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O presidente eleito Jair Bolsonaro lembra em diversas dimensões o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Recentemente, mais um item foi adicionado à lista de similitudes: o negacionismo em relação à necessidade de cooperação na agenda ambiental. O governo eleito já solicitou à ONU não mais sediar o encontro sobre o clima, a COP 25, que ocorreria aqui em 2019. É um sinal muito claro de que Bolsonaro cogita abandonar o Acordo de Paris.



Desconsideremos por um instante a questão climática, e foquemos apenas nas implicações mais imediatas.

O Brasil precisa desesperadamente abrir sua economia à competição e ampliar seus mercados externos. Isso só se alcança via acordo comercial de grande porte. Mas, ao abandonar o Acordo de Paris e virar as costas para o mundo, tudo isso fica mais difícil. Emmanuel Macron, presidente francês e importante líder europeu atual, já disse que ser contra favor de acordos de livre comércio com países que não respeitarem as metas estipuladas no Acordo.

É possível que a estratégia de Bolsonaro seja se aproximar dos Estados Unidos antagonizando a Europa. E isso nos parece um enorme erro: Donald Trump é um ferrenho protecionista, como revela a sua cruzada comercial contra a China em pleno século 21. É de se duvidar que Trump seja generoso com o Brasil e promova uma redução tarifária que nos beneficie. Então fica o alerta ao governo Bolsonaro: toda ação gera uma reação, que nesse caso seria uma retaliação.

A questão climática é seríssima. Hoje há muito pouca dúvida sobre a relevância da ação humana para o clima. O grande problema, claro, é que os cenários catastróficos são para daqui a 100 anos. Quem faz plano pensando nos bisnetos? Pouquíssima gente.

Como gostam de dizer os economistas, as pessoas têm preferências hiperbólicas: desprezam custos futuros e sobrevalorizam benefícios presentes. Há ainda um fator complicador adicional na história: a tal externalidade negativa. Se o país A aumenta sua emissão de gás carbônico, prejudica a qualidade do ar que respiram seus cidadãos e detona algumas espécies animais – mas favorece, num primeiro momento, sua economia.

Só que a coisa não para aí. Poluição afeta todos os países. O sujeito lá no país Z tem que abandonar sua casa por causa da subida do nível do mar. Olhando por outro ângulo, sob um ponto de vista egoísta, a melhor coisa para o país A é que todos reduzam suas emissões – para assim salvarmos o mundo do aumento fatídico de 2 graus Celsius  –, menos ele.

Justamente por isso é tão difícil cooperar. Mas uma liderança forte casada com ameaças críveis aos não cooperadores pode dar resultado. A liderança é o Macron, a ameaça é o comércio e os não cooperadores são... Ok, vamos esperar para ver o que decide Bolsonaro.

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Por que sair do Acordo de Paris é um mau negócio?

O presidente eleito Jair Bolsonaro lembra em diversas dimensões o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Recentemente, mais um item foi adicionado à lista de similitudes: o negacionismo em relação à necessidade de cooperação na agenda ambiental. O governo eleito já solicitou à ONU não mais sediar o encontro sobre o clima, a COP 25, que ocorreria aqui em 2019. É um sinal muito claro de que Bolsonaro cogita abandonar o Acordo de Paris. ? Desconsideremos por um instante a questão climática, e foquemos apenas nas implicações mais imediatas. O Brasil precisa desesperadamente abrir sua economia à competição e ampliar seus mercados externos. Isso só se alcança via acordo comercial de grande porte. Mas, ao abandonar o Acordo de Paris e virar as costas para o mundo, tudo isso fica mais difícil. Emmanuel Macron, presidente francês e importante líder europeu atual, já disse que ser contra favor de acordos de livre comércio com países que não respeitarem as metas estipuladas no Acordo. É possível que a estratégia de Bolsonaro seja se aproximar dos Estados Unidos antagonizando a Europa. E isso nos parece um enorme erro: Donald Trump é um ferrenho protecionista, como revela a sua cruzada comercial contra a China em pleno século 21. É de se duvidar que Trump seja generoso com o Brasil e promova uma redução tarifária que nos beneficie. Então fica o alerta ao governo Bolsonaro: toda ação gera uma reação, que nesse caso seria uma retaliação. A questão climática é seríssima. Hoje há muito pouca dúvida sobre a relevância da ação humana para o clima. O grande problema, claro, é que os cenários catastróficos são para daqui a 100 anos. Quem faz plano pensando nos bisnetos? Pouquíssima gente. Como gostam de dizer os economistas, as pessoas têm preferências hiperbólicas: desprezam custos futuros e sobrevalorizam benefícios presentes. Há ainda um fator complicador adicional na história: a tal externalidade negativa. Se o país A aumenta sua emissão de gás carbônico, prejudica a qualidade do ar que respiram seus cidadãos e detona algumas espécies animais – mas favorece, num primeiro momento, sua economia. Só que a coisa não para aí. Poluição afeta todos os países. O sujeito lá no país Z tem que abandonar sua casa por causa da subida do nível do mar. Olhando por outro ângulo, sob um ponto de vista egoísta, a melhor coisa para o país A é que todos reduzam suas emissões – para assim salvarmos o mundo do aumento fatídico de 2 graus Celsius  –, menos ele. Justamente por isso é tão difícil cooperar. Mas uma liderança forte casada com ameaças críveis aos não cooperadores pode dar resultado. A liderança é o Macron, a ameaça é o comércio e os não cooperadores são... Ok, vamos esperar para ver o que decide Bolsonaro. Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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