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Um dos vieses comportamentais mais bem documentados é a tendência de o investidor comprar ações de empresas locais, isto é, localizadas próximo de onde ele mora. Esse comportamento é ruim pois impede que o investidor diversifique corretamente seus investimentos. 

Existem duas hipóteses principais que explicam esse fenômeno, também conhecido como “home bias”. A primeira hipótese supõe que investidores locais preferem comprar empresas locais porque têm uma suposta vantagem informacional sobre investidores que moram longe. Essa hipótese parece ser refutada pelos dados, uma vez que eles não conseguem obter um retorno maior quando investem em empresas locais.

A segunda hipótese, a mais provável, conjectura que investidores compram empresas locais porque elas lhes são mais familiares. Afinal, o universo de empresas é grande, e o investidor de varejo não tem capacidade de analisar todas as empresas.

O home bias também está presente quando olhamos para os investimentos feitos em empresas de outros países. Os investidores costumam investir mais em empresas nacionais do que empresas de outros países. Nesse caso, no entanto, fatores institucionais que dificultam o investimento fora do país também explicam parte do viés em favor de empresas nacionais.

Felizmente para o investidor brasileiro atento aos problemas do home bias, agora ficou mais fácil investir em empresas internacionais. Desde setembro do ano passado é possível investir em um número grande de empresas estrangeiras na Bolsa brasileira por meio dos chamados BDRs (Brazilian Depositary Receipts).

Atualmente estão disponíveis na Bolsa BDRs de mais de 500 empresas que atuam nos mais diversos setores de, por enquanto, 18 países. Por se tratar de empresas que atuam em outros países e nos mais diversos setores – muitas inclusive em setores inexistentes no Brasil (semicondutores, por exemplo) –, as oscilações de suas ações trazem consigo choques – positivos e negativos – muito diferentes dos que nossas ações experimentam. E, quando combinamos esses ativos pouco correlacionados em uma mesma carteira, os ganhos de diversificação e, portanto, de redução do risco, costumam ser significativos. 

Também é possível investir em fundos que acompanham índices de outras bolsas, como os fundos que acompanham o índice SP500 que, por construção, já é bem diversificado. No entanto, o investidor precisa ficar atento para a liquidez dos BDRs. Nem todo BDR é negociado frequentemente. Além disso, o bid-ask spread (a diferença entre a melhor oferta de venda e de compra) ainda é alto mesmo para os BDRs mais negociados.

COLUNA PUBLICADA NA FOLHA DE SÃO PAULO

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Brasileiro tem à disposição mais de 500 empresas para investir no exterior

Um dos vieses comportamentais mais bem documentados é a tendência de o investidor comprar ações de empresas locais, isto é, localizadas próximo de onde ele mora. Esse comportamento é ruim pois impede que o investidor diversifique corretamente seus investimentos. 

Existem duas hipóteses principais que explicam esse fenômeno, também conhecido como “home bias”. A primeira hipótese supõe que investidores locais preferem comprar empresas locais porque têm uma suposta vantagem informacional sobre investidores que moram longe. Essa hipótese parece ser refutada pelos dados, uma vez que eles não conseguem obter um retorno maior quando investem em empresas locais.

A segunda hipótese, a mais provável, conjectura que investidores compram empresas locais porque elas lhes são mais familiares. Afinal, o universo de empresas é grande, e o investidor de varejo não tem capacidade de analisar todas as empresas.

O home bias também está presente quando olhamos para os investimentos feitos em empresas de outros países. Os investidores costumam investir mais em empresas nacionais do que empresas de outros países. Nesse caso, no entanto, fatores institucionais que dificultam o investimento fora do país também explicam parte do viés em favor de empresas nacionais.

Felizmente para o investidor brasileiro atento aos problemas do home bias, agora ficou mais fácil investir em empresas internacionais. Desde setembro do ano passado é possível investir em um número grande de empresas estrangeiras na Bolsa brasileira por meio dos chamados BDRs (Brazilian Depositary Receipts).

Atualmente estão disponíveis na Bolsa BDRs de mais de 500 empresas que atuam nos mais diversos setores de, por enquanto, 18 países. Por se tratar de empresas que atuam em outros países e nos mais diversos setores – muitas inclusive em setores inexistentes no Brasil (semicondutores, por exemplo) –, as oscilações de suas ações trazem consigo choques – positivos e negativos – muito diferentes dos que nossas ações experimentam. E, quando combinamos esses ativos pouco correlacionados em uma mesma carteira, os ganhos de diversificação e, portanto, de redução do risco, costumam ser significativos. 

Também é possível investir em fundos que acompanham índices de outras bolsas, como os fundos que acompanham o índice SP500 que, por construção, já é bem diversificado. No entanto, o investidor precisa ficar atento para a liquidez dos BDRs. Nem todo BDR é negociado frequentemente. Além disso, o bid-ask spread (a diferença entre a melhor oferta de venda e de compra) ainda é alto mesmo para os BDRs mais negociados.

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