Uma plataforma que vai te ajudar a entender um pouco mais de economia.

No dia 15 de julho chega ao fim da Copa do Mundo. Brasil campeão ou não, aterrissaremos no voo de volta da Rússia para encarar a nossa realidade conturbada. Poderemos ter mais distúrbios, greves, etc. Depois vem a eleição, que, esperamos, pacificará um pouco o país com um governo eleito diretamente pelo sufrágio popular.

E o que esse governo, qualquer que seja ele, deve fazer quando crescer? Ou melhor: o que ele deve fazer para o Brasil crescer?

A lista é gigantesca! Talvez melhor que listar cada item, a esta altura ao menos, seja colocar alguns princípios/prioridades, deixando os detalhes para depois, para outros textos. Não que tudo possa se resolver em 4 ou 8 anos. É luta para décadas a fio. Mas, claro, em alguma hora precisamos começar.

A bem da verdade, começar, já começou. O governo provisório deu passos importantes na área econômica: melhorou a legislação trabalhista e iniciou o fim da farra de compadrio entre BNDES e empresários poderosos. Além disso, passou a importante PEC do teto, que berra em bom tom: “Existe uma restrição orçamentária!”

Mas falta tanto... até por causa dos passos atrás dados no período que vai de 2008 a 2015.

A primeira reforma, a urgente, é a da Previdência. Igualar condições entre público e privado, introduzir mais elementos de capitalização, impor idade mínima que varie automaticamente com mudança na expectativa de vida.

Não nos parece que seja hora de falar em pontos mais avançados como “política fiscal contracíclica à la Chile”. É lindo, eficiente, mas fica para daqui uma década. A prioridade na política fiscal é: reduzir a relação dívida/PIB, que vai subindo rapidamente. Deriva daí outro princípio: ir bem devagar com esse papo de reduzir impostos. Agora não dá! Apoiamos uma reforma que leve o país na direção de um imposto de valor agregado com regras simples e claras. É importante, mas vem depois da Previdência.

No âmbito da política monetária, seria interessante termos um Banco Central legalmente independente do Executivo, como em muitos países. Isso não é prioridade absoluta (ainda mais se custar muito do capital político do governo entrante), mas tem de estar na lista de coisas a fazer. Mais relevante é melhorar o funcionamento do sistema bancário e buscar meios de incrementar a competição entre atores do sistema financeiro, com medidas inteligentes como cadastro positivo e um CADE vigilante contra concentração injustificável do sistema bancário.

Na política de comércio, tem a questão difícil das negociações, mas também um passo fácil e simples: começar a reduzir barreiras à importação de modo unilateral. Isso mesmo, abaixar gradativamente e pronto. Isso vai deixar a Fiesp enfurecida, mas aí temos um fator adicional potencialmente positivo: maior competição e pressão da Fiesp e de outros para que o governo melhore a qualidade dos impostos, o ambiente de negócios, a infraestrutura, o combate à corrupção, etc.

Bom, isso no mundo mais restrito da economia. Batalha não menos importante tem que se dar em outros terrenos, como educação, saúde e segurança, três pilares básicos para qualquer estratégia de desenvolvimento socioeconômico. A respeito desses, um princípio geral vem sendo ignorado continuadamente no Brasil: o da eficiência dos projetos. Paremos de discutir apenas quanto gastar aqui e acolá. Não se mede eficácia por quanto se gasta. Aliás é quase o contrário! O que importa é o resultado, e por isso a necessidade de avaliar cada projeto nessas áreas. Gastou-se tanto, e alcançou-se o quê?

Em segundo lugar, é preciso lembrar que, sem os incentivos corretos, impera a ineficácia. O setor público tem que ficar mais assemelhado ao setor privado, e essa mudança de filosofia é absoluta prioridade. A reforma administrativa tem (ou deveria ter) status de reforma da Previdência, dada a importância. Funcionário melhor tem que ganhar mais; hospital e escola melhores (propriamente mensurados) têm que ser recompensados com mais orçamento e ter suas práticas difundidas. Sem isso, moçada, não rola uma provisão mais eficiente de bens públicos, essenciais para o desenvolvimento socioeconômico de uma nação. E quem paga mais por isso você, leitor, já sabe quem é.

