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papa 1991 brazil

O papa João Paulo II foi uma das figuras mais carismáticas das últimas décadas. Por onde quer que passasse, suas mensagens eram ouvidas por milhões de pessoas. Mas será que ele era capaz de mudar o comportamento de seus seguidores? O artigo acadêmico de Vittorio Bassi e Imran Rasul, recém-publicado no American Economic Journal: Applied Economics, sugere que sim.

O foco do estudo é o Brasil, o país com o maior número de católicos no mundo. Em outubro de 1991, João Paulo II fez uma visita de 10 dias por aqui, passando por  10 cidades. Como sempre que isso acontece, a cobertura da imprensa foi maciça. A mensagem do papa certamente chegou a muita gente.

Ocorre que, quando o papa por aqui passou, por coincidência, estava também ocorrendo uma pesquisa de demografia e saúde junto à população brasileira (DHS, ou Demographic and Health Survey). Perguntavam-se, entre outras coisas, aspectos ligados a comportamento sexual e uso de contraceptivos. Não é segredo para ninguém que a Igreja Católica é contrária ao uso de anticoncepcionais, ao mesmo tempo em que estimula as pessoas a terem filhos. A pesquisa ainda tem informações socioeconômicas, incluindo a religião da pessoa entrevistada.

O que revelam os dados?

Bassi e Rasul então compararam as respostas de mulheres entrevistadas durante e depois da visita do papa, com as entrevistadas antes de João Paulo chegar. A ideia é que a mensagem católica ficaria mais saliente com a presença física do papa, podendo afetar o comportamento das pessoas. Além disso, nessa visita de 1991, João Paulo II falou bastante de assuntos ligados a contracepção e filhos (muito mais do que em outras visitas). Os dados mostram essa mudança de comportamento. Mulheres entrevistadas durante e após a visita revelam uma propensão menor ao uso de contraceptivos e atividade sexual mais frequente, na comparação com mulheres entrevistadas antes da visita. Em outras palavras, mais sexo sem proteção, potencialmente levando a uma chance maior de gravidez. O interessante é que esse efeito é particularmente forte entre mulheres casadas e entre católicas praticantes.

Depois de 9 meses da visita... qual foi o resultado?

Os autores então olham a mesma pesquisa cinco anos depois (1996), em que é possível ter uma ideia do impacto da vinda de João Paulo II em termos de nascimentos (as mulheres informam quando todos os seus filhos nasceram). E eles encontram um aumento significativo na probabilidade de uma mulher dar à luz em julho de 1992 – isto é, 9 meses após a visita papal de 1991. No longo prazo, entretanto, a elevação na fertilidade mostrou-se nula. Por quê? As estimativas sugerem que os indivíduos simplesmente anteciparam seus planos de ter filhos, mas não mexeram na quantidade total de filhos que tiveram no fim das contas. Especificamente, ainda que se tenha observado um aumento na probabilidade de nascimento 9 meses após a visita, há uma queda nessa probabilidade entre 12 e 15 meses depois do evento. Esse efeito se deve principalmente a mulheres que reportaram estar, naquele momento, com o tamanho da família abaixo do ideal, e portanto tinham margem de ajuste. De fato, quando os autores olham dados pesquisa de demografia e saúde de 2006 – em que seria possível olhar para todo o histórico de gestações das pessoas expostas à mensagem do papa em 1991 – não há diferença, no que toca ao tamanho da prole, entre mulheres que deram à luz 9 meses após a visita papal e aquelas que deram à luz 8 meses após a visita. Acesse o artigo completo clicando aqui.  

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Visita de João Paulo II fez mais brasileiras engravidarem?

papa 1991 brazil O papa João Paulo II foi uma das figuras mais carismáticas das últimas décadas. Por onde quer que passasse, suas mensagens eram ouvidas por milhões de pessoas. Mas será que ele era capaz de mudar o comportamento de seus seguidores? O artigo acadêmico de Vittorio Bassi e Imran Rasul, recém-publicado no American Economic Journal: Applied Economics, sugere que sim. O foco do estudo é o Brasil, o país com o maior número de católicos no mundo. Em outubro de 1991, João Paulo II fez uma visita de 10 dias por aqui, passando por  10 cidades. Como sempre que isso acontece, a cobertura da imprensa foi maciça. A mensagem do papa certamente chegou a muita gente. Ocorre que, quando o papa por aqui passou, por coincidência, estava também ocorrendo uma pesquisa de demografia e saúde junto à população brasileira (DHS, ou Demographic and Health Survey). Perguntavam-se, entre outras coisas, aspectos ligados a comportamento sexual e uso de contraceptivos. Não é segredo para ninguém que a Igreja Católica é contrária ao uso de anticoncepcionais, ao mesmo tempo em que estimula as pessoas a terem filhos. A pesquisa ainda tem informações socioeconômicas, incluindo a religião da pessoa entrevistada. O que revelam os dados? Bassi e Rasul então compararam as respostas de mulheres entrevistadas durante e depois da visita do papa, com as entrevistadas antes de João Paulo chegar. A ideia é que a mensagem católica ficaria mais saliente com a presença física do papa, podendo afetar o comportamento das pessoas. Além disso, nessa visita de 1991, João Paulo II falou bastante de assuntos ligados a contracepção e filhos (muito mais do que em outras visitas). Os dados mostram essa mudança de comportamento. Mulheres entrevistadas durante e após a visita revelam uma propensão menor ao uso de contraceptivos e atividade sexual mais frequente, na comparação com mulheres entrevistadas antes da visita. Em outras palavras, mais sexo sem proteção, potencialmente levando a uma chance maior de gravidez. O interessante é que esse efeito é particularmente forte entre mulheres casadas e entre católicas praticantes. Depois de 9 meses da visita... qual foi o resultado? Os autores então olham a mesma pesquisa cinco anos depois (1996), em que é possível ter uma ideia do impacto da vinda de João Paulo II em termos de nascimentos (as mulheres informam quando todos os seus filhos nasceram). E eles encontram um aumento significativo na probabilidade de uma mulher dar à luz em julho de 1992 – isto é, 9 meses após a visita papal de 1991. No longo prazo, entretanto, a elevação na fertilidade mostrou-se nula. Por quê? As estimativas sugerem que os indivíduos simplesmente anteciparam seus planos de ter filhos, mas não mexeram na quantidade total de filhos que tiveram no fim das contas. Especificamente, ainda que se tenha observado um aumento na probabilidade de nascimento 9 meses após a visita, há uma queda nessa probabilidade entre 12 e 15 meses depois do evento. Esse efeito se deve principalmente a mulheres que reportaram estar, naquele momento, com o tamanho da família abaixo do ideal, e portanto tinham margem de ajuste. De fato, quando os autores olham dados pesquisa de demografia e saúde de 2006 – em que seria possível olhar para todo o histórico de gestações das pessoas expostas à mensagem do papa em 1991 – não há diferença, no que toca ao tamanho da prole, entre mulheres que deram à luz 9 meses após a visita papal e aquelas que deram à luz 8 meses após a visita. Acesse o artigo completo clicando aqui.   Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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