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Quase nada é de graça nesse mundo. Talvez a única exceção seja o ar que respiramos – mas, a depender dos níveis de poluição, pode ser que ar puro torne-se também um item escasso no futuro. Da mesma forma, não há passagem de ônibus gratuita da perspectiva da sociedade.

Se você anda de ônibus, mas o governo lhe isenta o pagamento da passagem, ele ainda tem de pagar os salários de motoristas e cobradores, combustíveis, manutenção dos veículos... E por aí vai.

Isso tudo custa dinheiro e ele não nasce em árvore. E de onde vem essa grana? Dos impostos que você paga. Ou seja, se tivéssemos passe livre, ninguém colocaria a mão no bolso para comprar passagem, mas só porque há gente pagando impostos por isso.

Como no mundo inteiro, por aqui o transporte público é fortemente subsidiado. Com a inflação em alta, os custos das empresas de transporte público também sobem. O combustível fica mais caro, os funcionários têm reajustes salarias a vencer e coisa e tal.

Nessa lógica, se não houvesse reajustes na passagem, seria necessário então que o governo aumentasse cada vez mais o subsídio para manter as empresas operando.

Isso significaria mais pressão nos orçamentos das prefeituras, já em frangalhos por causa da queda na arrecadação. Na ausência do reajuste nas passagens, seria preciso conseguir usar ainda mais dinheiro público – ou por meio da cobrança de mais impostos, ou por meio da realocação de gastos.

Para conseguir essa grana extra para o passe livre, teríamos de dar mais dinheiro para os governos ou arcar com cortes de investimento em áreas como saúde, educação, segurança, parques...

Na atual conjuntura de cobertor curto da economia brasileira, isso parece bem difícil de ser feito. Estão aí os casos de atrasos no pagamento de funcionários públicos e fornecedores e a falta de dinheiro para a saúde pública, entre outros coisas, estampadas nos jornais todos os dias.

A gestão pública poderia, sim, deixar de aumentar impostos e cortar gastos em nome do passe livre. Bastaria deixar o preço da passagem fixo e não aumentar o subsídio. Isso causaria a diminuição da lucratividade das empresas de ônibus, assim como seus incentivos a prover um serviço de qualidade – qualidade, essa, que já é discutível mesmo com os incentivos atuais.

Algumas dessas empresas (provavelmente as melhores) simplesmente desistiriam de continuar no negócio. Outras só continuariam se cortassem custos. Para isso ofereceriam um serviço ainda pior do que o atual – por exemplo, deixariam de fazer manutenção nos veículos.

A discussão que faz uma parte da população tomar as ruas está centrada em aumentar ou não a passagem ou até em torná-la gratuita. Se você defende esses pontos, saiba: isso é sim possível. Mas, como dito lá no topo do texto, nada é de graça. É preciso ter em mente que há custos envolvidos e que a coisa não é tão simples como pode parecer.

Resumindo a questão, um transporte mais barato tende a trazer três possíveis sacrifícios para toda a sociedade:

1) Impostos mais elevados;

2) Menos gastos em outras áreas;

3) Ou nenhuma das duas coisas e um serviço de pior qualidade.


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Passe livre: por que essa não é uma escolha fácil?

Quase nada é de graça nesse mundo. Talvez a única exceção seja o ar que respiramos – mas, a depender dos níveis de poluição, pode ser que ar puro torne-se também um item escasso no futuro. Da mesma forma, não há passagem de ônibus gratuita da perspectiva da sociedade.

Se você anda de ônibus, mas o governo lhe isenta o pagamento da passagem, ele ainda tem de pagar os salários de motoristas e cobradores, combustíveis, manutenção dos veículos... E por aí vai.

Isso tudo custa dinheiro e ele não nasce em árvore. E de onde vem essa grana? Dos impostos que você paga. Ou seja, se tivéssemos passe livre, ninguém colocaria a mão no bolso para comprar passagem, mas só porque há gente pagando impostos por isso.

Como no mundo inteiro, por aqui o transporte público é fortemente subsidiado. Com a inflação em alta, os custos das empresas de transporte público também sobem. O combustível fica mais caro, os funcionários têm reajustes salarias a vencer e coisa e tal.

Nessa lógica, se não houvesse reajustes na passagem, seria necessário então que o governo aumentasse cada vez mais o subsídio para manter as empresas operando.

Isso significaria mais pressão nos orçamentos das prefeituras, já em frangalhos por causa da queda na arrecadação. Na ausência do reajuste nas passagens, seria preciso conseguir usar ainda mais dinheiro público – ou por meio da cobrança de mais impostos, ou por meio da realocação de gastos.

Para conseguir essa grana extra para o passe livre, teríamos de dar mais dinheiro para os governos ou arcar com cortes de investimento em áreas como saúde, educação, segurança, parques...

Na atual conjuntura de cobertor curto da economia brasileira, isso parece bem difícil de ser feito. Estão aí os casos de atrasos no pagamento de funcionários públicos e fornecedores e a falta de dinheiro para a saúde pública, entre outros coisas, estampadas nos jornais todos os dias.

A gestão pública poderia, sim, deixar de aumentar impostos e cortar gastos em nome do passe livre. Bastaria deixar o preço da passagem fixo e não aumentar o subsídio. Isso causaria a diminuição da lucratividade das empresas de ônibus, assim como seus incentivos a prover um serviço de qualidade – qualidade, essa, que já é discutível mesmo com os incentivos atuais.

Algumas dessas empresas (provavelmente as melhores) simplesmente desistiriam de continuar no negócio. Outras só continuariam se cortassem custos. Para isso ofereceriam um serviço ainda pior do que o atual – por exemplo, deixariam de fazer manutenção nos veículos.

A discussão que faz uma parte da população tomar as ruas está centrada em aumentar ou não a passagem ou até em torná-la gratuita. Se você defende esses pontos, saiba: isso é sim possível. Mas, como dito lá no topo do texto, nada é de graça. É preciso ter em mente que há custos envolvidos e que a coisa não é tão simples como pode parecer.

Resumindo a questão, um transporte mais barato tende a trazer três possíveis sacrifícios para toda a sociedade:

1) Impostos mais elevados;

2) Menos gastos em outras áreas;

3) Ou nenhuma das duas coisas e um serviço de pior qualidade.

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