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							Ficha técnica

Nome do trabalho
Tracing Mathematical Economics: Essays in the History of (Departments of) Economics (original)

Rastreando a economia matemática: ensaios sobre a história de (departamentos de) economia (tradução)

Autor
Matheus Assaf, Universidade de São Paulo

Link para Lattes
http://lattes.cnpq.br/9917089867587835

Orientador
Pedro Garcia Duarte, Insper

Local de publicação do trabalho
Tese (Doutorado): Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo, São Paulo (FEA-USP)

Link para o original
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12138/tde-04122023-154811/pt-br.php

Mini-bio

Matheus Assaf é graduado em ciências econômicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É mestre e doutor em Teoria Econômica pelo Departamento de Economia da FEA-USP, onde lecionará a partir de 2024. É natural da cidade de Cachoeiras de Macacu (RJ).

A que pergunta essa pesquisa responde?

Buscando respostas para essas perguntas amplas, a tese estuda a transformação em três espaços específicos: os departamentos de economia em Stanford University e University of California, Berkeley, nos Estados Unidos e o programa de pós-graduação em economia matemática no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), no Rio de Janeiro.

Qual a relevância deste tema? Por que é importante que as pessoas saibam mais sobre ele?
A base da ciência econômica atual está intimamente ligada ao período de transformação da economia em uma “ciência matemática”, em especial no pós Segunda Guerra Mundial. Estudar como ocorreu essa transformação nos ensina sobre a dinâmica de transformações científicas, chamando especial atenção para os elementos sociais necessários para sustentar transformações do tipo.

Quais as conclusões do estudo?
O foco na história dos departamentos para compreender a evolução da economia matemática destaca elementos da transformação que estão menos explícitos em uma história concentrada em desenvolvimentos teóricos.

Alguns elementos que a tese destaca:
(i) A relevância de espaços interdisciplinares para o suporte da economia matemática. Espaços interdisciplinares foram fundamentais para o desenvolvimento da economia matemática em todos os espaços estudados na tese. Esse elemento se destaca em especial para o departamento de Stanford: enquanto o departamento de economia era pequeno e secundário em uma universidade dedicada especialmente à pesquisa em engenharia e tecnologia, espaços interdisciplinares (como o Food Research Institute e o Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences) em Stanford permitiram o surgimento de uma influente comunidade de economistas matemáticos na universidade.

(ii) O desenvolvimento da economia matemática no pós-guerra é menos hegemônica e mais gradual. O surgimento de uma variedade de resultados importantes na década de 1950 em áreas como teoria dos jogos, programação linear e equilíbrio geral sugere uma “revolução científica” da economia matemática no pós-guerra. O estudo dos departamentos e dos cursos de pós-graduação feito na tese revela uma transformação mais gradual e menos hegemônica. Esse tema está presente em todos os estudos feitos pela tese, mas destacaria o trabalho sobre o departamento de economia de Berkeley, onde essa transição de uma ciência econômica “verbal” para “matemática” foi gradualmente negociada, através de resistências e acomodações, e com papel fundamental de atores distintos, incluindo pesquisadores, coordenadores de curso, chefes de departamento e a administração universitária. Embora na década de 1960 uma forte comunidade de economia matemática estivesse instalada em Berkeley, esta ainda não exercia papel hegemônico no departamento, mesmo com a presença de reconhecidos pesquisadores como Gérard Debreu.

(iii) A complexidade das redes de produção e disseminação científica. Ampliar o estudo da história das ideias para além das pesquisas publicadas demonstra que os atores relevantes para a formação de redes científicas são múltiplos e a história da ciência dificilmente se sustenta somente seguindo as ações dos cientistas. Em todos os capítulos, a tese demonstra a importância de agentes e instituições financiadores de pesquisa, de arranjos institucionais diversos, de agendas políticas e interesses pessoais, além do próprio contexto social no qual a comunidade científica está inserida.

O que há de novo na sua pesquisa?
O capítulo sobre o IMPA utiliza uma grande quantidade de material inédito de arquivo, que pude acessar com apoio de professores e equipe do instituto. O material inclui lista de alunos, cursos ministrados, relatórios de atividades enviados para o CNPq, cartas entre diretores e professores, que ajudaram a narrar a formação da comunidade de economistas matemáticos no instituto.