Princípios pessoal, princípios já!

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Depois da Copa, é hora de prioridades

No dia 15 de julho chega ao fim da Copa do Mundo. Brasil campeão ou não, aterrissaremos no voo de volta da Rússia para encarar a nossa realidade conturbada. Poderemos ter mais distúrbios, greves, etc. Depois vem a eleição, que, esperamos, pacificará um pouco o país com um governo eleito diretamente pelo sufrágio popular. E o que esse governo, qualquer que seja ele, deve fazer quando crescer? Ou melhor: o que ele deve fazer para o Brasil crescer? A lista é gigantesca! Talvez melhor que listar cada item, a esta altura ao menos, seja colocar alguns princípios/prioridades, deixando os detalhes para depois, para outros textos. Não que tudo possa se resolver em 4 ou 8 anos. É luta para décadas a fio. Mas, claro, em alguma hora precisamos começar. A bem da verdade, começar, já começou. O governo provisório deu passos importantes na área econômica: melhorou a legislação trabalhista e iniciou o fim da farra de compadrio entre BNDES e empresários poderosos. Além disso, passou a importante PEC do teto, que berra em bom tom: “Existe uma restrição orçamentária!” Mas falta tanto... até por causa dos passos atrás dados no período que vai de 2008 a 2015. A primeira reforma, a urgente, é a da Previdência. Igualar condições entre público e privado, introduzir mais elementos de capitalização, impor idade mínima que varie automaticamente com mudança na expectativa de vida. Não nos parece que seja hora de falar em pontos mais avançados como “política fiscal contracíclica à la Chile”. É lindo, eficiente, mas fica para daqui uma década. A prioridade na política fiscal é: reduzir a relação dívida/PIB, que vai subindo rapidamente. Deriva daí outro princípio: ir bem devagar com esse papo de reduzir impostos. Agora não dá! Apoiamos uma reforma que leve o país na direção de um imposto de valor agregado com regras simples e claras. É importante, mas vem depois da Previdência. No âmbito da política monetária, seria interessante termos um Banco Central legalmente independente do Executivo, como em muitos países. Isso não é prioridade absoluta (ainda mais se custar muito do capital político do governo entrante), mas tem de estar na lista de coisas a fazer. Mais relevante é melhorar o funcionamento do sistema bancário e buscar meios de incrementar a competição entre atores do sistema financeiro, com medidas inteligentes como cadastro positivo e um CADE vigilante contra concentração injustificável do sistema bancário. Na política de comércio, tem a questão difícil das negociações, mas também um passo fácil e simples: começar a reduzir barreiras à importação de modo unilateral. Isso mesmo, abaixar gradativamente e pronto. Isso vai deixar a Fiesp enfurecida, mas aí temos um fator adicional potencialmente positivo: maior competição e pressão da Fiesp e de outros para que o governo melhore a qualidade dos impostos, o ambiente de negócios, a infraestrutura, o combate à corrupção, etc. Bom, isso no mundo mais restrito da economia. Batalha não menos importante tem que se dar em outros terrenos, como educação, saúde e segurança, três pilares básicos para qualquer estratégia de desenvolvimento socioeconômico. A respeito desses, um princípio geral vem sendo ignorado continuadamente no Brasil: o da eficiência dos projetos. Paremos de discutir apenas quanto gastar aqui e acolá. Não se mede eficácia por quanto se gasta. Aliás é quase o contrário! O que importa é o resultado, e por isso a necessidade de avaliar cada projeto nessas áreas. Gastou-se tanto, e alcançou-se o quê? Em segundo lugar, é preciso lembrar que, sem os incentivos corretos, impera a ineficácia. O setor público tem que ficar mais assemelhado ao setor privado, e essa mudança de filosofia é absoluta prioridade. A reforma administrativa tem (ou deveria ter) status de reforma da Previdência, dada a importância. Funcionário melhor tem que ganhar mais; hospital e escola melhores (propriamente mensurados) têm que ser recompensados com mais orçamento e ter suas práticas difundidas. Sem isso, moçada, não rola uma provisão mais eficiente de bens públicos, essenciais para o desenvolvimento socioeconômico de uma nação. E quem paga mais por isso você, leitor, já sabe quem é. Princípios pessoal, princípios já! Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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