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O deputado Eduardo Bolsonaro usou as redes sociais para comparar Brasil e Argentina utilizando dados do preço do dólar nos dois países. Ele afirmou que o dólar estaria bem mais caro na Argentina (onde para comprar 1 dólar são necessários 60 pesos), do que por aqui, em que 1 dólar custaria 4 reais.


Depois soltou outro tweet dizendo que a moeda argentina estaria indo mal, pois 1 peso equivaleria a apenas 6 centavos de real.


Na verdade, o preço de uma moeda em relação a outra não traz muita informação. As comparações acima não fazem sentido. O que precisamos saber é o poder de compra de uma moeda em relação a outra. E isso os dados de câmbio não revelam.

Para entender este ponto, faça o seguinte exercício hipotético. Com a inflação alta lá pelos lados da Argentina, o governo decide cortar três zeros da moeda (isso ocorreu algumas vezes aqui no Brasil antes do Plano Real). Lança então o Plano Novo Peso, em que equivale a mil pesos atuais. O preço de tudo então se ajusta, inclusive o de outras moedas em termos da moeda argentina. Se antes 1 real equivalia a 15 pesos, agora passa a valer a “apenas” 0,015 novos pesos.

Bom, parece que a moeda argentina ficou mil vezes mais forte com relação ao real. Só que não. Trata-se apenas de uma renormalização do preço das coisas em termos da nova denominação. Nada disso mexe no poder de compra do real em comparação com a moeda argentina.

Suponha que hoje você compra uma garrafa de vinho argentino por 1.500 pesos, ou seja, 100 reais a um câmbio de 15 pesos/real. Com o corte hipotético de três zeros, o vinho passa a custar 1,50 novos pesos e, como discutimos acima, a nova taxa de câmbio é 0,015 novos pesos/real. Quanto custa a garrafa em reais? Os mesmos 100 reais (=1,50/0,015). Em outras palavras, a capacidade da moeda brasileira em comprar coisas produzidas na Argentina não mudou com o corte de zeros.

Esse ajuste ocorreria em todos os preços da economia. Por si só, a mudança é meramente cosmética. Não mexe no poder de compra, que é o que interessa no fim das contas. O valor absoluto da taxa de câmbio (seja 15, 15 mil ou 0,015), assim, não é informativo.

Ainda não se convenceu? Olhe a taxa de câmbio Brasil-Japão: 1 real vale aproximadamente 27 ienes. Isso significa que o real é muito mais forte que o iene?



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Por que o valor da taxa de câmbio não significa nada?

O deputado Eduardo Bolsonaro usou as redes sociais para comparar Brasil e Argentina utilizando dados do preço do dólar nos dois países. Ele afirmou que o dólar estaria bem mais caro na Argentina (onde para comprar 1 dólar são necessários 60 pesos), do que por aqui, em que 1 dólar custaria 4 reais.





Depois soltou outro tweet dizendo que a moeda argentina estaria indo mal, pois 1 peso equivaleria a apenas 6 centavos de real.




Na verdade, o preço de uma moeda em relação a outra não traz muita informação. As comparações acima não fazem sentido. O que precisamos saber é o poder de compra de uma moeda em relação a outra. E isso os dados de câmbio não revelam.


Para entender este ponto, faça o seguinte exercício hipotético. Com a inflação alta lá pelos lados da Argentina, o governo decide cortar três zeros da moeda (isso ocorreu algumas vezes aqui no Brasil antes do Plano Real). Lança então o Plano Novo Peso, em que equivale a mil pesos atuais. O preço de tudo então se ajusta, inclusive o de outras moedas em termos da moeda argentina. Se antes 1 real equivalia a 15 pesos, agora passa a valer a “apenas” 0,015 novos pesos.

Bom, parece que a moeda argentina ficou mil vezes mais forte com relação ao real. Só que não. Trata-se apenas de uma renormalização do preço das coisas em termos da nova denominação. Nada disso mexe no poder de compra do real em comparação com a moeda argentina.

Suponha que hoje você compra uma garrafa de vinho argentino por 1.500 pesos, ou seja, 100 reais a um câmbio de 15 pesos/real. Com o corte hipotético de três zeros, o vinho passa a custar 1,50 novos pesos e, como discutimos acima, a nova taxa de câmbio é 0,015 novos pesos/real. Quanto custa a garrafa em reais? Os mesmos 100 reais (=1,50/0,015). Em outras palavras, a capacidade da moeda brasileira em comprar coisas produzidas na Argentina não mudou com o corte de zeros.

Esse ajuste ocorreria em todos os preços da economia. Por si só, a mudança é meramente cosmética. Não mexe no poder de compra, que é o que interessa no fim das contas. O valor absoluto da taxa de câmbio (seja 15, 15 mil ou 0,015), assim, não é informativo.

Ainda não se convenceu? Olhe a taxa de câmbio Brasil-Japão: 1 real vale aproximadamente 27 ienes. Isso significa que o real é muito mais forte que o iene?






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