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Já é bem sabido que o número de brasileiros que estão investindo na Bolsa (direta ou indiretamente, via fundos) tem crescido muito. Naturalmente, uma nova profissão vem crescendo junto: a de assessor de investimento, que tem o nome formal de “agente autônomo de investimento”. Esse profissional tem a função de ajudar seus clientes a investir, indicando fundos, produtos de bancos e corretoras e, potencialmente, até ações individuais.

Uma dúvida que sempre surge é: os assessores de investimento indicam para seus clientes o que de fato acham bom, ou o que engorda suas comissões? Um artigo publicado no fim do ano passado no prestigioso Journal of Finance estuda essa questão.

Os autores têm um banco de dados de duas grandes instituições financeiras que distribuem fundos de investimento no Canadá. O banco traz os fundos escolhidos pelos clientes e os escolhidos pelos próprios assessores, detalhando qual cliente é assessorado por qual profissional. Os dados cobrem 3.282 assessores e 488.806 clientes.

A principal conclusão do artigo é que os assessores tendem a investir pessoalmente de modo muito parecido com o que indicam para seus clientes. Ou seja, não há evidência clara de conflito de interesse. Por exemplo, quando um assessor investe seu próprio dinheiro em um fundo novo, a chance de um de seus clientes fazer o mesmo é de mais de 50%. Além disso, assessores e clientes se comportam de maneira muito parecida: investem em fundos que foram bem no passado e preferem fundos ativos e que apresentam mais risco. Por fim, na média, tanto assessores quanto clientes vão mal em suas escolhas.

Em suma, o artigo indica que os possíveis conselhos ruins dos assessores de investimento são fruto de má formação e não de conflito de interesse. Entender isso é muito importante, pois informa o regulador sobre como deve agir. Melhorar a educação financeira dos próprios assessores parece ser algo a ser feito.

COLUNA PUBLICADA NA FOLHA DE SÃO PAULO

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Por que os assessores de investimento indicam o que indicam?

Já é bem sabido que o número de brasileiros que estão investindo na Bolsa (direta ou indiretamente, via fundos) tem crescido muito. Naturalmente, uma nova profissão vem crescendo junto: a de assessor de investimento, que tem o nome formal de “agente autônomo de investimento”. Esse profissional tem a função de ajudar seus clientes a investir, indicando fundos, produtos de bancos e corretoras e, potencialmente, até ações individuais.

Uma dúvida que sempre surge é: os assessores de investimento indicam para seus clientes o que de fato acham bom, ou o que engorda suas comissões? Um artigo publicado no fim do ano passado no prestigioso Journal of Finance estuda essa questão.

Os autores têm um banco de dados de duas grandes instituições financeiras que distribuem fundos de investimento no Canadá. O banco traz os fundos escolhidos pelos clientes e os escolhidos pelos próprios assessores, detalhando qual cliente é assessorado por qual profissional. Os dados cobrem 3.282 assessores e 488.806 clientes.

A principal conclusão do artigo é que os assessores tendem a investir pessoalmente de modo muito parecido com o que indicam para seus clientes. Ou seja, não há evidência clara de conflito de interesse. Por exemplo, quando um assessor investe seu próprio dinheiro em um fundo novo, a chance de um de seus clientes fazer o mesmo é de mais de 50%. Além disso, assessores e clientes se comportam de maneira muito parecida: investem em fundos que foram bem no passado e preferem fundos ativos e que apresentam mais risco. Por fim, na média, tanto assessores quanto clientes vão mal em suas escolhas.

Em suma, o artigo indica que os possíveis conselhos ruins dos assessores de investimento são fruto de má formação e não de conflito de interesse. Entender isso é muito importante, pois informa o regulador sobre como deve agir. Melhorar a educação financeira dos próprios assessores parece ser algo a ser feito.

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