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O Estadão traduziu recentemente uma matéria da revista britânica The Economist que discute as diferenças substanciais de preços entre países da União Europeia (UE), mesmo para produtos idênticos. Muitas vezes estamos falando de itens vendidos pela mesma loja (como a Amazon), que cobra preços distintos de acordo com o local em que o consumidor reside. Note que não há barreiras ao comércio entre os países da UE. Mas mesmo assim as discrepâncias são significativas.

É de se esperar diferenças grandes para preços de serviços. Afinal, se o corte de cabelo está mais caro na Espanha do que na Alemanha, ninguém vai se deslocar para aproveitar o preço mais baixo. Mas aqui estamos falando de produtos como fraldas ou cápsulas de café, para os quais diferenças de preços não deveriam ser tão grandes.
A matéria traça um paralelo interessante com os Estados Unidos, onde as discrepâncias de preços entre estados não são muito elevadas. Inclusive já falamos sobre isso antes por aqui.

O que estaria por trás dessa diferença entre UE e Estados Unidos?

Vendedores gostariam de cobrar preços diferentes de consumidores diferentes. Mas nem sempre isso é possível. Suponha que uma empresa de café cobre 20 dólares por uma caixa de cápsulas de quem mora no estado de Massachussets, e 10 dólares de quem mora em Nova York. Consumidores de Massachusetts poderiam comprar o café em Nova York para que fosse entregue em suas casas.

Isso faz com que os preços se aproximem entre estados. Lógico, não necessariamente elimina a diferença, pois há custos de transporte e entrega. Mas dificulta a vida de empresas tentando discriminar preços entre locais.

Outro motivo pelo qual empresas podem optar por não cobrar preços diferentes é porque “pega mal”. Consumidores poderiam punir as firmas que utilizam estratégias desse tipo, por entenderem que elas só querem ganhar dinheiro às suas custas. Pode ser melhor para a empresa não diferenciar preços, pois ela teria mais a perder com possíveis retaliações de seus fregueses.

Mas, para que tudo isso seja possível, consumidores precisam detectar as diferenças de preços entre locais. Isso parece ser mais fácil em um país como os Estados Unidos, onde a cultura é mais homogênea e quase todo mundo fala a mesma língua.

Pense agora na UE. Imagine, por exemplo, um cidadão português entrando em um site em alemão, tentando entender quanto custa um produto, qual a tempo e a taxa de entrega, condições de pagamento, e por aí vai. É muito mais difícil, para consumidores, detectar eventuais diferenças de preços nesse caso. Assim, as empresas têm mais espaço para cobrar preços diferenciados.

Se não bastasse isso, algumas empresas chegaram a criar deliberadamente barreiras para estrangeiros que queiram fazer compras em sua loja virtual de determinado país – prática que foi proibida pela UE.


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Por que preços são tão diferentes entre países, mesmo para produtos idênticos?

O Estadão traduziu recentemente uma matéria da revista britânica The Economist que discute as diferenças substanciais de preços entre países da União Europeia (UE), mesmo para produtos idênticos. Muitas vezes estamos falando de itens vendidos pela mesma loja (como a Amazon), que cobra preços distintos de acordo com o local em que o consumidor reside. Note que não há barreiras ao comércio entre os países da UE. Mas mesmo assim as discrepâncias são significativas.

É de se esperar diferenças grandes para preços de serviços. Afinal, se o corte de cabelo está mais caro na Espanha do que na Alemanha, ninguém vai se deslocar para aproveitar o preço mais baixo. Mas aqui estamos falando de produtos como fraldas ou cápsulas de café, para os quais diferenças de preços não deveriam ser tão grandes.
A matéria traça um paralelo interessante com os Estados Unidos, onde as discrepâncias de preços entre estados não são muito elevadas. Inclusive já falamos sobre isso antes por aqui.

O que estaria por trás dessa diferença entre UE e Estados Unidos?

Vendedores gostariam de cobrar preços diferentes de consumidores diferentes. Mas nem sempre isso é possível. Suponha que uma empresa de café cobre 20 dólares por uma caixa de cápsulas de quem mora no estado de Massachussets, e 10 dólares de quem mora em Nova York. Consumidores de Massachusetts poderiam comprar o café em Nova York para que fosse entregue em suas casas.

Isso faz com que os preços se aproximem entre estados. Lógico, não necessariamente elimina a diferença, pois há custos de transporte e entrega. Mas dificulta a vida de empresas tentando discriminar preços entre locais.

Outro motivo pelo qual empresas podem optar por não cobrar preços diferentes é porque “pega mal”. Consumidores poderiam punir as firmas que utilizam estratégias desse tipo, por entenderem que elas só querem ganhar dinheiro às suas custas. Pode ser melhor para a empresa não diferenciar preços, pois ela teria mais a perder com possíveis retaliações de seus fregueses.

Mas, para que tudo isso seja possível, consumidores precisam detectar as diferenças de preços entre locais. Isso parece ser mais fácil em um país como os Estados Unidos, onde a cultura é mais homogênea e quase todo mundo fala a mesma língua.

Pense agora na UE. Imagine, por exemplo, um cidadão português entrando em um site em alemão, tentando entender quanto custa um produto, qual a tempo e a taxa de entrega, condições de pagamento, e por aí vai. É muito mais difícil, para consumidores, detectar eventuais diferenças de preços nesse caso. Assim, as empresas têm mais espaço para cobrar preços diferenciados.

Se não bastasse isso, algumas empresas chegaram a criar deliberadamente barreiras para estrangeiros que queiram fazer compras em sua loja virtual de determinado país – prática que foi proibida pela UE.


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