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Passou batido para muitos radares, mas o meu está tinindo: não podemos nos esquecer que, além do Brasil, a agência S&P também mandou para a segunda divisão da economia mundial a Petrobras, nossa maior estatal. E, agora, o futuro desenhado para a empresa é alarmante, meus caros.

Vamos à pergunta de sempre: por quê?

Desde 2009, a Petrobras aumentou o seu endividamento em mais de OITO vezes: de 60 bilhões para quase 500 bilhões de reais. O ritmo de produção da empresa, no entanto, permaneceu praticamente o mesmo. Sua geração de caixa teve o mesmo desempenho.

Esse cenário com aroma de barbeiragem é explicável: quando a turma da Petrobras se endividou, estava tudo bem. A empresa possuía ainda seu grau de investimento. Esperava que o preço do barril do petróleo permanecesse estável até os dias de hoje. Na época, custava entre 100 e 110 dólares. Se assim fosse, a empresa, na expectativa de dobrar sua produção até 2020, poderia quitar facilmente seus compromissos com credores. Só que...

Os diretores da Petrobras davam como certo que tudo aconteceria como o esperado. E a empresa acabou destinando parte de seus recursos para subsidiar (pagar parte) do consumo de combustíveis dos brasileiros. Outra fatia de dinheiro, bem... Foi destinada para investir em refinarias envolvidas em acusações de corrupção da Lava Jato.

O que aconteceu no fim das contas? Aconteceu a famosa história da espera pelo ovo, por assim dizer, guardado nas intimidades da galinha. Esse ovo, depois de tanta espera, em geral, não vem à luz.

E não veio mesmo. Uma combinação da queda considerável do preço do petróleo e da alta do dólar prejudicou o endividamento da empresa. Sua perspectiva de produção pelos próximos anos precisou ser cortada, tal e qual o seu programa de investimentos.

Daqui em diante, a Petrobras tem vencimentos consideráveis para pagar. Perto de 12 bilhões de dólares vencem já no ano que vem; 12 bilhões, em 2017; mais 18 bilhões, em 2018; e 26 bilhões, em 2019. Somando tudo, pelos próximos quatro anos, a Petrobras terá de lidar com credores ávidos por receber 68 bilhões de dólares.

Num cenário de preços de petróleo em baixa, pouco ou nenhum crescimento de produção, queda da atividade econômica e inflação alta reduzindo as chances de aumentos nos preços da gasolina... O que fazer?

A Petrobras conta agora com o acesso ao mercado de dívida para rolar seus compromissos financeiros. Em outras palavras, ela, como muitos de nós, precisa conseguir renegociar seus compromissos financeiros.

Mas não será nada fácil.

O rebaixamento da Petrobras é um osso duro de roer, caros e caras. Potenciais emprestadores de dinheiro, que poderiam ajudar a petroleira, são proibidos de investir em empresas ou economias carimbadas como “grau especulativo”.  Sem o aval de “boa pagadora”, como fará?

Como grau especulativo, sobra um pequeno mercado mundial de emprestadores de grana. Mas o que a empresa tem a pagar pelos próximos quatro anos, para termos ideia do buraco, representa nada menos que uns 30% de todo o dinheiro disponível para empresas que, como ela, estão carimbadas como pouco confiáveis.

Dito isso, como conseguir convencer que um terço de todo o mundo disposto a emprestar dinheiro para empresas sem grau de investimento façam aportes na Petrobras?

O que é ruim pode piorar, sempre: antes do rebaixamento, a empresa devolvia aos seus emprestadores uns juros de 5% sobre o dinheiro emprestado a ela. Agora, rebaixada, investidores pedirão até 10% para colocar qualquer tostão nos cofres da empresa.

Nessas condições, se a Petrobras conseguir renegociar sua dívida de 68 bilhões dólares, terá de enfrentar ainda juros de mais 13 bilhões de reais por ano.

Gente, são números tão absurdamente altos que poucos de nós conseguem ter a noção exata do que representam. Equivale a praticamente metade de todo o resultado anual que a empresa apresentou nos últimos 5 anos.

Retomando nossa pergunta inicial: por que o rebaixamento é ruim para a Petrobras?

Não preciso mesmo dizer mais, certo?

Oremos de mãos dadas.

