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A tarefa primordial de qualquer banco central consiste em manter a inflação baixa e estável. E zelar pela estabilidade do sistema financeiro, prevenindo corridas bancárias e crises de liquidez. Se fizer isso bem, já está de ótimo tamanho. Se tentar fazer muita coisa ao mesmo tempo...



A gente conhece bem essa história. Não precisamos revisitar os artigos acadêmicos publicados sobre o assunto, ou a experiência de centos e tantos países. Basta olhar o que aconteceu com o Brasil entre 2012 e 2015, período no qual o BC tinha o objetivo não declarado de levar a taxa de juros para perto de 2% independentemente de qualquer coisa. Não tivemos mais crescimento, apenas mais inflação.

Em política monetária, assim como na vida, servir a dois mestres é complicado. Com apenas um instrumento para trabalhar— a taxa de juros de curto prazo –, o melhor mesmo é ter um objetivo único, simples, claro e factível: manter a inflação ali perto dos 4%.

A razão, em termos resumidos, é a seguinte: o que afeta a capacidade de uma economia crescer mais aceleradamente de modo consistente são coisas mais reais, mais estruturais. Truques de prestidigitação, como manipular a quantidade de moeda circulando na economia, são apenas isso: truques. Crescimento depende do capital humano, de leis firmes, de segurança jurídica, da facilidade para abrir um negócio, do nível dos impostos e da qualidade dos gastos públicos em, digamos, infraestrutura. Coisa palpável, não coisa de papel. Se você de repente escolhe jogar mais papel —reduzir juros é equivalente a isso, a jogar mais papel moeda na economia — o que acaba acontecendo é que o valor do papel cai, o que é o mesmo que dizer que o preço das coisas sobe.

O papo de Banco Central com mandato duplo, com meta para crescimento e inflação, como defendido pelo candidato Ciro Gomes (PDT) é uma bobagem. O melhor que o BC pode fazer pelo crescimento é justamente NÃO tentar inflá-lo com sopros de papel de tempos em tempos. E para que as pressões políticas do mandachuva da vez não levem a um BC de comportamento bipolar, a melhor estratégia é isolá-lo do governante de plantão com um mandato de independência operacional.

 

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Como proteger o Banco Central do governante de plantão?

A tarefa primordial de qualquer banco central consiste em manter a inflação baixa e estável. E zelar pela estabilidade do sistema financeiro, prevenindo corridas bancárias e crises de liquidez. Se fizer isso bem, já está de ótimo tamanho. Se tentar fazer muita coisa ao mesmo tempo... ? A gente conhece bem essa história. Não precisamos revisitar os artigos acadêmicos publicados sobre o assunto, ou a experiência de centos e tantos países. Basta olhar o que aconteceu com o Brasil entre 2012 e 2015, período no qual o BC tinha o objetivo não declarado de levar a taxa de juros para perto de 2% independentemente de qualquer coisa. Não tivemos mais crescimento, apenas mais inflação. Em política monetária, assim como na vida, servir a dois mestres é complicado. Com apenas um instrumento para trabalhar— a taxa de juros de curto prazo –, o melhor mesmo é ter um objetivo único, simples, claro e factível: manter a inflação ali perto dos 4%. A razão, em termos resumidos, é a seguinte: o que afeta a capacidade de uma economia crescer mais aceleradamente de modo consistente são coisas mais reais, mais estruturais. Truques de prestidigitação, como manipular a quantidade de moeda circulando na economia, são apenas isso: truques. Crescimento depende do capital humano, de leis firmes, de segurança jurídica, da facilidade para abrir um negócio, do nível dos impostos e da qualidade dos gastos públicos em, digamos, infraestrutura. Coisa palpável, não coisa de papel. Se você de repente escolhe jogar mais papel —reduzir juros é equivalente a isso, a jogar mais papel moeda na economia — o que acaba acontecendo é que o valor do papel cai, o que é o mesmo que dizer que o preço das coisas sobe. O papo de Banco Central com mandato duplo, com meta para crescimento e inflação, como defendido pelo candidato Ciro Gomes (PDT) é uma bobagem. O melhor que o BC pode fazer pelo crescimento é justamente NÃO tentar inflá-lo com sopros de papel de tempos em tempos. E para que as pressões políticas do mandachuva da vez não levem a um BC de comportamento bipolar, a melhor estratégia é isolá-lo do governante de plantão com um mandato de independência operacional.   Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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