Uma plataforma que vai te ajudar a entender um pouco mais de economia.

Depois de grande expectativa, a Bolsa finalmente chegou aos 100.000 pontos. O que esse número significa? Sozinho, não muita coisa.

O Ibovespa – Índice da Bolsa de Valores de São Paulo – fornece uma noção do valor das principais ações transacionadas. Para compor o índice, é montada uma carteira de ações, em que aquelas com maior volume de transações recebem maior ponderação. Bancos e grandes estatais estão entre as empresas que mais pesam no índice.

O Ibovespa nos informa como o valor de mercado dessa carteira varia ao longo do tempo. Mas o índice isolado, em um determinado dia, não significa nada.

O índice começou a ser apurado em 1968. Em 2 de janeiro daquele ano, foi normalizado em 100. Como funciona essa normalização?

Suponha que, no dia seguinte, o valor seja 102 – esse não é o valor real, é só um exemplo. Isso quer dizer que a Bolsa valorizou 2% entre os dois dias. Em outras palavras, quem comprou a carteira de ações que compõe o Ibovespa, e vendeu no dia seguinte, ganhou 2% nessa brincadeira. Note que o valor 102 significa alguma coisa apenas porque há uma data de referência (em que foi feita a normalização). Sozinho não nos informa nada.

Suponha agora que, em vez de usar o valor 100, normalizássemos em 1000. O valor do dia seguinte deveria também ser ajustado de acordo – ou seja, 1020 em vez de 102. Isso faz com que a Bolsa fique 10 vezes mais valiosa? Óbvio que não! É apenas resultado da forma como normalizamos.

Veja que, nessa forma alternativa, o ganho percentual entre os dois dias continua o mesmo: 2%. A variação, que é o que importa para quem está investindo, não depende do valor usado para normalizar.

https://youtu.be/rzKTvWlX_ns

Ao longo dos anos, a normalização sofreu mudanças. Por exemplo, entre 1983 e 1997, houve 11 cortes de zero no índice (detalhes aqui). Foi um período de inflação muito alta, que também puxa para cima os valores nominais das ações. O índice ficaria enorme, o que justificaria tais alterações.

Se três desses cortes não tivessem sido feitos, o Ibovespa estaria próximo de 1 milhão em vez de 100.000 pontos. 1 milhão parece bem melhor, certo? No caso, isso é ilusório, porque se trata apenas de uma mudança na normalização.

Como dissemos, o que importa é a variação no tempo. Se pensarmos que há 3 meses a Bolsa estava com 85.000 pontos, 100.000 realmente começa a parecer mais interessante. Novamente, note que 100 mil só passa a fazer sentido quando comparado a 85.000, e não por si só.

Pode haver, entretanto, algum efeito psicológico sobre o mercado. Como 100 mil pontos é algo bastante saliente, isso poderia animar os investidores a buscar a Bolsa. Seria um movimento basicamente comportamental por parte dos participantes do mercado de ações, pois não tem nada a ver com a rentabilidade das empresas que compõem a Bolsa. Convenhamos, não dá para acreditar que alguma companhia ficou mais lucrativa no exato instante em que a Bolsa cruzou o patamar dos 100 mil.

Precisaríamos de um estudo empírico mais rigoroso para detectar se houve esse efeito. De toda forma, ele não parece muito forte, pois a Bolsa não disparou depois que rompeu os 100 mil pontos. Na verdade, até caiu bastante nos últimos dias e no momento encontra-se na casa dos 95 mil pontos, fruto da instabilidade política e da incerteza quanto ao futuro da reforma da Previdência.

Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.

Siga a gente no Facebook e Twitter! Inscreva-se no nosso canal no YouTube! Curta as nossas fotos no Instagram!

