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Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o ministro da educação, Ricardo Vélez Rodríguez, afirmou que “as universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual”. A frase é péssima. Não, ele não está discorrendo sobre o fato óbvio e ululante de que nem todo mundo vai para a faculdade quando termina o segundo grau.

Há pessoas que não querem ingressar no terceiro grau; não se sentem habilitados ou simplesmente não desejam. Ou mesmo não podem, porque tem de trabalhar o dia todo para se sustentar, não tendo grana e/ou tempo para frequentar uma faculdade privada. E isso pouco importa aqui. O ponto central é: ir ou não para faculdade é uma escolha individual, como outra qualquer. E, como toda escolha, ela é afetada pelo cálculo custo-benefício, que envolve diversas dimensões e aspectos, como aptidão, entusiasmo, restrição orçamentária etc.

 



 

É fato: na maioria dos países, a taxa de retorno monetário de cursar uma universidade é bastante alta; o salário médio de quem tem diploma é bem mais elevado que o do cara que não tem. O quanto disso vem de acumulação efetiva de capital humano e o quanto vem de mera estratégia de sinalização (quem faz faculdade tem mais força de vontade, perseverança e outros atributos importantes para o mercado de trabalho) é uma questão em aberto. Mas o ganho privado em termos financeiros é concreto. Há, obviamente, outros incentivos que motivam as pessoas a lutar por um diploma: satisfação pessoal, senso de realização, fome de conhecimento etc.

Um ministro opinar sobre quem deve ou não deve fazer universidade não nos parece apropriado. Ele desconhece as capacidades, interesses e restrições individuais que tornam a entrada na universidade atraente ou não para cada cidadão.

O que o ministro poderia ter falado, sem medo de errar, é que os ganhos de quem faz uma faculdade são eminentemente privados. O aluno de medicina gasta uma nota para se formar, mas depois tende a ganhar um salário bem alto. As externalidades puramente sociais de frequentar uma universidade são, ao que tudo indica, baixas (diferentemente do que ocorre com o Ensino Fundamental). Significa que as pessoas têm que pagar para cursar. Do ponto de vista econômico, não faz sentido é existir universidade pública “gratuita”. Subsídios devem ser mínimos, apenas para os realmente pobres. Para os que não são, mas enfrentam restrições de acesso a crédito, o ideal é esquema de bolsa, com o sujeito repagando depois.

Em suma, o importante é que os universitários e suas famílias internalizem os custos da educação superior. Dessa forma não teremos mais a situação na qual pessoas que não optariam por continuar estudando (por qualquer motivo) se não tivessem subsidio, estejam lá apenas por conta do subsídio. O papo reto, correto, é esse. Não esse blábláblá de “elite” versus “a rapa”.

 

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Faculdade apenas para a elite?

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o ministro da educação, Ricardo Vélez Rodríguez, afirmou que “as universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual”. A frase é péssima. Não, ele não está discorrendo sobre o fato óbvio e ululante de que nem todo mundo vai para a faculdade quando termina o segundo grau. Há pessoas que não querem ingressar no terceiro grau; não se sentem habilitados ou simplesmente não desejam. Ou mesmo não podem, porque tem de trabalhar o dia todo para se sustentar, não tendo grana e/ou tempo para frequentar uma faculdade privada. E isso pouco importa aqui. O ponto central é: ir ou não para faculdade é uma escolha individual, como outra qualquer. E, como toda escolha, ela é afetada pelo cálculo custo-benefício, que envolve diversas dimensões e aspectos, como aptidão, entusiasmo, restrição orçamentária etc.   ?   É fato: na maioria dos países, a taxa de retorno monetário de cursar uma universidade é bastante alta; o salário médio de quem tem diploma é bem mais elevado que o do cara que não tem. O quanto disso vem de acumulação efetiva de capital humano e o quanto vem de mera estratégia de sinalização (quem faz faculdade tem mais força de vontade, perseverança e outros atributos importantes para o mercado de trabalho) é uma questão em aberto. Mas o ganho privado em termos financeiros é concreto. Há, obviamente, outros incentivos que motivam as pessoas a lutar por um diploma: satisfação pessoal, senso de realização, fome de conhecimento etc. Um ministro opinar sobre quem deve ou não deve fazer universidade não nos parece apropriado. Ele desconhece as capacidades, interesses e restrições individuais que tornam a entrada na universidade atraente ou não para cada cidadão. O que o ministro poderia ter falado, sem medo de errar, é que os ganhos de quem faz uma faculdade são eminentemente privados. O aluno de medicina gasta uma nota para se formar, mas depois tende a ganhar um salário bem alto. As externalidades puramente sociais de frequentar uma universidade são, ao que tudo indica, baixas (diferentemente do que ocorre com o Ensino Fundamental). Significa que as pessoas têm que pagar para cursar. Do ponto de vista econômico, não faz sentido é existir universidade pública “gratuita”. Subsídios devem ser mínimos, apenas para os realmente pobres. Para os que não são, mas enfrentam restrições de acesso a crédito, o ideal é esquema de bolsa, com o sujeito repagando depois. Em suma, o importante é que os universitários e suas famílias internalizem os custos da educação superior. Dessa forma não teremos mais a situação na qual pessoas que não optariam por continuar estudando (por qualquer motivo) se não tivessem subsidio, estejam lá apenas por conta do subsídio. O papo reto, correto, é esse. Não esse blábláblá de “elite” versus “a rapa”.   Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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