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O número de investidores na Bolsa vem batendo recordes. No final de 2018, eram 700 mil. No final de 2019, esse número dobrou e foi para 1,4 milhão de pessoas. Esse pulo chama a atenção porque destoa do que aconteceu nos anos anteriores: o número oscilou pouco e se manteve ao redor de 500 mil investidores desde 2010.

Apesar da tempestade causada pelo coronavírus, os números mais recentes sugerem um crescimento ainda mais expressivo em 2020. Até maio deste ano, o número de novas contas cresceu 47%, o que indica que o número de investidores já superou a marca dos 2 milhões.

Esse movimento é positivo. Com o cenário de juros baixos que se configura para os próximos anos, o investidor terá de assumir riscos se quiser retornos maiores. Nesse sentido, a Bolsa oferece uma lista interessante de ativos que permite a ele diversificar sua carteira sem pagar muito caro para tanto, como é o caso dos fundos passivos negociados na Bolsa (os Exchange Traded Funds, ou ETFs) e dos ativos de outros países negociados aqui (Brazilian Depositary Receipts, ou BDRs).

Mas é importante que o investidor tome cuidado com as armadilhas da Bolsa. Ela oferece produtos voláteis e extremamente arriscados, que podem fazer desaparecer em poucos pregões o dinheiro acumulado ao longo de uma vida. Esses ativos são negociados por grandes instituições financeiras que investem milhões de dólares em tecnologia e em informação para tomar a melhor decisão possível em milissegundos.

O investidor novato que pretende especular contra essas grandes instituições não tem nenhuma chance.

As vítimas mais frequentes são os investidores que acreditam que é possível bater o mercado operando em casa. Muitas dessas vítimas caem nas histórias de youtubers e vendedores de cursos online, que oferecem estratégias milagrosas mas ineficazes na prática. Infelizmente, sabemos que esse tipo de promessa tende a aparecer em momentos de dificuldade, particularmente agora, quando as pessoas procuram novas fontes de renda no home office.

Às vezes as armadilhas são impostas por nós mesmos. São os chamados vieses comportamentais: reações naturais que as pessoas têm e que muitas vezes fazem sentido, mas que no contexto dos investimentos estão erradas. Temos uma tendência natural a comprar quando o preço cai, por exemplo. Faz sentido querer comprar uma camiseta quando há um desconto por ela. No caso das ações, isso nem sempre é verdade. Uma ação que caiu de preço pode não se recuperar mais. Isso porque a queda de preço costuma trazer consigo uma nova informação negativa sobre a empresa, muitas vezes não evidente no primeiro momento para o investidor.

O aumento do número de investidores na Bolsa pode ser comemorado, mas desde que os investidores não estejam caindo em armadilhas.

COLUNA PUBLICADA NA FOLHA DE SÃO PAULO

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Novatos na Bolsa: cuidado com as armadilhas

O número de investidores na Bolsa vem batendo recordes. No final de 2018, eram 700 mil. No final de 2019, esse número dobrou e foi para 1,4 milhão de pessoas. Esse pulo chama a atenção porque destoa do que aconteceu nos anos anteriores: o número oscilou pouco e se manteve ao redor de 500 mil investidores desde 2010.

Apesar da tempestade causada pelo coronavírus, os números mais recentes sugerem um crescimento ainda mais expressivo em 2020. Até maio deste ano, o número de novas contas cresceu 47%, o que indica que o número de investidores já superou a marca dos 2 milhões.

Esse movimento é positivo. Com o cenário de juros baixos que se configura para os próximos anos, o investidor terá de assumir riscos se quiser retornos maiores. Nesse sentido, a Bolsa oferece uma lista interessante de ativos que permite a ele diversificar sua carteira sem pagar muito caro para tanto, como é o caso dos fundos passivos negociados na Bolsa (os Exchange Traded Funds, ou ETFs) e dos ativos de outros países negociados aqui (Brazilian Depositary Receipts, ou BDRs).

Mas é importante que o investidor tome cuidado com as armadilhas da Bolsa. Ela oferece produtos voláteis e extremamente arriscados, que podem fazer desaparecer em poucos pregões o dinheiro acumulado ao longo de uma vida. Esses ativos são negociados por grandes instituições financeiras que investem milhões de dólares em tecnologia e em informação para tomar a melhor decisão possível em milissegundos.

O investidor novato que pretende especular contra essas grandes instituições não tem nenhuma chance.

As vítimas mais frequentes são os investidores que acreditam que é possível bater o mercado operando em casa. Muitas dessas vítimas caem nas histórias de youtubers e vendedores de cursos online, que oferecem estratégias milagrosas mas ineficazes na prática. Infelizmente, sabemos que esse tipo de promessa tende a aparecer em momentos de dificuldade, particularmente agora, quando as pessoas procuram novas fontes de renda no home office.

Às vezes as armadilhas são impostas por nós mesmos. São os chamados vieses comportamentais: reações naturais que as pessoas têm e que muitas vezes fazem sentido, mas que no contexto dos investimentos estão erradas. Temos uma tendência natural a comprar quando o preço cai, por exemplo. Faz sentido querer comprar uma camiseta quando há um desconto por ela. No caso das ações, isso nem sempre é verdade. Uma ação que caiu de preço pode não se recuperar mais. Isso porque a queda de preço costuma trazer consigo uma nova informação negativa sobre a empresa, muitas vezes não evidente no primeiro momento para o investidor.

O aumento do número de investidores na Bolsa pode ser comemorado, mas desde que os investidores não estejam caindo em armadilhas.

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