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O Museu Nacional do Rio de Janeiro queimou. O fogo levou o palácio da Quinta da Boa Vista e grande parte do acervo. Ficamos mais pobres, com menos história.

Foi uma tragédia anunciada. Uma breve pesquisa na internet permite-nos encontrar várias reportagens alertando para os riscos de incêndio. Em 2004, o governo federal já teria prometido verba para reformar o prédio, que já apresentava problemas elétrico, resultado de uma crise que se arrastava havia 40 anos, conforme o então diretor. Não sabemos ao certo, mas ao que tudo indica, o pedido de verbas não foi bem-sucedido.

Parte do museu se foi, mas ainda restou a oportunidade de aprendermos três lições importantes.

A primeira lição é a necessidade de criarmos uma cultura de accountability, isto é, de determinar quem são os responsáveis e puni-los quando fracassam. Estamos tão distantes dessa cultura que nem temos uma tradução ao português da palavra accountability. Cabia à UFRJ administrar o Museu Nacional. É, portanto, responsabilidade de seu reitor preservar a integridade do museu. Se a reitoria não tinha verbas para as reformas necessárias, o papel do reitor seria encontrá-las ou passar o museu adiante para quem pudesse preservá-lo melhor. A diretoria e o corpo técnico do Museu Nacional também compartilham responsabilidade. Afinal, aprendemos que o museu não tinha uma brigada de incêndio, o que demonstra descaso e irresponsabilidade até de quem dedicou a vida à instituição.

A segunda lição é que prioridades importam. A destruição é resultado de escolhas de prioridade do governo brasileiro ao longo dos anos. Desde os anos 2000, gastaram-se bilhões para a construção de novos museus em detrimento das verbas para reparos e manutenção do o Museu Nacional. E não vamos nem falar dos outros gastos, como os estádios para a Copa do Mundo, os subsídios via BNDES para bilionários especularem, as transferências ara governos amigos ou o aumento dado aos ministros do STF semana passada...

 


A terceira lição é que este incêndio não é o fundo do poço. Se não agirmos para estancar a crise fiscal, e isso significa aprovar  uma reforma da Previdência que estanque permanentemente os déficits públicos e redimensionar os  salários dos servidores de elite para caberem dentro da realidade brasileira, os recursos públicos para museus, saúde, educação, saneamento básico, segurança pública vão minguar ao longo dos anos. Não vai ser apenas o passado que vai queimar, mas o futuro também.

Originalmente publicado na Coluna do Por Quê? na Folha

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O que o incêndio do Museu Nacional ensina?

O Museu Nacional do Rio de Janeiro queimou. O fogo levou o palácio da Quinta da Boa Vista e grande parte do acervo. Ficamos mais pobres, com menos história. Foi uma tragédia anunciada. Uma breve pesquisa na internet permite-nos encontrar várias reportagens alertando para os riscos de incêndio. Em 2004, o governo federal já teria prometido verba para reformar o prédio, que já apresentava problemas elétrico, resultado de uma crise que se arrastava havia 40 anos, conforme o então diretor. Não sabemos ao certo, mas ao que tudo indica, o pedido de verbas não foi bem-sucedido. Parte do museu se foi, mas ainda restou a oportunidade de aprendermos três lições importantes. A primeira lição é a necessidade de criarmos uma cultura de accountability, isto é, de determinar quem são os responsáveis e puni-los quando fracassam. Estamos tão distantes dessa cultura que nem temos uma tradução ao português da palavra accountability. Cabia à UFRJ administrar o Museu Nacional. É, portanto, responsabilidade de seu reitor preservar a integridade do museu. Se a reitoria não tinha verbas para as reformas necessárias, o papel do reitor seria encontrá-las ou passar o museu adiante para quem pudesse preservá-lo melhor. A diretoria e o corpo técnico do Museu Nacional também compartilham responsabilidade. Afinal, aprendemos que o museu não tinha uma brigada de incêndio, o que demonstra descaso e irresponsabilidade até de quem dedicou a vida à instituição. A segunda lição é que prioridades importam. A destruição é resultado de escolhas de prioridade do governo brasileiro ao longo dos anos. Desde os anos 2000, gastaram-se bilhões para a construção de novos museus em detrimento das verbas para reparos e manutenção do o Museu Nacional. E não vamos nem falar dos outros gastos, como os estádios para a Copa do Mundo, os subsídios via BNDES para bilionários especularem, as transferências ara governos amigos ou o aumento dado aos ministros do STF semana passada...   ? A terceira lição é que este incêndio não é o fundo do poço. Se não agirmos para estancar a crise fiscal, e isso significa aprovar  uma reforma da Previdência que estanque permanentemente os déficits públicos e redimensionar os  salários dos servidores de elite para caberem dentro da realidade brasileira, os recursos públicos para museus, saúde, educação, saneamento básico, segurança pública vão minguar ao longo dos anos. Não vai ser apenas o passado que vai queimar, mas o futuro também. Originalmente publicado na Coluna do Por Quê? na Folha Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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