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Alguns economistas de uma nota só atribuem todas as mazelas da economia, e em particular a da indústria nacional, à uma suposta sobrevalorização da taxa cambial (real forte).

Será?

Quando o real ganha força, bens que vendemos no exterior de fato ficam mais caros: um estrangeiro precisa ter mais dólares para comprar uma mesma quantidade. Então até há um resquício de verdade aí. As exportações são ajudadas por uma moeda mais fraca. Mas, empiricamente, esse efeito parece pequeno.

E, ainda assim, o caso acima não vale para todas as situações nas quais a moeda perde valor. É fundamental entender o que está por trás da depreciação da moeda nacional. Por exemplo, uma situação em que a moeda se deprecia porque o governo não acerta a casa fiscal, gerando uma elevação do risco-país, não pode ser vista como boa – e isso deveria ser inclusive óbvio para qualquer economista.

Já se o câmbio se deprecia porque o governo segurava artificialmente a moeda valorizada, aí a historia é completamente diferente. O mesmo vale para o caso em que os juros internacionais sobem quando a economia mundial retorna a crescer depois de uma crise.

Na prática, quando a gente olha para os dados brasileiros a partir de 2000, é muito difícil detectar uma relação entre câmbio e produção da indústria.

Isso acontece por causa dos motivos apresentados aqui e, provavelmente, pelo fato de a nossa indústria importar muitos bens intermediários (matéria-prima para a confecção de outros bens) do exterior. Dessa forma, quando a moeda perde valor, não apenas suas receitas em reais se elevam. Sobem também seus custos, o que diminui o benefício da depreciação.

O que a indústria precisa para se desenvolver é de um ambiente de negócios menos oneroso, impostos menos complicados, sistema jurídico mais ágil, trabalhadores mais qualificados, maior exposição a mercados internacionais e por aí vai.

Aliás, por que estamos mesmo discutindo esse tema? Em que sentido a taxa cambial pode estar valorizada se o governo (pelo menos até pouco tempo) intervinha apenas esporadicamente nesse mercado?

O que sabemos com alguma segurança é que câmbio fixo é ruim para crescimento (ainda que potente para derrotar inflações altas); e câmbio flutuante é bom, sempre, independentemente de suas altas e baixas.

 

Por que o problema da indústria não é câmbio?

Alguns economistas de uma nota só atribuem todas as mazelas da economia, e em particular a da indústria nacional, à uma suposta sobrevalorização da taxa cambial (real forte). Será? Quando o real ganha força, bens que vendemos no exterior de fato ficam mais caros: um estrangeiro precisa ter mais dólares para comprar uma mesma quantidade. Então até há um resquício de verdade aí. As exportações são ajudadas por uma moeda mais fraca. Mas, empiricamente, esse efeito parece pequeno. E, ainda assim, o caso acima não vale para todas as situações nas quais a moeda perde valor. É fundamental entender o que está por trás da depreciação da moeda nacional. Por exemplo, uma situação em que a moeda se deprecia porque o governo não acerta a casa fiscal, gerando uma elevação do risco-país, não pode ser vista como boa – e isso deveria ser inclusive óbvio para qualquer economista. Já se o câmbio se deprecia porque o governo segurava artificialmente a moeda valorizada, aí a historia é completamente diferente. O mesmo vale para o caso em que os juros internacionais sobem quando a economia mundial retorna a crescer depois de uma crise. Na prática, quando a gente olha para os dados brasileiros a partir de 2000, é muito difícil detectar uma relação entre câmbio e produção da indústria. Isso acontece por causa dos motivos apresentados aqui e, provavelmente, pelo fato de a nossa indústria importar muitos bens intermediários (matéria-prima para a confecção de outros bens) do exterior. Dessa forma, quando a moeda perde valor, não apenas suas receitas em reais se elevam. Sobem também seus custos, o que diminui o benefício da depreciação. O que a indústria precisa para se desenvolver é de um ambiente de negócios menos oneroso, impostos menos complicados, sistema jurídico mais ágil, trabalhadores mais qualificados, maior exposição a mercados internacionais e por aí vai. Aliás, por que estamos mesmo discutindo esse tema? Em que sentido a taxa cambial pode estar valorizada se o governo (pelo menos até pouco tempo) intervinha apenas esporadicamente nesse mercado? O que sabemos com alguma segurança é que câmbio fixo é ruim para crescimento (ainda que potente para derrotar inflações altas); e câmbio flutuante é bom, sempre, independentemente de suas altas e baixas.  
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