acima de 100 reais em mais de 300 pregões.

Mesmo fechando o foco do microscópio nesses 127 "ganhadores", a realidade não é muito animadora. O ganho é pequeno frente ao risco. Entre os 127 indivíduos, temos os seguintes lucros brutos diários médios: 103 reais, para o indivíduo com o menor lucro bruto diário médio entre os 127 (o desvio-padrão do lucro bruto diário desse indivíduo foi de 747 reais); 370 reais, para o indivíduo mediano (o desvio-padrão do lucro bruto diário desse indivíduo foi de 2.286 reais); 4.032 reais, para o indivíduo com o maior lucro bruto diário médio (o desvio-padrão do lucro bruto diário desse indivíduo foi de 33.888 reais).

A despeito dos números horrorosos, aparentemente a pandemia do day trade continua se alastrando e fazendo mais vítimas. Essa comparação foi feita recentemente pelo economista Burton Malkiel, professor de Princeton e autor de importantes livros sobre investimentos. Contra essa pandemia não precisa de máscara. Apenas de bom senso.

COLUNA PUBLICADA NA FOLHA DE SÃO PAULO

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A pandemia do day trade

Na coluna do último 24 de agosto falamos sobre a atividade de day trade no mercado de contratos futuros da B3. Contamos que de 19.646 pessoas que se aventuraram no day trade em contratos futuros entre 2013 e 2017, apenas 1.551 insistiram por mais de 300 dias. Ou seja, a grande maioria acabou desistindo em pouco tempo. E, dessas 1.551 pessoas que insistiram, apenas 47 não perderam dinheiro.

Acabou de sair publicado na Revista Brasileira de Finanças um novo artigo sobre day trade, mas agora focando no day trade em ações. Houve quem disse que se olhássemos para ações em vez de futuros, encontraríamos muitos day traders consistentemente ganhadores. Não foi o caso.

Partindo de todos os 98.378 indivíduos que começaram a fazer day trade no Brasil entre 2013 e 2016, encontramos o seguinte:
(i) 99,43% dos indivíduos não persistiram na atividade (apresentaram menos de 300 pregões com day trade);
(ii) considerando-se os 554 day traders que persistiram (operaram por mais de 300 pregões), a perfor-mance média foi negativa (prejuízo médio de 49 reais por dia);
(iii) apenas 127 indivíduos foram capazes de apresentar lucro bruto diário médio acima de 100 reais em mais de 300 pregões.

Mesmo fechando o foco do microscópio nesses 127 "ganhadores", a realidade não é muito animadora. O ganho é pequeno frente ao risco. Entre os 127 indivíduos, temos os seguintes lucros brutos diários médios: 103 reais, para o indivíduo com o menor lucro bruto diário médio entre os 127 (o desvio-padrão do lucro bruto diário desse indivíduo foi de 747 reais); 370 reais, para o indivíduo mediano (o desvio-padrão do lucro bruto diário desse indivíduo foi de 2.286 reais); 4.032 reais, para o indivíduo com o maior lucro bruto diário médio (o desvio-padrão do lucro bruto diário desse indivíduo foi de 33.888 reais).

A despeito dos números horrorosos, aparentemente a pandemia do day trade continua se alastrando e fazendo mais vítimas. Essa comparação foi feita recentemente pelo economista Burton Malkiel, professor de Princeton e autor de importantes livros sobre investimentos. Contra essa pandemia não precisa de máscara. Apenas de bom senso.

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