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Haja coração! O bordão repetido à exaustão por Galvão Bueno resume bem as emoções envolvidas em uma Copa do Mundo. Alegria e decepção estão associadas a vitórias e reveses da nossa seleção. Essas sensações podem mexer com nosso comportamento e, em última instância, afetar a economia.


O mercado financeiro nos dá uma boa ideia dos efeitos do futebol sobre a economia. Por quê? Preços de ações estão disponíveis diariamente, possibilitando observar o efeito bem imediato dessas emoções.


O artigo acadêmico de Alex Edmans, Diego Garcia e Oyvind Norli estima o efeito de resultados de jogos de seleções (incluindo a Copa do Mundo) nas Bolsas de Valores, com base em informações de mais de 30 países veja aqui. O principal resultado é que, em média, a Bolsa de um país cai fortemente no dia seguinte a uma derrota da respectiva seleção. O interessante é que vitórias não têm nenhum efeito significativo. Decepções mexem muito mais com o comportamento dos indivíduos (e, em particular, daqueles envolvidos no mercado financeiro) do que alegrias.


Os efeitos são mais fortes nos jogos da Copa do Mundo –especialmente em fases decisivas. Os autores ainda avaliam impactos em outros esportes (rugby, cricket, basquete  e hóquei no gelo). Encontram resultados parecidos, porém mais fracos do que os observados no futebol.


Deveríamos esperar algum impacto de jogos de futebol na Bolsa de Valores? A ação é um pedacinho de uma empresa. Quem compra a ação torna-se, assim, dono dessa pequena parcela da companhia. E como dono tem direito a uma fração correspondente dos lucros, que são os tais dos dividendos.


No mercado financeiro, o preço das ações sobe e desce em função da expectativa de lucratividade da empresa no futuro. Se algum evento mexe nessa expectativa, a ação pode ficar mais ou menos atrativa aos investidores –o que impacta seu preço no presente. Considere o caso da Petrobras –especificamente na descoberta do pré-sal, em 2006. O anúncio da descoberta já foi suficiente para mandar o preço da ação para as alturas. Isso sem que nenhuma gota de petróleo tivesse ainda sido extraída da nova reserva. A expectativa de que a empresa se tornaria mais lucrativa no futuro fez com que sua ação se tornasse mais atrativa, puxando seu preço para cima já no anúncio da descoberta.


Recentemente tivemos um exemplo de evento que também afetou fortemente seu preço, porém para baixo. Na greve dos caminhoneiros, a ameaça do governo em interferir na companhia foi suficiente para espantar investidores –empurrando os preços da companhia ladeira abaixo. Reflexo de uma queda forte na expectativa de lucros da empresa.


E o que um jogo de futebol tem a ver com isso? Nada. As companhias do país (listadas em Bolsa) provavelmente não sofrerão mudança em sua lucratividade porque a seleção foi eliminada na Copa.


Bom, a história acima supõe que os indivíduos –em particular quem está comprando e vendendo ações em Bolsa– são estritamente racionais. Mas as pessoas são de carne e osso. Suas ações dependem do humor e das emoções, que são afetados pelo futebol. Assim, sua disposição a comprar e vender ações, a tomar mais ou menos risco, é impactada por choques emocionais, podendo alterar os preços das companhias transacionadas em Bolsa.


Não quero com isso dizer que as pessoas são totalmente emocionais, e que informações concretas sobre companhias pouco importam para determinar seus preços. Essas informações são relevantes, e o lado racional dos investidores tem, claro, peso. Mas as emoções também têm seu papel a desempenhar.


Há outros eventos que mexem nos preços das ações, e que aparentemente não têm nada a ver com a lucratividade das companhias. Por exemplo, Bolsas tendem a cair sistematicamente nas segundas-feiras  e a subir em vésperas de feriados. Outro exemplo, que discutimos em nossa página: preços de ações tendem a se reduzir logo depois que  os relógios são ajustados no horário de verão –e as pessoas têm sua rotina de sono bagunçada, potencialmente afetando o humor.


Você já deve ter ouvido por aí que várias profissões estariam ameaçadas pelo avanço da automação. Profissionais do mercado financeiro também estariam nessa lista, com decisões de compra e venda de ativos passando a ser realizadas por computadores. Será que, com essa tendência, choques emocionais (como uma derrota da seleção na Copa) teriam cada vez menos efeito na Bolsa?

