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A polêmica sobre o preço dos combustíveis voltou depois da intervenção de Bolsonaro na decisão da Petrobrás de subir o preço do diesel. Olharemos aqui como nosso preço se compara com o de outros países.



No gráfico, temos dados do site Global Petrol Prices, de 8/4/2019, para 163 países e territórios. O Brasil tem o 59oº diesel mais barato, ou seja, está longe de registrar os "preços mais caros do mundo". Na verdade, o valor está abaixo da média simples e bem próximo da média ponderada (pesos dados pela população).

Pode-se argumentar, no entanto, que as diferenças são afetadas pela renda per capita, mas não está claro em qual direção. O combustível é um produto mais ou menos homogêneo (é um commodity), isto é, o preço não deve variar muito entre países. No entanto, a distribuição e a comercialização dependem de insumos locais (trabalho, infra).

O trabalho pode ser mais barato em países mais pobres, porém eles têm pior infraestrutura, o que encarece a distribuição. Por outro lado, países mais ricos tendem a colocar mais impostos sobre o combustível e isso afeta o preço na bomba. Avaliamos essa relação nos dados usando um diagrama de dispersão:



No gráfico, temos o preço do diesel versus a renda per capita para uma amostra de 152 para os quais temos os dados, relacionando o log de uma variável ao log da outra, em linha com a literatura especializada. A reta de tendência nos indica como as variáveis se correlacionam.

A linha de tendência é ascendente, indicando correlação positiva, ou seja, países mais ricos tendem a apresentar diesel mais caro, em média. Mas a relação estimada é fraca, embora não seja possível rejeitar que não há correlação entre as variáveis.

Podemos voltar ao gráfico e procurar o Brasil no ponto vermelho:



 

No diagrama de dispersão, o preço médio varia com a renda. O Brasil está ligeiramente abaixo da linha, o que indica que o preço está abaixo da média, mesmo depois de considerar as diferenças de renda per capita.

Façamos então um exercício final: excluir grandes exportadores de combustível (nos quais o item responde por pelo menos 50% das exportações). Nesses países, os preços tendem a ser bem mais baixos. Restam, assim, 139 países. O ajuste da reta de tendência aos dados melhora consideravelmente.

Ao ajustar a reta, temos que a correlação positiva é mais forte. Ao buscar o Brasil na reta, lá está ele, de novo, abaixo, ou seja, o preço é menor que a média mesmo depois de levar em conta as diferenças de renda. Nos dois casos, o Brasil está próximo da reta, não sendo possível rejeitar que o preço é diferente da média.

Eis a conclusão: o Diesel no Brasil NÃO é caro em comparação a outros países.

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Combustível é caro no Brasil?

A polêmica sobre o preço dos combustíveis voltou depois da intervenção de Bolsonaro na decisão da Petrobrás de subir o preço do diesel. Olharemos aqui como nosso preço se compara com o de outros países. No gráfico, temos dados do site Global Petrol Prices, de 8/4/2019, para 163 países e territórios. O Brasil tem o 59oº diesel mais barato, ou seja, está longe de registrar os "preços mais caros do mundo". Na verdade, o valor está abaixo da média simples e bem próximo da média ponderada (pesos dados pela população). Pode-se argumentar, no entanto, que as diferenças são afetadas pela renda per capita, mas não está claro em qual direção. O combustível é um produto mais ou menos homogêneo (é um commodity), isto é, o preço não deve variar muito entre países. No entanto, a distribuição e a comercialização dependem de insumos locais (trabalho, infra). O trabalho pode ser mais barato em países mais pobres, porém eles têm pior infraestrutura, o que encarece a distribuição. Por outro lado, países mais ricos tendem a colocar mais impostos sobre o combustível e isso afeta o preço na bomba. Avaliamos essa relação nos dados usando um diagrama de dispersão: No gráfico, temos o preço do diesel versus a renda per capita para uma amostra de 152 para os quais temos os dados, relacionando o log de uma variável ao log da outra, em linha com a literatura especializada. A reta de tendência nos indica como as variáveis se correlacionam. A linha de tendência é ascendente, indicando correlação positiva, ou seja, países mais ricos tendem a apresentar diesel mais caro, em média. Mas a relação estimada é fraca, embora não seja possível rejeitar que não há correlação entre as variáveis. Podemos voltar ao gráfico e procurar o Brasil no ponto vermelho:   No diagrama de dispersão, o preço médio varia com a renda. O Brasil está ligeiramente abaixo da linha, o que indica que o preço está abaixo da média, mesmo depois de considerar as diferenças de renda per capita. Façamos então um exercício final: excluir grandes exportadores de combustível (nos quais o item responde por pelo menos 50% das exportações). Nesses países, os preços tendem a ser bem mais baixos. Restam, assim, 139 países. O ajuste da reta de tendência aos dados melhora consideravelmente. Ao ajustar a reta, temos que a correlação positiva é mais forte. Ao buscar o Brasil na reta, lá está ele, de novo, abaixo, ou seja, o preço é menor que a média mesmo depois de levar em conta as diferenças de renda. Nos dois casos, o Brasil está próximo da reta, não sendo possível rejeitar que o preço é diferente da média. Eis a conclusão: o Diesel no Brasil NÃO é caro em comparação a outros países. Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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