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Políticas de controle de preços quase sempre dão errado. Para entender por que, vejamos como funciona o sistema de preços em uma economia de mercado onde esses controles estão ausentes. Quando a escassez de um produto fica mais aguda, os preços sobem. As vendas do item tornam-se então mais lucrativas, incentivando produtores a ofertar mais. O movimento ainda ajuda a segurar um pouco o ímpeto dos consumidores a comprarem. Esses dois efeitos (aumento da quantidade ofertada pelos produtores, e redução da quantidade demandada pelos consumidores) fazem com que produção e consumo se alinhem novamente.

Se o governo impõe um controle de preços, o sinal de que o produto ficou mais caro não chega aos participantes do mercado. Como consequência, a oferta não sobe e a demanda não arrefece. O produto some das lojas.

Por conta desses problemas, congelamentos de preços não tendem a durar muito tempo. Só que, em alguns mercados, essa potencial vida curta da política torna ainda mais aguda a escassez. Isso porque produtores podem esperar para vender o produto, na esperança de conseguir um preço mais alto quando a política for abandonada.

Tivemos uma amostra muito clara desse efeito no mercado de carne, durante o Plano Cruzado em 1986. Naquela época, o governo tentava debelar um processo já hiperinflacionário controlando preços na marra. Havia uma tabela, com preços máximos a serem praticados para diversos itens.

Pecuaristas preferiam não abater seus bois, mesmo estando aptos ao corte. A carne sumiu do mercado. Era sim possível obtê-la, porém no mercado negro e com ágio.

Então o governo decidiu confiscar bois de algumas fazendas, para que a carne chegasse aos consumidores. Inclusive mandou agentes da Polícia Federal para caçar bois no pasto. Veja aqui e aqui.

Ainda bem que essa insanidade durou pouco. Se persistisse por muito tempo, pouca gente teria interesse em produzir carne (e muitos outros produtos). A falta de produto seria catastrófica. Nenhum confisco seria capaz de levar carne ao mercado consumidor, porque provavelmente não haveria um número suficiente de bois sendo criados.

Caso esse episódio bizarro da nossa história econômica recente tenha despertado sua curiosidade, confira – aqui e aqui – duas reportagens da época.



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O bizarro episódio do boi no pasto durante o Plano Cruzado

Políticas de controle de preços quase sempre dão errado. Para entender por que, vejamos como funciona o sistema de preços em uma economia de mercado onde esses controles estão ausentes. Quando a escassez de um produto fica mais aguda, os preços sobem. As vendas do item tornam-se então mais lucrativas, incentivando produtores a ofertar mais. O movimento ainda ajuda a segurar um pouco o ímpeto dos consumidores a comprarem. Esses dois efeitos (aumento da quantidade ofertada pelos produtores, e redução da quantidade demandada pelos consumidores) fazem com que produção e consumo se alinhem novamente.


Se o governo impõe um controle de preços, o sinal de que o produto ficou mais caro não chega aos participantes do mercado. Como consequência, a oferta não sobe e a demanda não arrefece. O produto some das lojas.

Por conta desses problemas, congelamentos de preços não tendem a durar muito tempo. Só que, em alguns mercados, essa potencial vida curta da política torna ainda mais aguda a escassez. Isso porque produtores podem esperar para vender o produto, na esperança de conseguir um preço mais alto quando a política for abandonada.

Tivemos uma amostra muito clara desse efeito no mercado de carne, durante o Plano Cruzado em 1986. Naquela época, o governo tentava debelar um processo já hiperinflacionário controlando preços na marra. Havia uma tabela, com preços máximos a serem praticados para diversos itens.

Pecuaristas preferiam não abater seus bois, mesmo estando aptos ao corte. A carne sumiu do mercado. Era sim possível obtê-la, porém no mercado negro e com ágio.

Então o governo decidiu confiscar bois de algumas fazendas, para que a carne chegasse aos consumidores. Inclusive mandou agentes da Polícia Federal para caçar bois no pasto. Veja aqui e aqui.

Ainda bem que essa insanidade durou pouco. Se persistisse por muito tempo, pouca gente teria interesse em produzir carne (e muitos outros produtos). A falta de produto seria catastrófica. Nenhum confisco seria capaz de levar carne ao mercado consumidor, porque provavelmente não haveria um número suficiente de bois sendo criados.

Caso esse episódio bizarro da nossa história econômica recente tenha despertado sua curiosidade, confira – aqui e aqui – duas reportagens da época.







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