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Todos nós admiramos o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Louvamos sua capacidade intelectual e seu desejo de corrigir os erros do primeiro mandato de Dilma. Mas ele andou comparando o Brasil à Grécia para justificar o retorno da CPMF. E, não, meu caro Levy, o Brasil não é uma Grécia.

brasil e grecia

A principal diferença é que, no Brasil, impostos são, sim, arrecadados. Bastante, eu diria. Nossa carga tributaria está em 36% do PIB. Na Grécia, quando a crise explodiu, era de 20% do PIB. Os gregos pagavam aos cofres de Atenas quase a metade que os brasileiros ao caixa de Brasília...

O remédio para Grécia era então óbvio: aumentar impostos. E o remédio para o Brasil? Não é menos evidente: frear os gastos numa perspectiva de longo prazo.

O déficit* grego equivalia a 13% do PIB. O do Brasil? Quase metade disso.

A dívida* grega estava bem acima de 100% do PIB. E a nossa? Na casa dos 65% do PIB.

O que aperta nossos calos é o seguinte: a presidente não tem credibilidade para colocar em prática uma proposta de ajuste fiscal para os próximos 10 anos - e precisamos disso, não de meros remendos.

A própria Dilma, aliás, vetou essa ideia em 2005. Palocci e Paulo Bernardo, ministros da Fazenda e do Planejamento da época, colocaram a bola em jogo. Mas ela chamou a estratégia de “rudimentar”. Onde fomos parar, 10 anos depois? Num belo buraco sem fundo.

As sucessivas perdas de batalhas vão desgastando Levy e isso é péssimo para o País. Sua tão atacada proposta de reviver a CPMF é compreensível, meu povo: no curto prazo ele não tem de onde tirar grana para fechar as contas do governo. Mas o inflamado Congresso, em vez de ajudar, atrapalha. Dificilmente vai apoiar o corte de gastos proposto pela impopular presidente.

Não é para assustar ninguém, longe de mim, mas a casa está prestes a cair. Perderemos o tal “grau de investimento” se nada mudar em breve, seguramente. O câmbio vai disparar ainda mais, os juros vão decolar e a recessão vai ficar por aí. Mas sabe o que é pior? Ver a turma agora contrária ao ajuste fiscal jogando a culpa da derrocada no Levy.

Depois de 16 anos de certa estabilidade econômica, desde 2011 começamos a voltar ao triste estágio de República das Bananas.

Oremos, minha gente. Mais do que nunca.

* Déficits e superávits representam diferenças negativas ou positivas entre receitas e gastos apenas em um período específico, em geral, em um ano. A dívida, por sua vez, é o acumulado de vários déficits e superávits ao longo de toda a história.

Por que o Brasil não é a Grécia?

Todos nós admiramos o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Louvamos sua capacidade intelectual e seu desejo de corrigir os erros do primeiro mandato de Dilma. Mas ele andou comparando o Brasil à Grécia para justificar o retorno da CPMF. E, não, meu caro Levy, o Brasil não é uma Grécia. brasil e grecia A principal diferença é que, no Brasil, impostos são, sim, arrecadados. Bastante, eu diria. Nossa carga tributaria está em 36% do PIB. Na Grécia, quando a crise explodiu, era de 20% do PIB. Os gregos pagavam aos cofres de Atenas quase a metade que os brasileiros ao caixa de Brasília... O remédio para Grécia era então óbvio: aumentar impostos. E o remédio para o Brasil? Não é menos evidente: frear os gastos numa perspectiva de longo prazo. O déficit* grego equivalia a 13% do PIB. O do Brasil? Quase metade disso. A dívida* grega estava bem acima de 100% do PIB. E a nossa? Na casa dos 65% do PIB. O que aperta nossos calos é o seguinte: a presidente não tem credibilidade para colocar em prática uma proposta de ajuste fiscal para os próximos 10 anos - e precisamos disso, não de meros remendos. A própria Dilma, aliás, vetou essa ideia em 2005. Palocci e Paulo Bernardo, ministros da Fazenda e do Planejamento da época, colocaram a bola em jogo. Mas ela chamou a estratégia de “rudimentar”. Onde fomos parar, 10 anos depois? Num belo buraco sem fundo. As sucessivas perdas de batalhas vão desgastando Levy e isso é péssimo para o País. Sua tão atacada proposta de reviver a CPMF é compreensível, meu povo: no curto prazo ele não tem de onde tirar grana para fechar as contas do governo. Mas o inflamado Congresso, em vez de ajudar, atrapalha. Dificilmente vai apoiar o corte de gastos proposto pela impopular presidente. Não é para assustar ninguém, longe de mim, mas a casa está prestes a cair. Perderemos o tal “grau de investimento” se nada mudar em breve, seguramente. O câmbio vai disparar ainda mais, os juros vão decolar e a recessão vai ficar por aí. Mas sabe o que é pior? Ver a turma agora contrária ao ajuste fiscal jogando a culpa da derrocada no Levy. Depois de 16 anos de certa estabilidade econômica, desde 2011 começamos a voltar ao triste estágio de República das Bananas. Oremos, minha gente. Mais do que nunca. * Déficits e superávits representam diferenças negativas ou positivas entre receitas e gastos apenas em um período específico, em geral, em um ano. A dívida, por sua vez, é o acumulado de vários déficits e superávits ao longo de toda a história.
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