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No setor privado, em tempos de desastre econômico, muitas pessoas ficam desempregadas e comem o tal do pão amassado pelo Cujo, Esquerdo ou Tinhoso. Quando comem. No setor público, no entanto, o Cramunhão não põe o pé. Evocando Guimarães Rosa, por lá eles "têm pacto". Enquanto famílias ficam desempregadas ou passam por brutal redução da renda, no setor público o céu segue de brigadeiro. Excomunguemos! 


Pense no mercado de trabalho em termos de duas variáveis: emprego – ou desemprego – e salário. O primeiro é a medida de quantidade; o segundo, a de preço. O fato de normalmente existir uma grande rigidez nos preços gera um desastre do lado da quantidade. Vejamos.


Em tempos de vacas magras, um empresário que emprega mil funcionários pagando cem para cada um se vê com duas opções quando a receita cai de 100 para 50 mil. Ele pode despedir cinquenta pessoas ou não despedir ninguém mas cortar os salários pela metade. Há também inúmeras combinações no meio do caminho entre essas duas opções. Quando as leis trabalhistas tornam reduções de salário são juridicamente impossíveis, o impacto de uma recessão sobre o emprego é brutal – já que com zero ajuste no preço, cai tudo nas costas da quantidade. O desemprego em alta, por sua vez, gera uma série de problemas para diversas famílias, e também um problema para as empresas, pois quando a recessão aca-bar elas terão que incorrer em diversos custos de recontratação e retreinamento. 


Com a nova legislação trabalhista, implementada no governo de Michel Temer, há maior espaço legal para acordos de redução temporária de salários, o que é bom para todos e vai se provar importante nesses tempos de cólera. Se você ainda não se convenceu após ler o parágrafo precedente, vamos tornar a coisa mais pessoal (sempre ajuda). Responda a si mesmo: sob o véu da ignorância, ou seja, sem saber se você será ou não o funcionário a perder o emprego na crise, o que você escolheria em termos de legislação trabalhista: rigidez ou flexibilidade salarial? 


Agora, para pirar o cabeção: nada disso te pertence se você é funcionário público! Lembrando que no Brasil, em tempos de normalidade, o funcionário público médio já tem salário mais elevado que seu semelhante, que escolheu trabalhar no setor privado, mesmo tendo estabilidade, boa aposentadoria e, não raro, pouca cobrança. Não entendam errado: o funcionário público é essencial para a sociedade, e precisa ser remunerado de acordo com sua capacitação e função. Mas por que ser melhor pago que o cidadão do setor privado?


Pois bem, a crise chegou e o PIB, a renda e a arrecadação de impostos vão desabar em meio a um aumento do desemprego. O governo precisará aumentar seus gastos para proteger os mais vulneráveis, e a dívida pública vai para a Lua – por bons motivos. E o salário do funcionalismo? Será reduzido para ajudar no orçamento de guerra? Poupemos os que ganham até cinco salários mínimos, mas e os outros? Por que seus salários não deveriam ser reduzidos? Alguém aí tem uma razão que seja para que eles não caiam? Alô, alguém?



COLUNA PUBLICADA NA FOLHA DE SÃO PAULO



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O público e o privado no meio do redemoinho

No setor privado, em tempos de desastre econômico, muitas pessoas ficam desempregadas e comem o tal do pão amassado pelo Cujo, Esquerdo ou Tinhoso. Quando comem. No setor público, no entanto, o Cramunhão não põe o pé. Evocando Guimarães Rosa, por lá eles "têm pacto". Enquanto famílias ficam desempregadas ou passam por brutal redução da renda, no setor público o céu segue de brigadeiro. Excomunguemos! 



Pense no mercado de trabalho em termos de duas variáveis: emprego – ou desemprego – e salário. O primeiro é a medida de quantidade; o segundo, a de preço. O fato de normalmente existir uma grande rigidez nos preços gera um desastre do lado da quantidade. Vejamos.


Em tempos de vacas magras, um empresário que emprega mil funcionários pagando cem para cada um se vê com duas opções quando a receita cai de 100 para 50 mil. Ele pode despedir cinquenta pessoas ou não despedir ninguém mas cortar os salários pela metade. Há também inúmeras combinações no meio do caminho entre essas duas opções. Quando as leis trabalhistas tornam reduções de salário são juridicamente impossíveis, o impacto de uma recessão sobre o emprego é brutal – já que com zero ajuste no preço, cai tudo nas costas da quantidade. O desemprego em alta, por sua vez, gera uma série de problemas para diversas famílias, e também um problema para as empresas, pois quando a recessão aca-bar elas terão que incorrer em diversos custos de recontratação e retreinamento. 


Com a nova legislação trabalhista, implementada no governo de Michel Temer, há maior espaço legal para acordos de redução temporária de salários, o que é bom para todos e vai se provar importante nesses tempos de cólera. Se você ainda não se convenceu após ler o parágrafo precedente, vamos tornar a coisa mais pessoal (sempre ajuda). Responda a si mesmo: sob o véu da ignorância, ou seja, sem saber se você será ou não o funcionário a perder o emprego na crise, o que você escolheria em termos de legislação trabalhista: rigidez ou flexibilidade salarial? 


Agora, para pirar o cabeção: nada disso te pertence se você é funcionário público! Lembrando que no Brasil, em tempos de normalidade, o funcionário público médio já tem salário mais elevado que seu semelhante, que escolheu trabalhar no setor privado, mesmo tendo estabilidade, boa aposentadoria e, não raro, pouca cobrança. Não entendam errado: o funcionário público é essencial para a sociedade, e precisa ser remunerado de acordo com sua capacitação e função. Mas por que ser melhor pago que o cidadão do setor privado?


Pois bem, a crise chegou e o PIB, a renda e a arrecadação de impostos vão desabar em meio a um aumento do desemprego. O governo precisará aumentar seus gastos para proteger os mais vulneráveis, e a dívida pública vai para a Lua – por bons motivos. E o salário do funcionalismo? Será reduzido para ajudar no orçamento de guerra? Poupemos os que ganham até cinco salários mínimos, mas e os outros? Por que seus salários não deveriam ser reduzidos? Alguém aí tem uma razão que seja para que eles não caiam? Alô, alguém?



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