O crescimento da economia matemática no século XX é um tema que vem sendo explorado por muitos historiadores da economia. A maioria dos trabalhos tem como foco as transformações da produção acadêmica e a aplicação crescente da matemática na teoria. Minha tese segue um caminho menos explorado, buscando compreender transformações na formação de economistas e na dinâmica social da comunidade acadêmica ao se aprofundar na história de espaços como o departamento de economia.

Qual foi a metodologia empregada e os dados utilizados?
A tese utiliza metodologia da literatura de science studies, em especial o arcabouço da actor-network theory (ANT) – ver Latour (2005) para uma introdução ao método. As implicações da utilização deste método são variadas, mas destacaria a influência desta para a decisão de focar estudos em um espaço científico específico para compreender o macroprocesso de transformação da ciência econômica.

Os “dados” da tese são os trabalhos publicados dos autores que compõem a narrativa em cada capítulo e os diversos materiais não publicados disponíveis em arquivos. Este trabalho utilizou material do arquivo de economistas como Paul Samuelson e Robert Solow no Economists’ Papers Archive da Rubenstein Library, na Duke University. A tese também usou registros e anuários das Universidades de Stanford e California, material de arquivo do IMPA, além de entrevistas conduzidas pelo autor ou publicadas em livros e periódicos.

Conte um pouco: Quais foram os principais desafios encontrados? Como você os superou e qual a sensação em relação a esses desafios e à conclusão da sua pesquisa?
Em janeiro de 2020, visitei o Center for the History of Political Economy na Duke University, onde há uma grande coleção de arquivos de economistas guardados na Rubenstein Library. O plano inicial era permanecer nos Estados Unidos até outubro daquele ano e visitar outros arquivos importantes que ficam no país. Entretanto a emergência da covid-19 fechou as bibliotecas e arquivos durante o ano, o que colocou em risco o bom andamento da pesquisa.

Para superar essa limitação, busquei o apoio da comunidade acadêmica, que esteve unida para superar os desafios impostos pela pandemia. Entrei em contato com bibliotecários e arquivistas das instituições que pretendia visitar e negociei algum apoio remoto para acesso a determinados documentos em arquivo. Várias instituições também digitalizaram e permitiram o acesso livre a documentos de arquivo durante a emergência. O esforço coletivo da comunidade para enfrentar o desafio imposto pela pandemia foi fundamental para a conclusão adequada da pesquisa.

Para quais públicos os resultados deste estudo podem ser mais relevantes?
A pesquisa serve especialmente aos próprios economistas. Estudar a história da disciplina permite ao pesquisador encontrar o espaço em que seu trabalho está inserido historicamente e compreender a complexidade do processo social de construção científica. Compreender a própria história faz pesquisadores mais conscientes sobre limites e potências da própria ciência.

Quais as palavras-chave do estudo?
Stanford, Berkeley, IMPA, História da economia matemática.

Coloque, por favor, as principais referências do trabalho.

Arquivos

Economists’ Papers Archive, Rubenstein Library, Duke University.
Paul A. Samuelson Papers, Robert M. Solow Papers
Department of Special Collections: Stanford University
Stanford University Bulletin, Courses and Degrees (1906-1995)
Faculty Senate, Records.
Register of the University of California, 1868-1952
Arquivos do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, Rio de Janeiro.

Referências
Fourcade, Marion. (2009). Economists and Societies: Discipline and Profession in the United States, Britain, and France, 1890s-1990s. Princeton University Press.
Latour, Bruno. (2005). Reassembling the Social: An introduction to actor-network theory. Oxford University Press.
Morgan, Mary S. e Malcolm Rutherford (eds.) From Interwar Pluralism to Postwar Neoclassicism. History of Political Economy 30 (S1).
Weintraub, E. Roy (ed). (2014) MIT and the Transformation of American Economics. History of Political Economy 46 (S1).



