Uma plataforma que vai te ajudar a entender um pouco mais de economia.

A intuição de que vivemos num país machista, no qual as mulheres são normalmente tratadas como se estivessem no degrau debaixo, é corroborada pelos dados. O gráfico a seguir, construído com base no “Global Gender Gap Index” de 2016, deixa claro que estamos bem distantes da igualdade de gênero nos índices de empoderamento político e econômico.


É verdade que há uma relação entre renda do país e grau de igualdade de gênero, mas ela é muito fraca, bem tênue mesmo. Há muitos países pobres e de renda média com bom desempenho nesse quesito, e outros de renda média-alta que vão mal na foto, como mostra o gráfico abaixo, que usa o índice geral de igualdade de gênero (o que inclui as duas medidas acima e igualdade na educação e na saúde [1]. O que isso significa na prática é: não precisa esperar o país se desenvolver para atacar essa questão. Dá para melhorar bem com os recursos que já temos.



As vantagens comparativas: o caso da matemática Biologicamente, o homem é, em média, mais forte que a mulher. No passado isso lhe conferia claras vantagens comparativas. Hoje em dia, porém, é difícil imaginar algum tipo de vantagem comparativa associada a gênero - talvez valha para a construção civil? Ainda assim, vemos enormes diferenças em escolhas ocupacionais. O quanto isso está relacionado a estruturas sociais herdadas do passado é difícil precisar, mas podemos chutar que deve ser algo como “muito mesmo”. Vejamos o exemplo da matemática. O leitor já deve ter escutado por aí que meninas não vão tão bem em matemática (teve até ex-reitor de Harvard falando isso). Pois há um modelo que explica isso. Ele começa com seus pais e tios e avós e amigos dizendo que matemática não é para menina. Aí a menina que não é muito destemida fica acuada mesmo, e na primeira nota ruim confirma a máxima de que “meninas não vão bem em matemática”. E em parte por isso, podem se desestimular, estudar sem afinco e até desistir de uma carreira ou profissão em que a matemática seja essencial. Negar que esse efeito exista é negar que sejamos afetados pelo ambiente e pela estrutura de incentivos que nos cerca. Mas e se começássemos de novo, do zero, e o mundo fosse um lugar em que os pais falam para as meninas: “Claro que você tem capacidade de aprender matemática! Claro que você pode ser astrofísica se quiser!”. O que ocorreria? Como seria o desempenho das meninas em matemática? Antes de seguirmos adiante, precisamos considerar o outro lado desse preconceito: o pai que diz para o filho que enfermagem não é profissão para homem, que ele precisa fazer engenharia e não letras! Poesia é para mocinhas! Para deixarmos nosso ponto claro, usaremos os dados do teste PISA, uma avaliação internacional de quanto os alunos do ensino médio de vários países estão aprendendo em áreas como línguas, matemática e ciências. Como se vê no gráfico a seguir, parece incorreta a história de que meninos têm “por natureza” maior aptidão para matemática. Há bastante variação entre países. Nos países nórdicos, por exemplo, e em muitos asiáticos, essa diferença é negativa, ou seja, as meninas vão melhor em matemática. Não parece ser coincidência que entre os 10 países onde as meninas vão pior em relação aos meninos, 8 sejam de tradição latina.


  [1] Nesses dois pontos, educação e saúde, há muito menos dispersão entre os países e bastante progresso feito nas últimas décadas.  

Meninos são melhores que meninas em matemática?

A intuição de que vivemos num país machista, no qual as mulheres são normalmente tratadas como se estivessem no degrau debaixo, é corroborada pelos dados. O gráfico a seguir, construído com base no “Global Gender Gap Index” de 2016, deixa claro que estamos bem distantes da igualdade de gênero nos índices de empoderamento político e econômico.


É verdade que há uma relação entre renda do país e grau de igualdade de gênero, mas ela é muito fraca, bem tênue mesmo. Há muitos países pobres e de renda média com bom desempenho nesse quesito, e outros de renda média-alta que vão mal na foto, como mostra o gráfico abaixo, que usa o índice geral de igualdade de gênero (o que inclui as duas medidas acima e igualdade na educação e na saúde [1]. O que isso significa na prática é: não precisa esperar o país se desenvolver para atacar essa questão. Dá para melhorar bem com os recursos que já temos.





As vantagens comparativas: o caso da matemática Biologicamente, o homem é, em média, mais forte que a mulher. No passado isso lhe conferia claras vantagens comparativas. Hoje em dia, porém, é difícil imaginar algum tipo de vantagem comparativa associada a gênero - talvez valha para a construção civil? Ainda assim, vemos enormes diferenças em escolhas ocupacionais. O quanto isso está relacionado a estruturas sociais herdadas do passado é difícil precisar, mas podemos chutar que deve ser algo como “muito mesmo”. Vejamos o exemplo da matemática. O leitor já deve ter escutado por aí que meninas não vão tão bem em matemática (teve até ex-reitor de Harvard falando isso). Pois há um modelo que explica isso. Ele começa com seus pais e tios e avós e amigos dizendo que matemática não é para menina. Aí a menina que não é muito destemida fica acuada mesmo, e na primeira nota ruim confirma a máxima de que “meninas não vão bem em matemática”. E em parte por isso, podem se desestimular, estudar sem afinco e até desistir de uma carreira ou profissão em que a matemática seja essencial. Negar que esse efeito exista é negar que sejamos afetados pelo ambiente e pela estrutura de incentivos que nos cerca. Mas e se começássemos de novo, do zero, e o mundo fosse um lugar em que os pais falam para as meninas: “Claro que você tem capacidade de aprender matemática! Claro que você pode ser astrofísica se quiser!”. O que ocorreria? Como seria o desempenho das meninas em matemática? Antes de seguirmos adiante, precisamos considerar o outro lado desse preconceito: o pai que diz para o filho que enfermagem não é profissão para homem, que ele precisa fazer engenharia e não letras! Poesia é para mocinhas! Para deixarmos nosso ponto claro, usaremos os dados do teste PISA, uma avaliação internacional de quanto os alunos do ensino médio de vários países estão aprendendo em áreas como línguas, matemática e ciências. Como se vê no gráfico a seguir, parece incorreta a história de que meninos têm “por natureza” maior aptidão para matemática. Há bastante variação entre países. Nos países nórdicos, por exemplo, e em muitos asiáticos, essa diferença é negativa, ou seja, as meninas vão melhor em matemática. Não parece ser coincidência que entre os 10 países onde as meninas vão pior em relação aos meninos, 8 sejam de tradição latina.


  [1] Nesses dois pontos, educação e saúde, há muito menos dispersão entre os países e bastante progresso feito nas últimas décadas.  

Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?clique aqui e assine a nossa Newsletter.

Siga a gente no Facebook e Twitter!
Inscreva-se no nosso canal no YouTube!
Curta as nossas fotos no Instagram!

O que você achou desse texto?

*Não é necessário cadastro.

Avaliação de quem leu:

Avalie esse texto Não é necessário cadastro

A plataforma Por Quê?Economês em bom português nasceu em 2015, com o objetivo de explicar conceitos básicos de economia e tornar o noticiário econômico acessível ao público não especializado. Acreditamos que o raciocínio econômico é essencial para a compreensão da realidade que nos cerca.

Iniciativa

Bei editora
Usamos cookies por vários motivos, como manter o site do PQ? confiável ​​e seguro, personalizar conteúdo e anúncios,
fornecer recursos de mídia social e analisar como o site é usado. Para maiores informações veja nossa Política de Privacidade.