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Em meados dos anos 1970, a renda média do argentino equivalia a cerca de 55% da renda média de um norte-americano. Los hermanos eram, disparado, filhos do país mais próspero da América Latina. Em 2016, esse número havia regredido para perto de 35%, usando a medida cambial deparidade do poder de compra. Ou seja, a história a ser contada não é a de convergência em relação à fronteira, mas de divergência. Nesse último trimestre de 2019, ainda que não tenhamos dados oficiaisessa razão entre PIBs per capita já deve estar abaixo de 30%. Sem vez da paridade do poder de compra usarmos o valor corrente do peso em relação ao do dólar, sai de baixo...

O último meio século de desenvolvimento econômico na Argentina pode ser visualizado no gráfico a seguir. Em 2016, o país encontrava-se em relação aos Estados Unidos, exatamente onde estava 30 anos antes, no meio dos anos 1980. 

Diversos subperíodos relevantes transparecem com óbvia clareza. O grande desastre ocorre no que vai de 1970 a 1990, quando o país se afasta ininterruptamente da fronteira mundial, num movimento claro de divergência. São, talvez não coincidentemente, os anos de política econômica heterodoxa, com fechamento da economia e maior intervenção do governo no domínio privado. 

A reviravolta ortodoxa ocorre nos anos 1990, com uma guinada clara na política econômica. Logo após o plano de estabilização no início dos anos 1990, a economia cresce bastante, mas depois esbarra nas inconsistências antigas (como a política fiscal mal desenhada) somadas agora a um regime de câmbio super-rígido, que torna mais difícil qualquer tipo de ajuste.

No final da década, após a crise da Ásia e a desvalorização do real, a economia argentina afunda novamente. Alguns anos após decretar moratória, o crescimento retorna auxiliado pelo boom das commodities, mas o movimento dura pouco porque as bases seguem inconsistentes como no passado -- um novo populismo econômico impulsionado por bons ventos externos. Quando a maré externa vira em 2012, o PIB relativo volta a embicar para baixo. 

No final de 2015, o governo Macri é eleito e propõe uma agenda econômica antipopulista, mas com ajuste gradual. O gradualismo excessivo, porém, vai gerando a semente de sua própria destruição: a impaciência e a fadiga em relação àagenda de reformas crescem e a confiança inicial dos mercados colapsa. O tempo político atropela Macri, a oposição se fortalece vence as prévias. As portas para as soluções fáceis da heterodoxia já estão novamente abertas. É uma história triste que se repete ciclicamente. lloramos por ti, Argentina.

 


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Caso Argentina

Em meados dos anos 1970, a renda média do argentino equivalia a cerca de 55% da renda média de um norte-americano. Los hermanos eram, disparado, filhos do país mais próspero da América Latina. Em 2016, esse número havia regredido para perto de 35%, usando a medida cambial deparidade do poder de compra. Ou seja, a história a ser contada não é a de convergência em relação à fronteira, mas de divergência. Nesse último trimestre de 2019, ainda que não tenhamos dados oficiaisessa razão entre PIBs per capita já deve estar abaixo de 30%. Sem vez da paridade do poder de compra usarmos o valor corrente do peso em relação ao do dólar, sai de baixo...

O último meio século de desenvolvimento econômico na Argentina pode ser visualizado no gráfico a seguir. Em 2016, o país encontrava-se em relação aos Estados Unidos, exatamente onde estava 30 anos antes, no meio dos anos 1980. 



Diversos subperíodos relevantes transparecem com óbvia clareza. O grande desastre ocorre no que vai de 1970 a 1990, quando o país se afasta ininterruptamente da fronteira mundial, num movimento claro de divergência. São, talvez não coincidentemente, os anos de política econômica heterodoxa, com fechamento da economia e maior intervenção do governo no domínio privado. 

A reviravolta ortodoxa ocorre nos anos 1990, com uma guinada clara na política econômica. Logo após o plano de estabilização no início dos anos 1990, a economia cresce bastante, mas depois esbarra nas inconsistências antigas (como a política fiscal mal desenhada) somadas agora a um regime de câmbio super-rígido, que torna mais difícil qualquer tipo de ajuste.

No final da década, após a crise da Ásia e a desvalorização do real, a economia argentina afunda novamente. Alguns anos após decretar moratória, o crescimento retorna auxiliado pelo boom das commodities, mas o movimento dura pouco porque as bases seguem inconsistentes como no passado -- um novo populismo econômico impulsionado por bons ventos externos. Quando a maré externa vira em 2012, o PIB relativo volta a embicar para baixo. 

No final de 2015, o governo Macri é eleito e propõe uma agenda econômica antipopulista, mas com ajuste gradual. O gradualismo excessivo, porém, vai gerando a semente de sua própria destruição: a impaciência e a fadiga em relação àagenda de reformas crescem e a confiança inicial dos mercados colapsa. O tempo político atropela Macri, a oposição se fortalece vence as prévias. As portas para as soluções fáceis da heterodoxia já estão novamente abertas. É uma história triste que se repete ciclicamente. lloramos por ti, Argentina.

 


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