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Como a economia transformou-se em uma “ciência matemática” durante o século XX? | Percurso Acadêmico

Ficha técnica

Nome do trabalho
Tracing Mathematical Economics: Essays in the History of (Departments of) Economics (original)

Rastreando a economia matemática: ensaios sobre a história de (departamentos de) economia (tradução)

Autor
Matheus Assaf, Universidade de São Paulo

Link para Lattes
http://lattes.cnpq.br/9917089867587835

Orientador
Pedro Garcia Duarte, Insper

Local de publicação do trabalho
Tese (Doutorado): Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo, São Paulo (FEA-USP)

Link para o original
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12138/tde-04122023-154811/pt-br.php

Mini-bio

Matheus Assaf é graduado em ciências econômicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É mestre e doutor em Teoria Econômica pelo Departamento de Economia da FEA-USP, onde lecionará a partir de 2024. É natural da cidade de Cachoeiras de Macacu (RJ).

A que pergunta essa pesquisa responde?
Como a economia transformou-se em uma “ciência matemática” durante o século XX? Como mudanças nos espaços acadêmicos condicionaram essa transformação? Quais foram as redes mobilizadas para sustentar o surgimento e disseminação da economia matemática?

Buscando respostas para essas perguntas amplas, a tese estuda a transformação em três espaços específicos: os departamentos de economia em Stanford University e University of California, Berkeley, nos Estados Unidos e o programa de pós-graduação em economia matemática no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), no Rio de Janeiro.

Qual a relevância deste tema? Por que é importante que as pessoas saibam mais sobre ele?
A base da ciência econômica atual está intimamente ligada ao período de transformação da economia em uma “ciência matemática”, em especial no pós Segunda Guerra Mundial. Estudar como ocorreu essa transformação nos ensina sobre a dinâmica de transformações científicas, chamando especial atenção para os elementos sociais necessários para sustentar transformações do tipo.

Quais as conclusões do estudo?
O foco na história dos departamentos para compreender a evolução da economia matemática destaca elementos da transformação que estão menos explícitos em uma história concentrada em desenvolvimentos teóricos.

Alguns elementos que a tese destaca:
(i) A relevância de espaços interdisciplinares para o suporte da economia matemática. Espaços interdisciplinares foram fundamentais para o desenvolvimento da economia matemática em todos os espaços estudados na tese. Esse elemento se destaca em especial para o departamento de Stanford: enquanto o departamento de economia era pequeno e secundário em uma universidade dedicada especialmente à pesquisa em engenharia e tecnologia, espaços interdisciplinares (como o Food Research Institute e o Center for Advanced Study in the Behavioral Sciences) em Stanford permitiram o surgimento de uma influente comunidade de economistas matemáticos na universidade.

(ii) O desenvolvimento da economia matemática no pós-guerra é menos hegemônica e mais gradual. O surgimento de uma variedade de resultados importantes na década de 1950 em áreas como teoria dos jogos, programação linear e equilíbrio geral sugere uma “revolução científica” da economia matemática no pós-guerra. O estudo dos departamentos e dos cursos de pós-graduação feito na tese revela uma transformação mais gradual e menos hegemônica. Esse tema está presente em todos os estudos feitos pela tese, mas destacaria o trabalho sobre o departamento de economia de Berkeley, onde essa transição de uma ciência econômica “verbal” para “matemática” foi gradualmente negociada, através de resistências e acomodações, e com papel fundamental de atores distintos, incluindo pesquisadores, coordenadores de curso, chefes de departamento e a administração universitária. Embora na década de 1960 uma forte comunidade de economia matemática estivesse instalada em Berkeley, esta ainda não exercia papel hegemônico no departamento, mesmo com a presença de reconhecidos pesquisadores como Gérard Debreu.

(iii) A complexidade das redes de produção e disseminação científica. Ampliar o estudo da história das ideias para além das pesquisas publicadas demonstra que os atores relevantes para a formação de redes científicas são múltiplos e a história da ciência dificilmente se sustenta somente seguindo as ações dos cientistas. Em todos os capítulos, a tese demonstra a importância de agentes e instituições financiadores de pesquisa, de arranjos institucionais diversos, de agendas políticas e interesses pessoais, além do próprio contexto social no qual a comunidade científica está inserida.

