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														Não é segredo para ninguém que as pessoas dão mais
importância para o presente do que para o futuro. Disso decorrem vários
probleminhas. É difícil parar de fumar, fazer dieta, ir para esteira de manhã
cedo, poupar para aposentadoria etc. Como enfrentar essa dificuldade de se
comprometer com um curso de ação no dia a dia?

Em economês, falamos que as pessoas descontam o futuro, ou seja, reduzem de modo míope seu valor vis-à-vis o presente. E de onde vem o adjetivo “hiperbólico”? Vem do fato de que essa redução da importância do futuro não ocorre de modo, digamos, suave. Vejamos o que isso significa através de um exemplo.

Pense no seguinte experimento: você é abordado por um sujeito (possivelmente um economista) que lhe pergunta se você prefere ganhar 100 reais hoje ou 110 reais daqui uma semana. Não podemos responder por você, mas a grande maioria das pessoas opta pelos 100 hoje, mesmo em situações bem controladas (você achava que só fazíamos experimentos com ratos?), nas quais fica muito claro que o cidadão não vai desaparecer de hoje para amanhã. Veja só, na maioria dos casos abre-se mão de um juro de 10% na semana! A essa taxa, 100 reais na primeira semana de janeiro significariam mais de 14.200 reais na última de dezembro! Mas, calma, pois é com uma pequena mudança no experimento que a coisa fica biruta: em vez de hoje versus daqui sete dias, a proposta é feita nos seguintes termos: 100 reais daqui a 358 dias ou 110 em um ano. Ou seja, a mesmíssima taxa de juro de 10% semanais. Nesse caso, a maioria migra para a segunda opção, a de 110 reais! Os futuros não são iguais entre si.

Esse padrão de comportamento quebra a ideia de racionalidade típica dos modelos econômicos. Perante a “mesma” escolha, as pessoas escolhem coisas diferentes. É estranho.

Outro jeito de olhar para esse problema é apelando para uma espécie de esquizofrenia inerente ao ser humano. Todos nós temos dois eus, o presente e o futuro. E esses caras ficam brigando, disputando prioridades que quase nunca convergem. Por exemplo: o eu de hoje quer dormir até mais tarde, mas o eu de longo prazo quer forçá-lo (o eu de hoje) a levantar cedo para fazer exercícios. Como somos esquisitos! O problema é que a disputa não é igual: o eu de hoje, aquele que cede às tentações, é mais forte. Ganha na maioria das vezes.

Por isso seu eu futuro tem que pensar em estratégias para impedir que o de hoje leve a melhor. Por exemplo, no caso da poupança, uma alternativa é ir até o banco e pedir uma opção na qual o dinheiro sai automaticamente da conta para algum investimento. No caso da ginástica, peça para o seu eu futuro ir lá e pagar um ano de academia. Assim você constrange moralmente o eu de hoje a ir lá fazer esteira, vencendo a preguiça. Claro, nem sempre essas estratégias funcionam, e é preciso ser criativo. Mas o que não pode é cair na inércia e deixar o eu de hoje reinar soberano. A conta – em termos de colesterol alto, aposentadoria magra etc. – alguma hora chega.


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Desconto hiperbólico, esquizofrenia e poupança

Não é segredo para ninguém que as pessoas dão mais importância para o presente do que para o futuro. Disso decorrem vários probleminhas. É difícil parar de fumar, fazer dieta, ir para esteira de manhã cedo, poupar para aposentadoria etc. Como enfrentar essa dificuldade de se comprometer com um curso de ação no dia a dia?

Em economês, falamos que as pessoas descontam o futuro, ou seja, reduzem de modo míope seu valor vis-à-vis o presente. E de onde vem o adjetivo “hiperbólico”? Vem do fato de que essa redução da importância do futuro não ocorre de modo, digamos, suave. Vejamos o que isso significa através de um exemplo.

Pense no seguinte experimento: você é abordado por um sujeito (possivelmente um economista) que lhe pergunta se você prefere ganhar 100 reais hoje ou 110 reais daqui uma semana. Não podemos responder por você, mas a grande maioria das pessoas opta pelos 100 hoje, mesmo em situações bem controladas (você achava que só fazíamos experimentos com ratos?), nas quais fica muito claro que o cidadão não vai desaparecer de hoje para amanhã. Veja só, na maioria dos casos abre-se mão de um juro de 10% na semana! A essa taxa, 100 reais na primeira semana de janeiro significariam mais de 14.200 reais na última de dezembro! Mas, calma, pois é com uma pequena mudança no experimento que a coisa fica biruta: em vez de hoje versus daqui sete dias, a proposta é feita nos seguintes termos: 100 reais daqui a 358 dias ou 110 em um ano. Ou seja, a mesmíssima taxa de juro de 10% semanais. Nesse caso, a maioria migra para a segunda opção, a de 110 reais! Os futuros não são iguais entre si.

Esse padrão de comportamento quebra a ideia de racionalidade típica dos modelos econômicos. Perante a “mesma” escolha, as pessoas escolhem coisas diferentes. É estranho.

Outro jeito de olhar para esse problema é apelando para uma espécie de esquizofrenia inerente ao ser humano. Todos nós temos dois eus, o presente e o futuro. E esses caras ficam brigando, disputando prioridades que quase nunca convergem. Por exemplo: o eu de hoje quer dormir até mais tarde, mas o eu de longo prazo quer forçá-lo (o eu de hoje) a levantar cedo para fazer exercícios. Como somos esquisitos! O problema é que a disputa não é igual: o eu de hoje, aquele que cede às tentações, é mais forte. Ganha na maioria das vezes.

Por isso seu eu futuro tem que pensar em estratégias para impedir que o de hoje leve a melhor. Por exemplo, no caso da poupança, uma alternativa é ir até o banco e pedir uma opção na qual o dinheiro sai automaticamente da conta para algum investimento. No caso da ginástica, peça para o seu eu futuro ir lá e pagar um ano de academia. Assim você constrange moralmente o eu de hoje a ir lá fazer esteira, vencendo a preguiça. Claro, nem sempre essas estratégias funcionam, e é preciso ser criativo. Mas o que não pode é cair na inércia e deixar o eu de hoje reinar soberano. A conta – em termos de colesterol alto, aposentadoria magra etc. – alguma hora chega.


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