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Ataques terroristas têm efeitos devastadores: vidas são perdidas, famílias destruídas, pânico e revolta tomam conta dos cidadãos. Mas esses efeitos podem ser ainda mais perversos. Afetam a economia do país ou da região alvo do terrorismo.

Note a existência de impactos diretos e mais óbvios do terrorismo na economia: a morte de trabalhadores e a destruição de infraestrutura (como no caso das torres gêmeas nos EUA, no histórico 11 de setembro de 2011) diminuem a capacidade produtiva do país. No entanto, do ponto de vista estritamente econômico, esse efeito negativo é pequeno.

Por maior que seja a tragédia, essas vidas levadas e o que foi destruído representam fração pequena dos insumos (conjunto de elementos fundamentais para o funcionamento da atividade produtiva) do país. Por exemplo, nos ataques ao World Trade Center, 3 mil pessoas morreram. Trata-se de uma parte minúscula da força de trabalho total americana.

Mas o efeito mais forte do terrorismo vem do medo e da instabilidade causada por ele nos locais de ataque. Há potenciais consequências ruins sobre setores específicos, como o turismo. Quando uma região é atingida pelo terror, menos viajantes são atraídos, temerosos em relação a novos ataques.

Governos também reagem. Aumentam os gastos em segurança para evitar novos golpes dos terroristas. E para financiar essa despesa precisam ou cobrar mais impostos  da população, ou gastar menos em outras coisas, ou fazer dívida. Ou tudo isso ao mesmo tempo. Logo, o terrorismo traz claramente um custo para a sociedade.

Portos, aeroportos e fronteiras passam por investimentos em fiscalização e na intensificação de medidas de segurança restritivas. Um dos efeitos colaterais disso: desestímulo à circulação tanto de pessoas quanto de produtos. Isso afeta particularmente o comércio internacional. Preços podem subir para os consumidores e a produtividade da economia do país atacado é fragilizada.

No fim, toda essa instabilidade tende a afugentar investimentos. E em casos extremos pode até espantar habitantes do país atacado.

O que dizem os dados? Artigo acadêmico de Alberto Abadie e Javier Gardeazabal  avalia empiricamente (a partir da análise de dados concretos) o efeito do terrorismo. O objeto do estudo foi o País Basco, região da Espanha que há anos tenta se tornar independente.

Em meio a esta disputa, nasceu o grupo terrorista ETA, cujo motivo para a criação foi conseguir de qualquer maneira a separação da Espanha. Ao longo dos anos, o grupo terrorista espalhou medo entre os espanhóis, sobretudo entre as décadas de 1960 e 1990. Entre 1968 e 1997, durante quase 30 anos, o ETA foi responsável por 700 mortes. O curioso desta história sombria: a maior parte das mortes ficou concentrada no próprio País Basco.

Abadie e Guardeazabal comparam a renda per capita do País Basco à média de outras regiões espanholas. A renda per capita basca segue de perto o que acontece no restante da Espanha até 1975. Depois disso, a região começa a crescer mais lentamente. Foi a partir daí também que a atividade terrorista se intensificou.

Estima-se que o terrorismo está associado a uma baixa de 10% na renda per capita do País Basco em relação às demais regiões da Espanha. Essa diferença aumentou justamente nos anos em que os terroristas do ETA mais atuaram.

Também o caso da Catalunha foi analisado por Abadie e Guardeazabal. A região espanhola, também separatista, não tem grupos terroristas em nome de sua causa. No mesmo período analisado, nenhum efeito negativo na economia da região foi encontrado – ao contrário da história recente do País Basco. Eis, portanto, outra evidência dos efeitos nocivos da atividade terrorista na economia.

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Por que o terrorismo custa além das mortes?

Ataques terroristas têm efeitos devastadores: vidas são perdidas, famílias destruídas, pânico e revolta tomam conta dos cidadãos. Mas esses efeitos podem ser ainda mais perversos. Afetam a economia do país ou da região alvo do terrorismo. Note a existência de impactos diretos e mais óbvios do terrorismo na economia: a morte de trabalhadores e a destruição de infraestrutura (como no caso das torres gêmeas nos EUA, no histórico 11 de setembro de 2011) diminuem a capacidade produtiva do país. No entanto, do ponto de vista estritamente econômico, esse efeito negativo é pequeno. Por maior que seja a tragédia, essas vidas levadas e o que foi destruído representam fração pequena dos insumos (conjunto de elementos fundamentais para o funcionamento da atividade produtiva) do país. Por exemplo, nos ataques ao World Trade Center, 3 mil pessoas morreram. Trata-se de uma parte minúscula da força de trabalho total americana. Mas o efeito mais forte do terrorismo vem do medo e da instabilidade causada por ele nos locais de ataque. Há potenciais consequências ruins sobre setores específicos, como o turismo. Quando uma região é atingida pelo terror, menos viajantes são atraídos, temerosos em relação a novos ataques. Governos também reagem. Aumentam os gastos em segurança para evitar novos golpes dos terroristas. E para financiar essa despesa precisam ou cobrar mais impostos  da população, ou gastar menos em outras coisas, ou fazer dívida. Ou tudo isso ao mesmo tempo. Logo, o terrorismo traz claramente um custo para a sociedade. Portos, aeroportos e fronteiras passam por investimentos em fiscalização e na intensificação de medidas de segurança restritivas. Um dos efeitos colaterais disso: desestímulo à circulação tanto de pessoas quanto de produtos. Isso afeta particularmente o comércio internacional. Preços podem subir para os consumidores e a produtividade da economia do país atacado é fragilizada. No fim, toda essa instabilidade tende a afugentar investimentos. E em casos extremos pode até espantar habitantes do país atacado. O que dizem os dados? Artigo acadêmico de Alberto Abadie e Javier Gardeazabal  avalia empiricamente (a partir da análise de dados concretos) o efeito do terrorismo. O objeto do estudo foi o País Basco, região da Espanha que há anos tenta se tornar independente. Em meio a esta disputa, nasceu o grupo terrorista ETA, cujo motivo para a criação foi conseguir de qualquer maneira a separação da Espanha. Ao longo dos anos, o grupo terrorista espalhou medo entre os espanhóis, sobretudo entre as décadas de 1960 e 1990. Entre 1968 e 1997, durante quase 30 anos, o ETA foi responsável por 700 mortes. O curioso desta história sombria: a maior parte das mortes ficou concentrada no próprio País Basco. Abadie e Guardeazabal comparam a renda per capita do País Basco à média de outras regiões espanholas. A renda per capita basca segue de perto o que acontece no restante da Espanha até 1975. Depois disso, a região começa a crescer mais lentamente. Foi a partir daí também que a atividade terrorista se intensificou. Estima-se que o terrorismo está associado a uma baixa de 10% na renda per capita do País Basco em relação às demais regiões da Espanha. Essa diferença aumentou justamente nos anos em que os terroristas do ETA mais atuaram. Também o caso da Catalunha foi analisado por Abadie e Guardeazabal. A região espanhola, também separatista, não tem grupos terroristas em nome de sua causa. No mesmo período analisado, nenhum efeito negativo na economia da região foi encontrado – ao contrário da história recente do País Basco. Eis, portanto, outra evidência dos efeitos nocivos da atividade terrorista na economia. VEJA TAMBÉM  
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