O que há de novo na sua pesquisa?
O capítulo sobre o IMPA utiliza uma grande quantidade de material inédito de arquivo, que pude acessar com apoio de professores e equipe do instituto. O material inclui lista de alunos, cursos ministrados, relatórios de atividades enviados para o CNPq, cartas entre diretores e professores, que ajudaram a narrar a formação da comunidade de economistas matemáticos no instituto.

O crescimento da economia matemática no século XX é um tema que vem sendo explorado por muitos historiadores da economia. A maioria dos trabalhos tem como foco as transformações da produção acadêmica e a aplicação crescente da matemática na teoria. Minha tese segue um caminho menos explorado, buscando compreender transformações na formação de economistas e na dinâmica social da comunidade acadêmica ao se aprofundar na história de espaços como o departamento de economia.

Qual foi a metodologia empregada e os dados utilizados?
A tese utiliza metodologia da literatura de science studies, em especial o arcabouço da actor-network theory (ANT) – ver Latour (2005) para uma introdução ao método. As implicações da utilização deste método são variadas, mas destacaria a influência desta para a decisão de focar estudos em um espaço científico específico para compreender o macroprocesso de transformação da ciência econômica.

Os “dados” da tese são os trabalhos publicados dos autores que compõem a narrativa em cada capítulo e os diversos materiais não publicados disponíveis em arquivos. Este trabalho utilizou material do arquivo de economistas como Paul Samuelson e Robert Solow no Economists’ Papers Archive da Rubenstein Library, na Duke University. A tese também usou registros e anuários das Universidades de Stanford e California, material de arquivo do IMPA, além de entrevistas conduzidas pelo autor ou publicadas em livros e periódicos.

Conte um pouco: Quais foram os principais desafios encontrados? Como você os superou e qual a sensação em relação a esses desafios e à conclusão da sua pesquisa?
Em janeiro de 2020, visitei o Center for the History of Political Economy na Duke University, onde há uma grande coleção de arquivos de economistas guardados na Rubenstein Library. O plano inicial era permanecer nos Estados Unidos até outubro daquele ano e visitar outros arquivos importantes que ficam no país. Entretanto a emergência da covid-19 fechou as bibliotecas e arquivos durante o ano, o que colocou em risco o bom andamento da pesquisa.

Para superar essa limitação, busquei o apoio da comunidade acadêmica, que esteve unida para superar os desafios impostos pela pandemia. Entrei em contato com bibliotecários e arquivistas das instituições que pretendia visitar e negociei algum apoio remoto para acesso a determinados documentos em arquivo. Várias instituições também digitalizaram e permitiram o acesso livre a documentos de arquivo durante a emergência. O esforço coletivo da comunidade para enfrentar o desafio imposto pela pandemia foi fundamental para a conclusão adequada da pesquisa.

Para quais públicos os resultados deste estudo podem ser mais relevantes?
A pesquisa serve especialmente aos próprios economistas. Estudar a história da disciplina permite ao pesquisador encontrar o espaço em que seu trabalho está inserido historicamente e compreender a complexidade do processo social de construção científica. Compreender a própria história faz pesquisadores mais conscientes sobre limites e potências da própria ciência.

Quais as palavras-chave do estudo?
Stanford, Berkeley, IMPA, História da economia matemática.

Coloque, por favor, as principais referências do trabalho.

Arquivos

Economists’ Papers Archive, Rubenstein Library, Duke University.
Paul A. Samuelson Papers, Robert M. Solow Papers
Department of Special Collections: Stanford University
Stanford University Bulletin, Courses and Degrees (1906-1995)
Faculty Senate, Records.
Register of the University of California, 1868-1952
Arquivos do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, Rio de Janeiro.

Referências
Fourcade, Marion. (2009). Economists and Societies: Discipline and Profession in the United States, Britain, and France, 1890s-1990s. Princeton University Press.
Latour, Bruno. (2005). Reassembling the Social: An introduction to actor-network theory. Oxford University Press.
Morgan, Mary S. e Malcolm Rutherford (eds.) From Interwar Pluralism to Postwar Neoclassicism. History of Political Economy 30 (S1).
Weintraub, E. Roy (ed). (2014) MIT and the Transformation of American Economics. History of Political Economy 46 (S1).



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