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O Brasil se encaminha manso e, aparentemente, descontraído, para um verdadeiro abismo fiscal. Vai entender esse nosso fetiche por soluções mágicas. Para piorar, muitas vezes aparece um coro de economistas dando uma forcinha, legitimando. E a sociedade compra com certa leveza, entorpecida, robotizada, propostas que vão gerar problemas sérios depois. Curiosamente, quase todas as trapalhadas podem ser resumidas, na essência, a um desprezo profundo por restrições  ?   orçamentária e outras  ?  combinada com uma negligência assustadora em relação ao futuro. Adicione a essa dinâmica uma pitada de interesses escusos, e voilà!  Vamos de volta ao passado.

A recessão pandêmica levou-nos a um inevitável desequilibrio das contas públicas: receitas caem e gastos sobem (cheque-covid, auxílio-desemprego, gastos com saúde).

O déficit primário, ou seja, aquele que nem contabiliza a conta com os juros da dívida, vai para mais de 10% do PIB; incluindo-se o serviço da dívida, vai para mais de 15%.

São números apocalípticos, moçada que nos levam inevitavelmente a um crescimento vigoroso da dívida pública. Agora, essa parte a turma que defende tornar permanentes esses gastos emergenciais não discute: como vamos pagar essa conta?

Na sua casa, caro leitor, você não brinca de tornar permanentes os gastos temporários, certo? Por que no caso do governo seria ok? Alguns respondem: “porque o governo pode criar moeda, eu não”. Justo. Pode mesmo, de certo modo, ao menos.

Mas então por que no resto do mundo não vemos todos apelando para essa saída?

Por que talvez ela soe mágica demais.  Pagar dívida com emissão monetária dá em inflação, que é somente mais um tipo de imposto. Só que pior, pois atinge mais os menos favorecidos e desorganiza fortemente o processo produtivo. Talvez você que é jovem não acredite, mas já passamos por isso antes! Nós e toda a América Latina. 

Foquemos os escassos recursos de um orçamento em colapso no que mais precisamos: transferência de renda para famílias jovens e pobres, melhoria do sistema hospitalar e saneamento. Nada de renda mínima de 600 para todos. Não tem como pagar isso sem muito mais imposto...

Educação? Bom, lá os gastos cresceram cerca de 100% em pouco mais de uma década. Então antes de despejar mais, queremos ver uma reforma da governança interna do setor, que torne esse gasto mais efetivo. 

A aula número 1 de um curso de introdução à economia se baseia na ideia de que desejos têm de caber dentro das restrições orçamentária e tecnológica. Infelizmente, parece que muito economista midiático tem se esquecido desse principio fundador.  
   
COLUNA PUBLICADA NA FOLHA DE SÃO PAULO

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Insanidade Fiscal

O Brasil se encaminha manso e, aparentemente, descontraído, para um verdadeiro abismo fiscal. Vai entender esse nosso fetiche por soluções mágicas. Para piorar, muitas vezes aparece um coro de economistas dando uma forcinha, legitimando. E a sociedade compra com certa leveza, entorpecida, robotizada, propostas que vão gerar problemas sérios depois. Curiosamente, quase todas as trapalhadas podem ser resumidas, na essência, a um desprezo profundo por restrições  ?   orçamentária e outras  ?  combinada com uma negligência assustadora em relação ao futuro. Adicione a essa dinâmica uma pitada de interesses escusos, e voilà!  Vamos de volta ao passado.

A recessão pandêmica levou-nos a um inevitável desequilibrio das contas públicas: receitas caem e gastos sobem (cheque-covid, auxílio-desemprego, gastos com saúde).

O déficit primário, ou seja, aquele que nem contabiliza a conta com os juros da dívida, vai para mais de 10% do PIB; incluindo-se o serviço da dívida, vai para mais de 15%.

São números apocalípticos, moçada que nos levam inevitavelmente a um crescimento vigoroso da dívida pública. Agora, essa parte a turma que defende tornar permanentes esses gastos emergenciais não discute: como vamos pagar essa conta?

Na sua casa, caro leitor, você não brinca de tornar permanentes os gastos temporários, certo? Por que no caso do governo seria ok? Alguns respondem: “porque o governo pode criar moeda, eu não”. Justo. Pode mesmo, de certo modo, ao menos.

Mas então por que no resto do mundo não vemos todos apelando para essa saída?

Por que talvez ela soe mágica demais.  Pagar dívida com emissão monetária dá em inflação, que é somente mais um tipo de imposto. Só que pior, pois atinge mais os menos favorecidos e desorganiza fortemente o processo produtivo. Talvez você que é jovem não acredite, mas já passamos por isso antes! Nós e toda a América Latina. 

Foquemos os escassos recursos de um orçamento em colapso no que mais precisamos: transferência de renda para famílias jovens e pobres, melhoria do sistema hospitalar e saneamento. Nada de renda mínima de 600 para todos. Não tem como pagar isso sem muito mais imposto...

Educação? Bom, lá os gastos cresceram cerca de 100% em pouco mais de uma década. Então antes de despejar mais, queremos ver uma reforma da governança interna do setor, que torne esse gasto mais efetivo. 

A aula número 1 de um curso de introdução à economia se baseia na ideia de que desejos têm de caber dentro das restrições orçamentária e tecnológica. Infelizmente, parece que muito economista midiático tem se esquecido desse principio fundador.  
   

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