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Há alguns dias começou um burburinho de que poderia haver uma bolha na Bolsa brasileira. Será? Muito provavelmente não.


Olhando pelo retrovisor é fácil identificar bolhas. Se a Bolsa (ou o preço de outro ativo qualquer) sobe, sobe e de repente, sem nenhuma grande novidade, despenca, existia, por definição, uma bolha. O mundo já viveu várias bolhas famosas: a bolha das tulipas na Holanda (Tulip Mania, 1634–1637), a bolha do Mississippi (Mississippi Bubble, 1719–1720), a bolha do Mar do Sul (South Sea Bubble, 1720), a bolha dos anos 1920, que precedeu o crash de 1929 (Roaring Twenties) e, mais recentemente, a bolha da internet (Dot-com Bubble, 1997–2000). A parte do “sem nenhuma grande novidade” é fundamental. Caso contrário, não era bolha. Se o cenário econômico mudou de repente, se o bom presidente sofreu um infarto e o país ficou na mão do vice incompetente, ou seja, se aconteceu qualquer mudança relevante e, por causa disso, os preços despencaram, não era bolha, ocorreu simplesmente uma mudança abrupta das expectativas baseada em um bom motivo.

Certo, olhando para trás é relativamente fácil dizer se era bolha ou não: os preços dos ativos sobem muito por um bom tempo e, de repente, despencam. Mas e olhando para frente? Como podemos avaliar se estamos em uma bolha e os preços podem, no futuro, despencar de repente a troco de nada?

Bom, a primeira coisa que temos de avaliar é se de fato os preços vêm subindo muito. Em caso positivo, devemos então avaliar se a subida tem motivos reais o que, na prática, é algo bem difícil de se fazer. Mas, em caso negativo, já podemos descartar a ideia de bolha. E a tese de bolha no Bolsa brasileira não passa nem por esse teste inicial.

Do começo de 2016 até agora, a Bolsa subiu bastante: incríveis 200%. Saiu de 38 mil para 115 mil pontos. Mas no começo de 2010 ela estava em 70 mil pontos! Ou seja, grande parte da alta foi recuperação da queda anterior! Considerando-se os últimos 10 anos em conjunto (um horizonte razoável para o mercado acionário), a Bolsa subiu um total de 61%. Isso é muito ou pouco? Pouco, muito pouco. Nos últimos 10 anos a inflação no Brasil foi de 76%, o dólar subiu 147% e a Selic acumulada foi de 163%. Ou seja, quem investiu na Bolsa se deu muito mal. Isso tem cara de bolha para você? Não tem para a gente.



COLUNA PUBLICADA NA FOLHA DE SÃO PAULO

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Há uma bolha na Bolsa brasileira?

Há alguns dias começou um burburinho de que poderia haver uma bolha na Bolsa brasileira. Será? Muito provavelmente não.


Olhando pelo retrovisor é fácil identificar bolhas. Se a Bolsa (ou o preço de outro ativo qualquer) sobe, sobe e de repente, sem nenhuma grande novidade, despenca, existia, por definição, uma bolha. O mundo já viveu várias bolhas famosas: a bolha das tulipas na Holanda (Tulip Mania, 1634–1637), a bolha do Mississippi (Mississippi Bubble, 1719–1720), a bolha do Mar do Sul (South Sea Bubble, 1720), a bolha dos anos 1920, que precedeu o crash de 1929 (Roaring Twenties) e, mais recentemente, a bolha da internet (Dot-com Bubble, 1997–2000). A parte do “sem nenhuma grande novidade” é fundamental. Caso contrário, não era bolha. Se o cenário econômico mudou de repente, se o bom presidente sofreu um infarto e o país ficou na mão do vice incompetente, ou seja, se aconteceu qualquer mudança relevante e, por causa disso, os preços despencaram, não era bolha, ocorreu simplesmente uma mudança abrupta das expectativas baseada em um bom motivo.

Certo, olhando para trás é relativamente fácil dizer se era bolha ou não: os preços dos ativos sobem muito por um bom tempo e, de repente, despencam. Mas e olhando para frente? Como podemos avaliar se estamos em uma bolha e os preços podem, no futuro, despencar de repente a troco de nada?

Bom, a primeira coisa que temos de avaliar é se de fato os preços vêm subindo muito. Em caso positivo, devemos então avaliar se a subida tem motivos reais o que, na prática, é algo bem difícil de se fazer. Mas, em caso negativo, já podemos descartar a ideia de bolha. E a tese de bolha no Bolsa brasileira não passa nem por esse teste inicial.

Do começo de 2016 até agora, a Bolsa subiu bastante: incríveis 200%. Saiu de 38 mil para 115 mil pontos. Mas no começo de 2010 ela estava em 70 mil pontos! Ou seja, grande parte da alta foi recuperação da queda anterior! Considerando-se os últimos 10 anos em conjunto (um horizonte razoável para o mercado acionário), a Bolsa subiu um total de 61%. Isso é muito ou pouco? Pouco, muito pouco. Nos últimos 10 anos a inflação no Brasil foi de 76%, o dólar subiu 147% e a Selic acumulada foi de 163%. Ou seja, quem investiu na Bolsa se deu muito mal. Isso tem cara de bolha para você? Não tem para a gente.




COLUNA PUBLICADA NA FOLHA DE SÃO PAULO

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