Por que o rebaixamento aprofunda a crise da Petrobras?

Passou batido para muitos radares, mas o meu está tinindo: não podemos nos esquecer que, além do Brasil, a agência S&P também mandou para a segunda divisão da economia mundial a Petrobras, nossa maior estatal. E, agora, o futuro desenhado para a empresa é alarmante, meus caros. Vamos à pergunta de sempre: por quê? Desde 2009, a Petrobras aumentou o seu endividamento em mais de OITO vezes: de 60 bilhões para quase 500 bilhões de reais. O ritmo de produção da empresa, no entanto, permaneceu praticamente o mesmo. Sua geração de caixa teve o mesmo desempenho. Esse cenário com aroma de barbeiragem é explicável: quando a turma da Petrobras se endividou, estava tudo bem. A empresa possuía ainda seu grau de investimento. Esperava que o preço do barril do petróleo permanecesse estável até os dias de hoje. Na época, custava entre 100 e 110 dólares. Se assim fosse, a empresa, na expectativa de dobrar sua produção até 2020, poderia quitar facilmente seus compromissos com credores. Só que... Os diretores da Petrobras davam como certo que tudo aconteceria como o esperado. E a empresa acabou destinando parte de seus recursos para subsidiar (pagar parte) do consumo de combustíveis dos brasileiros. Outra fatia de dinheiro, bem... Foi destinada para investir em refinarias envolvidas em acusações de corrupção da Lava Jato. O que aconteceu no fim das contas? Aconteceu a famosa história da espera pelo ovo, por assim dizer, guardado nas intimidades da galinha. Esse ovo, depois de tanta espera, em geral, não vem à luz. E não veio mesmo. Uma combinação da queda considerável do preço do petróleo e da alta do dólar prejudicou o endividamento da empresa. Sua perspectiva de produção pelos próximos anos precisou ser cortada, tal e qual o seu programa de investimentos. Daqui em diante, a Petrobras tem vencimentos consideráveis para pagar. Perto de 12 bilhões de dólares vencem já no ano que vem; 12 bilhões, em 2017; mais 18 bilhões, em 2018; e 26 bilhões, em 2019. Somando tudo, pelos próximos quatro anos, a Petrobras terá de lidar com credores ávidos por receber 68 bilhões de dólares. Num cenário de preços de petróleo em baixa, pouco ou nenhum crescimento de produção, queda da atividade econômica e inflação alta reduzindo as chances de aumentos nos preços da gasolina... O que fazer? A Petrobras conta agora com o acesso ao mercado de dívida para rolar seus compromissos financeiros. Em outras palavras, ela, como muitos de nós, precisa conseguir renegociar seus compromissos financeiros. Mas não será nada fácil. O rebaixamento da Petrobras é um osso duro de roer, caros e caras. Potenciais emprestadores de dinheiro, que poderiam ajudar a petroleira, são proibidos de investir em empresas ou economias carimbadas como “grau especulativo”.  Sem o aval de “boa pagadora”, como fará? Como grau especulativo, sobra um pequeno mercado mundial de emprestadores de grana. Mas o que a empresa tem a pagar pelos próximos quatro anos, para termos ideia do buraco, representa nada menos que uns 30% de todo o dinheiro disponível para empresas que, como ela, estão carimbadas como pouco confiáveis. Dito isso, como conseguir convencer que um terço de todo o mundo disposto a emprestar dinheiro para empresas sem grau de investimento façam aportes na Petrobras? O que é ruim pode piorar, sempre: antes do rebaixamento, a empresa devolvia aos seus emprestadores uns juros de 5% sobre o dinheiro emprestado a ela. Agora, rebaixada, investidores pedirão até 10% para colocar qualquer tostão nos cofres da empresa. Nessas condições, se a Petrobras conseguir renegociar sua dívida de 68 bilhões dólares, terá de enfrentar ainda juros de mais 13 bilhões de reais por ano. Gente, são números tão absurdamente altos que poucos de nós conseguem ter a noção exata do que representam. Equivale a praticamente metade de todo o resultado anual que a empresa apresentou nos últimos 5 anos. Retomando nossa pergunta inicial: por que o rebaixamento é ruim para a Petrobras? Não preciso mesmo dizer mais, certo? Oremos de mãos dadas.
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