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Quem nunca sentou num balcão de boteco, pediu uma cerveja, café ou queijo quente (ou os três juntos!) e iniciou um bate-papo com o chapeiro ou algum desconhecido?

Vale tudo na resenha do bar: política, ciência, filosofia e futebol. Não existem regras. Qualquer um pode palpitar em qualquer assunto. Ninguém vai passar vergonha se disser que a Finlândia fica na África ou que Getúlio Vargas era catarinense. É papo de boteco, afinal!

Triste é quando vemos políticos, distantes de qualquer teor etílico, abrindo a boca para mostrar que não sabem nada do que falam. É o caso do já nem tão novo assim ministro da Saúde, de quem o Brasil mal sabe o nome.

(Já esqueci o nome do ministro de novo... Acho que sempre vou lembrar dele como o camarada que pensa que microfone de repórter equivale a balcão de boteco.)

O ministro anunciou planos para aumentar a frequência das visitas dos homens aos centros médicos da rede pública – o que, por si só, vai no caminho certo; síndrome de super-homem só serve para acelerar o sono eterno de muito machão por aí.

Mas daí o ministro solta a seguinte pérola:

“Eu acredito que é uma questão de hábito. Os homens trabalham mais, são os provedores da maioria das famílias e não acham tempo para a saúde preventiva.”

E foi assim que o ministro interino da Saúde (qual o nome dele mesmo?) foi imediatamente desmascarado como um tolo. Um tolo que adora falar sobre aquilo que não sabe.

Pesquisas domiciliares do IBGE mostram que a jornada de trabalho das mulheres no Brasil – incluindo o tempo no trabalho doméstico, quando chega em casa do serviço para cuidar da família toda – é, em média, 5 horas mais longa que a dos homens.

Sim. É ruim que o ministro fale uma bobagem que não corresponde à verdade. Mas o pior é pensar que ele faz isso por não se dar ao trabalho de refletir.

Pense aí: por que os homens fazem poucos exames? 

Primeiro, é possível que eles sejam menos informados sobre os riscos para sua saúde que as mulheres. E, se for assim, é de responsabilidade do Ministério da Saúde educar a população do sexo masculino.

Segundo, talvez os homens pensar menos nos filhos do que as mulheres e, ao contrário da maioria delas, colocam sua saúde em risco sem se preocupar com o futuro de seus dependentes.

Terceiro, pode haver alguma norma cultural que afaste os homens brasileiros dos médicos – aquela síndrome de super-homem da qual falávamos mais acima, por exemplo.

Viu só? Eu, Economista Mascarado, que não entendo LHUFAS de saúde, a não ser daquilo que o Google e a hipocondria me permitem saber, pensei no problema por só 10 minutos. E eu, leigo no assunto que sou, encontrei possibilidades aparentemente mais sensatas para explicar o porquê de os homens irem pouco aos consultórios.

Uma certeza tenho: qualquer especialista competente da área pode explicar melhor que eu. O ministro da Saúde, seguramente, deveria ser um desses especialistas. Ou, no mínimo, estar cercado deles a ponto de saber falar com propriedade sobre o tema.

Seria pedir demais que nossos ministros, antes de lançar um programa, escutem especialistas? 

Não passa pela cabeça deles entender a causa dos problemas que motivam as suas políticas?

Eles não se preocupam nem mesmo em parecer mais bem preparados diante de uma câmera? 

Como um ministro de estado aceita o papel de debatedor de balcão de boteco?

Infelizmente, essas perguntas finais a gente não consegue responder. A lógica não permite.

 

Alô, ministro da Saúde, por que não pensa antes de falar?

Quem nunca sentou num balcão de boteco, pediu uma cerveja, café ou queijo quente (ou os três juntos!) e iniciou um bate-papo com o chapeiro ou algum desconhecido? Vale tudo na resenha do bar: política, ciência, filosofia e futebol. Não existem regras. Qualquer um pode palpitar em qualquer assunto. Ninguém vai passar vergonha se disser que a Finlândia fica na África ou que Getúlio Vargas era catarinense. É papo de boteco, afinal! Triste é quando vemos políticos, distantes de qualquer teor etílico, abrindo a boca para mostrar que não sabem nada do que falam. É o caso do já nem tão novo assim ministro da Saúde, de quem o Brasil mal sabe o nome. (Já esqueci o nome do ministro de novo... Acho que sempre vou lembrar dele como o camarada que pensa que microfone de repórter equivale a balcão de boteco.) O ministro anunciou planos para aumentar a frequência das visitas dos homens aos centros médicos da rede pública – o que, por si só, vai no caminho certo; síndrome de super-homem só serve para acelerar o sono eterno de muito machão por aí. Mas daí o ministro solta a seguinte pérola: “Eu acredito que é uma questão de hábito. Os homens trabalham mais, são os provedores da maioria das famílias e não acham tempo para a saúde preventiva.” E foi assim que o ministro interino da Saúde (qual o nome dele mesmo?) foi imediatamente desmascarado como um tolo. Um tolo que adora falar sobre aquilo que não sabe. Pesquisas domiciliares do IBGE mostram que a jornada de trabalho das mulheres no Brasil – incluindo o tempo no trabalho doméstico, quando chega em casa do serviço para cuidar da família toda – é, em média, 5 horas mais longa que a dos homens. Sim. É ruim que o ministro fale uma bobagem que não corresponde à verdade. Mas o pior é pensar que ele faz isso por não se dar ao trabalho de refletir. Pense aí: por que os homens fazem poucos exames? Primeiro, é possível que eles sejam menos informados sobre os riscos para sua saúde que as mulheres. E, se for assim, é de responsabilidade do Ministério da Saúde educar a população do sexo masculino. Segundo, talvez os homens pensar menos nos filhos do que as mulheres e, ao contrário da maioria delas, colocam sua saúde em risco sem se preocupar com o futuro de seus dependentes. Terceiro, pode haver alguma norma cultural que afaste os homens brasileiros dos médicos – aquela síndrome de super-homem da qual falávamos mais acima, por exemplo. Viu só? Eu, Economista Mascarado, que não entendo LHUFAS de saúde, a não ser daquilo que o Google e a hipocondria me permitem saber, pensei no problema por só 10 minutos. E eu, leigo no assunto que sou, encontrei possibilidades aparentemente mais sensatas para explicar o porquê de os homens irem pouco aos consultórios. Uma certeza tenho: qualquer especialista competente da área pode explicar melhor que eu. O ministro da Saúde, seguramente, deveria ser um desses especialistas. Ou, no mínimo, estar cercado deles a ponto de saber falar com propriedade sobre o tema. Seria pedir demais que nossos ministros, antes de lançar um programa, escutem especialistas? Não passa pela cabeça deles entender a causa dos problemas que motivam as suas políticas? Eles não se preocupam nem mesmo em parecer mais bem preparados diante de uma câmera? Como um ministro de estado aceita o papel de debatedor de balcão de boteco? Infelizmente, essas perguntas finais a gente não consegue responder. A lógica não permite.  
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