Como um vexame na Copa pode afetar a economia?

Haja coração! O bordão repetido à exaustão por Galvão Bueno resume bem as emoções envolvidas em uma Copa do Mundo. Alegria e decepção estão associadas a vitórias e reveses da nossa seleção. Essas sensações podem mexer com nosso comportamento e, em última instância, afetar a economia.


O mercado financeiro nos dá uma boa ideia dos efeitos do futebol sobre a economia. Por quê? Preços de ações estão disponíveis diariamente, possibilitando observar o efeito bem imediato dessas emoções.


O artigo acadêmico de Alex Edmans, Diego Garcia e Oyvind Norli estima o efeito de resultados de jogos de seleções (incluindo a Copa do Mundo) nas Bolsas de Valores, com base em informações de mais de 30 países veja aqui. O principal resultado é que, em média, a Bolsa de um país cai fortemente no dia seguinte a uma derrota da respectiva seleção. O interessante é que vitórias não têm nenhum efeito significativo. Decepções mexem muito mais com o comportamento dos indivíduos (e, em particular, daqueles envolvidos no mercado financeiro) do que alegrias.


Os efeitos são mais fortes nos jogos da Copa do Mundo –especialmente em fases decisivas. Os autores ainda avaliam impactos em outros esportes (rugby, cricket, basquete  e hóquei no gelo). Encontram resultados parecidos, porém mais fracos do que os observados no futebol.


Deveríamos esperar algum impacto de jogos de futebol na Bolsa de Valores? A ação é um pedacinho de uma empresa. Quem compra a ação torna-se, assim, dono dessa pequena parcela da companhia. E como dono tem direito a uma fração correspondente dos lucros, que são os tais dos dividendos.


No mercado financeiro, o preço das ações sobe e desce em função da expectativa de lucratividade da empresa no futuro. Se algum evento mexe nessa expectativa, a ação pode ficar mais ou menos atrativa aos investidores –o que impacta seu preço no presente. Considere o caso da Petrobras –especificamente na descoberta do pré-sal, em 2006. O anúncio da descoberta já foi suficiente para mandar o preço da ação para as alturas. Isso sem que nenhuma gota de petróleo tivesse ainda sido extraída da nova reserva. A expectativa de que a empresa se tornaria mais lucrativa no futuro fez com que sua ação se tornasse mais atrativa, puxando seu preço para cima já no anúncio da descoberta.


Recentemente tivemos um exemplo de evento que também afetou fortemente seu preço, porém para baixo. Na greve dos caminhoneiros, a ameaça do governo em interferir na companhia foi suficiente para espantar investidores –empurrando os preços da companhia ladeira abaixo. Reflexo de uma queda forte na expectativa de lucros da empresa.


E o que um jogo de futebol tem a ver com isso? Nada. As companhias do país (listadas em Bolsa) provavelmente não sofrerão mudança em sua lucratividade porque a seleção foi eliminada na Copa.


Bom, a história acima supõe que os indivíduos –em particular quem está comprando e vendendo ações em Bolsa– são estritamente racionais. Mas as pessoas são de carne e osso. Suas ações dependem do humor e das emoções, que são afetados pelo futebol. Assim, sua disposição a comprar e vender ações, a tomar mais ou menos risco, é impactada por choques emocionais, podendo alterar os preços das companhias transacionadas em Bolsa.


Não quero com isso dizer que as pessoas são totalmente emocionais, e que informações concretas sobre companhias pouco importam para determinar seus preços. Essas informações são relevantes, e o lado racional dos investidores tem, claro, peso. Mas as emoções também têm seu papel a desempenhar.


Há outros eventos que mexem nos preços das ações, e que aparentemente não têm nada a ver com a lucratividade das companhias. Por exemplo, Bolsas tendem a cair sistematicamente nas segundas-feiras  e a subir em vésperas de feriados. Outro exemplo, que discutimos em nossa página: preços de ações tendem a se reduzir logo depois que  os relógios são ajustados no horário de verão –e as pessoas têm sua rotina de sono bagunçada, potencialmente afetando o humor.


Você já deve ter ouvido por aí que várias profissões estariam ameaçadas pelo avanço da automação. Profissionais do mercado financeiro também estariam nessa lista, com decisões de compra e venda de ativos passando a ser realizadas por computadores. Será que, com essa tendência, choques emocionais (como uma derrota da seleção na Copa) teriam cada vez menos efeito na Bolsa?

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