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De quantas montadoras de carros o Brasil precisa?

 

O Brasil é um dos países com mais montadoras de automóveis no mundo. Temos Ford, GM, Toyota, Volkswagen, Renault, Peugeot, Honda e várias outras. Esse é um dos motivos pelos quais nossos carros custam mais caro. Também é uma das razões pelas quais nossos veículos não têm qualidade para ser exportados para mercados consumidores mais exigentes (vendemos principalmente para a Argentina, o México e a África do Sul).

Mas por que isso ocorre?

Em governos passados, nossa política industrial tinha por objetivo atrair mais empresas para o Brasil. Funcionava assim: o governo oferecia incentivos à montadora estrangeira e prometia que os consumidores brasileiros seriam forçados a pagar caro por seus carros. A montadora estrangeira abria uma fábrica no Brasil, empregando algumas centenas de funcionários, e se beneficiava de incentivos fiscais e proteção tarifária.

O problema de nossa política industrial é que existem “economias de escala” na produção de carros. Isto é, é necessário produzir muitos e muitos veículos em cada planta para que os custos de produção sejam baixos.

Como os incentivos fiscais (isto é, transferência de renda do contribuinte e usuário de serviços públicos) eram atraentes em demasia, muitas montadoras abriram fábricas no Brasil, e cada fábrica produz um número pequeno de carros – e devido à ausência de economias de escala, a um custo alto.

Acabamos no pior dos mundos. O contribuinte brasileiro é tungado duas vezes: quando precisa pagar impostos mais altos ou se contentar com serviços públicos mais pobres, e quando paga mais caro pelos carros. E estamos bem longe de produzir em massa carros exportáveis para mercados exigentes como o norte-americano ou europeu (o México consegue exportar carros para os Estados Unidos).

Mas a situação pode mudar em breve. Segundo o presidente da Mercedes-Benz do Brasil, “se amanhã abrirmos o mercado, as portas de quase todas as indústrias aqui podem se fechar”. Há um claro exagero em sua declaração quando ele diz “quase todas”, mas certamente algumas ou várias montadoras podem ir embora mesmo se abrirmos o mercado.

A saída de montadoras ineficientes seria uma ótima notícia. Países crescem e ficam mais ricos quando conseguem se desapegar de atividades menos produtivas. Os trilhos das ferrovias destruíram as atividades dos tropeiros. O café passou a viajar do Oeste paulista para o porto de Santos de trem, em vez de em lombo de mula. Assim sobrou  mais valor para os fazendeiros, que puderam expandir a produção, gerando mais arrecadação para o governo. Desse movimento veio até o primeiro sistema brasileiro de escolas públicas, no estado de São Paulo. Tornamo-nos mais ricos, ainda que alguns donos de tropas de mulas tenham perdido seu investimento.

É importante então que não erremos novamente na política industrial automobilística. O Ministério da Indústria e Comércio propõe um programa, o Rota 2030, que concederia para as montadoras descontos nos impostos da ordem de R$ 1,5 bilhão. Esse dinheiro poderia ser gasto com educação, saúde e saneamento básico, ou se tornar redução da dívida pública e dos impostos sobre o consumo. Vamos fazer de conta que não existem usos melhores para esses recursos ou vamos criar um programa para sustentar os donos de mulas do século 21?

 

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De quantas montadoras de veículos o Brasil precisa?

De quantas montadoras de carros o Brasil precisa?   O Brasil é um dos países com mais montadoras de automóveis no mundo. Temos Ford, GM, Toyota, Volkswagen, Renault, Peugeot, Honda e várias outras. Esse é um dos motivos pelos quais nossos carros custam mais caro. Também é uma das razões pelas quais nossos veículos não têm qualidade para ser exportados para mercados consumidores mais exigentes (vendemos principalmente para a Argentina, o México e a África do Sul). Mas por que isso ocorre? Em governos passados, nossa política industrial tinha por objetivo atrair mais empresas para o Brasil. Funcionava assim: o governo oferecia incentivos à montadora estrangeira e prometia que os consumidores brasileiros seriam forçados a pagar caro por seus carros. A montadora estrangeira abria uma fábrica no Brasil, empregando algumas centenas de funcionários, e se beneficiava de incentivos fiscais e proteção tarifária. O problema de nossa política industrial é que existem “economias de escala” na produção de carros. Isto é, é necessário produzir muitos e muitos veículos em cada planta para que os custos de produção sejam baixos. Como os incentivos fiscais (isto é, transferência de renda do contribuinte e usuário de serviços públicos) eram atraentes em demasia, muitas montadoras abriram fábricas no Brasil, e cada fábrica produz um número pequeno de carros – e devido à ausência de economias de escala, a um custo alto. Acabamos no pior dos mundos. O contribuinte brasileiro é tungado duas vezes: quando precisa pagar impostos mais altos ou se contentar com serviços públicos mais pobres, e quando paga mais caro pelos carros. E estamos bem longe de produzir em massa carros exportáveis para mercados exigentes como o norte-americano ou europeu (o México consegue exportar carros para os Estados Unidos). Mas a situação pode mudar em breve. Segundo o presidente da Mercedes-Benz do Brasil, “se amanhã abrirmos o mercado, as portas de quase todas as indústrias aqui podem se fechar”. Há um claro exagero em sua declaração quando ele diz “quase todas”, mas certamente algumas ou várias montadoras podem ir embora mesmo se abrirmos o mercado. A saída de montadoras ineficientes seria uma ótima notícia. Países crescem e ficam mais ricos quando conseguem se desapegar de atividades menos produtivas. Os trilhos das ferrovias destruíram as atividades dos tropeiros. O café passou a viajar do Oeste paulista para o porto de Santos de trem, em vez de em lombo de mula. Assim sobrou  mais valor para os fazendeiros, que puderam expandir a produção, gerando mais arrecadação para o governo. Desse movimento veio até o primeiro sistema brasileiro de escolas públicas, no estado de São Paulo. Tornamo-nos mais ricos, ainda que alguns donos de tropas de mulas tenham perdido seu investimento. É importante então que não erremos novamente na política industrial automobilística. O Ministério da Indústria e Comércio propõe um programa, o Rota 2030, que concederia para as montadoras descontos nos impostos da ordem de R$ 1,5 bilhão. Esse dinheiro poderia ser gasto com educação, saúde e saneamento básico, ou se tornar redução da dívida pública e dos impostos sobre o consumo. Vamos fazer de conta que não existem usos melhores para esses recursos ou vamos criar um programa para sustentar os donos de mulas do século 21?   Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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