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Deu na TV: “BTG recorre ao FGC!Minha mãe: Filho, que sopa de letrinhas! Não entendi nada...

Mãe, BTG Pactual é o nome do banco de investimento – considerado o maior da América Latina, cujo presidente, André Esteves, foi preso pela Operação Lava Jato.

Mamãe: Mas por que o BTG quer tanto dinheiro? 

Seus os investidores estão incertos quanto a seu futuro. Querem pular fora antes que a famigerada vaca encaminhe-se para o lamacento brejo. Pudera, com Esteves na cadeia, acusado de financiar esquemas de corrupção, eu também temeria pela minha poupança...

Mãe: Ainda está confuso... Que diabos é o FGC?

FGC é o Fundo Garantidor de Crédito, mãe!

Melhorou?

Não?

Melhor ir de vez para o bom português...

Mamãe: Que rima chinfrim! Toma tento, moleque!

Mãe, antes de tudo, é bom saber que o tal FGC é uma entidade privada, não um órgão público. Os recursos desse fundo vêm dos próprios bancos. O Conselho Monetário Nacional (argh!, mais uma sopinha, mãe: CMN) não permite que nenhum banco seja aberto no Brasil sem antes aderir ao FGC.

Ou seja, esse dinheiro que o BTG pede emprestado não é financiado com nossos impostos, mas por todos os outros bancos.*

Fundado em 1995, o FGC não é mais uma jabuticaba de nosso país. Fundos como ele surgiram em diversas partes do mundo nos últimos 30 anos. Garantem a estabilidade do sistema financeiro nacional.

Mas a ideia não é proteger bancos insolventes – é, sim, prevenir crises sistêmicas.

Mamãe: Crises o quê!?

Quando um supermercado quebra, o supermercado três quadras ao lado melhora de vida, com novos clientes. Mas com banco é diferente. Quando um banco quebra, o banco três quadras mais próximo pode acabar indo para o buraco, ainda que seja um grande e respeitado banco.

Por quê? Porque os bancos fazem muitas transações entre si, sobre as quais não temos muita informação. Daí a desconfiança de que o seu banco pode também estar em maus lençóis quando o banco do vizinho tem o presidente preso – caso no BTG. Se todo mundo pensa assim,  corre para sacar a grana o quanto antes.

Mamãe: Mas por que isso quebra o seu banco se ele era seguro antes?

Boa, pergunta, manhê! É porque todo banco faz o seguinte: fica com seu dinheiro e promete entregar de volta quando você quiser; mas, na outra ponta, ele empresta sua grana para alguém ou faz algum investimento em busca de retorno (pense num banco emprestando para uma empresa construir um prédio, por exemplo).

Em resumo, bancos são transformadores de prazos – os economistas dizem maturidade. E isso os coloca sempre em risco: se todo mundo aparecer lá, ou entrar na internet para sacar seu dinheiro, “BUM!”: não tem toda a grana lá.

Por isso o FGC entra em ação: é um seguro obrigatório, financiado pelos próprios bancos, para empréstimos de urgência que evitem o desenrolar de uma crise de confiança como essa de que falei.

Olha só o que próprio pessoal do FGC fala sobre ele:

"Objetivos

- Proteger depositantes e investidores no âmbito do Sistema Financeiro Nacional, até os limites estabelecidos pela regulamentação; 

- Contribuir para a manutenção da estabilidade do Sistema Financeiro Nacional;

- Contribuir para prevenção de crise bancária sistêmica."

Entendeu, mãe? O problema potencial é esses 6 bilhões de reais que o BTG pediu não serem suficientes para deixar as pessoas mais calmas. Se não der, aí o bicho pega.  E o mais provável, nesse caso, é que o governo entre diretamente para socorrer a instituição.

E você sabe de onde vem o dinheiro do governo, né, mãe?

Mãe: Dos nossos bolsos, meu filho... Mas por que o governo não ajuda o setor privado a encontrar uma solução privada para o problema? Tipo ajudar a intermediar a compra do tal BTG por outros bancos?

Muitas vezes é isso que acontece mesmo, mãe. Na crise financeira dos EUA, lembra? Entre 2008 e 2009? Fizeram isso. Mas nesse caso é mais complicado. E por um motivo simples: os potenciais compradores não tem como saber o tamanho da encrenca, afinal, a encrenca vem de operações ilícitas. E transações desse calibre não aparecem contabilizadas no balanço do banco. Seria muita incerteza para alguém querer se arriscar...

Mãe: E o que você acha que vai acontecer nessa história?

Não sei ainda, mãe... Juro que não sei...

* Esse custo, em partes, reduz a lucratividade dos bancos e, consequentemente, eleva tarifas para clientes, puxa os juros para cima nos empréstimos, etc.

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VEJA MAIS

Por que o BTG, banco de André Esteves, pegou 6 bilhões de reais emprestados?

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