Mande uma mensagem pra gente e receba nosso conteúdo no seu celular: (11) 99435-0365

 

Os 100 mil pontos da Bolsa

Depois de grande expectativa, a Bolsa finalmente chegou aos 100.000 pontos. O que esse número significa? Sozinho, não muita coisa. O Ibovespa – Índice da Bolsa de Valores de São Paulo – fornece uma noção do valor das principais ações transacionadas. Para compor o índice, é montada uma carteira de ações, em que aquelas com maior volume de transações recebem maior ponderação. Bancos e grandes estatais estão entre as empresas que mais pesam no índice. O Ibovespa nos informa como o valor de mercado dessa carteira varia ao longo do tempo. Mas o índice isolado, em um determinado dia, não significa nada. O índice começou a ser apurado em 1968. Em 2 de janeiro daquele ano, foi normalizado em 100. Como funciona essa normalização? Suponha que, no dia seguinte, o valor seja 102 – esse não é o valor real, é só um exemplo. Isso quer dizer que a Bolsa valorizou 2% entre os dois dias. Em outras palavras, quem comprou a carteira de ações que compõe o Ibovespa, e vendeu no dia seguinte, ganhou 2% nessa brincadeira. Note que o valor 102 significa alguma coisa apenas porque há uma data de referência (em que foi feita a normalização). Sozinho não nos informa nada. Suponha agora que, em vez de usar o valor 100, normalizássemos em 1000. O valor do dia seguinte deveria também ser ajustado de acordo – ou seja, 1020 em vez de 102. Isso faz com que a Bolsa fique 10 vezes mais valiosa? Óbvio que não! É apenas resultado da forma como normalizamos. Veja que, nessa forma alternativa, o ganho percentual entre os dois dias continua o mesmo: 2%. A variação, que é o que importa para quem está investindo, não depende do valor usado para normalizar. https://youtu.be/rzKTvWlX_ns Ao longo dos anos, a normalização sofreu mudanças. Por exemplo, entre 1983 e 1997, houve 11 cortes de zero no índice (detalhes aqui). Foi um período de inflação muito alta, que também puxa para cima os valores nominais das ações. O índice ficaria enorme, o que justificaria tais alterações. Se três desses cortes não tivessem sido feitos, o Ibovespa estaria próximo de 1 milhão em vez de 100.000 pontos. 1 milhão parece bem melhor, certo? No caso, isso é ilusório, porque se trata apenas de uma mudança na normalização. Como dissemos, o que importa é a variação no tempo. Se pensarmos que há 3 meses a Bolsa estava com 85.000 pontos, 100.000 realmente começa a parecer mais interessante. Novamente, note que 100 mil só passa a fazer sentido quando comparado a 85.000, e não por si só. Pode haver, entretanto, algum efeito psicológico sobre o mercado. Como 100 mil pontos é algo bastante saliente, isso poderia animar os investidores a buscar a Bolsa. Seria um movimento basicamente comportamental por parte dos participantes do mercado de ações, pois não tem nada a ver com a rentabilidade das empresas que compõem a Bolsa. Convenhamos, não dá para acreditar que alguma companhia ficou mais lucrativa no exato instante em que a Bolsa cruzou o patamar dos 100 mil. Precisaríamos de um estudo empírico mais rigoroso para detectar se houve esse efeito. De toda forma, ele não parece muito forte, pois a Bolsa não disparou depois que rompeu os 100 mil pontos. Na verdade, até caiu bastante nos últimos dias e no momento encontra-se na casa dos 95 mil pontos, fruto da instabilidade política e da incerteza quanto ao futuro da reforma da Previdência. Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
Siga a gente no Facebook e Twitter! Inscreva-se no nosso canal no YouTube! Curta as nossas fotos no Instagram!


Mande uma mensagem pra gente e receba nosso conteúdo no seu celular: (11) 99435-0365


 
Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?clique aqui e assine a nossa Newsletter.

Siga a gente no Facebook e Twitter!
Inscreva-se no nosso canal no YouTube!
Curta as nossas fotos no Instagram!

O que você achou desse texto?

*Não é necessário cadastro.

Avaliação de quem leu:

Avalie esse texto Não é necessário cadastro

A plataforma Por Quê?Economês em bom português nasceu em 2015, com o objetivo de explicar conceitos básicos de economia e tornar o noticiário econômico acessível ao público não especializado. Acreditamos que o raciocínio econômico é essencial para a compreensão da realidade que nos cerca.

Iniciativa

Bei editora
Usamos cookies por vários motivos, como manter o site do PQ? confiável ​​e seguro, personalizar conteúdo e anúncios,
fornecer recursos de mídia social e analisar como o site é usado. Para maiores informações veja nossa Política de Privacidade.