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Parece até chavão, de tanto que isso é repetido por comentaristas econômicos e políticos: “sem credibilidade, não há ajuste fiscal”. Ou ao contrário, “sem ajuste fiscal, não há credibilidade”.

Mas o que vem primeiro, o ovo ou a galinha?

Meus caros e caras, estamos neste diálogo porque o governo malversou sua política econômica. Quando a economia se beneficiava dos preços altos das commodities, o governo achava que era o seu toque que transformava tudo em riqueza. O encanto se desfez. Hoje sabemos que ficamos mais ricos, temporariamente, por motivos externos e que estamos mais pobres, agora, por nossa própria responsabilidade.

Pois não é que temos que cortar gastos e aumentar juros, justo agora que a economia perdeu a força?

Quando ainda tínhamos gás no tanque, o governo saiu distribuindo benesses, crédito subsidiado, desonerações tributárias e congelamento de tarifas. Como resultado, colhemos uma economia super aquecida, baseada no consumo, não investimento. Uma economia que, enquanto se endividava, via a inflação persistentemente alta.

Por quê?

Porque o governo achava que o melê de política cozinhado no caldeirão de Madame Min tinha o mérito pelo aumento de renda e passou a ser criativo. Então, quando o preço do petróleo estava no teto e poderíamos ter capitalizado na euforia do pré-sal, decidimos fechar a indústria petrolífera aos tomadores de risco estrangeiros. Como resultado, ficamos com o mico. E nossa veneranda estatal vende seus ativos na bacia das almas.

Mas, amigos leitores, voltando ao título: por que a credibilidade é importante para o ajuste fiscal?

Porque o governo não admite seus erros – ainda que alguns de seus perpetradores não estejam mais em Brasília. Logo, o setor privado e os legisladores não sabem se o ajuste será permanente.

Para que votar numa medida politicamente custosa, se o governo pode voltar atrás?

Por que investir, se o governo não inspira confiança no fato de ajuste fiscal ser permanente?

Ora, pois, se o ajuste fiscal é meia-boca, então por que investir, se suspeitamos que mais taxação virá num futuro próximo?

Esta é, meus caros e caras, uma dinâmica perversa e viciosa.

Já que o ajuste é percebido como meia-boca e sem credibilidade, as firmas pensam duas vezes antes de investir. Sem investimento, a economia se contrai mais ainda e a arrecadação vai para baixo. Com a arrecadação caindo – e conhecendo os modos heterodoxos deste governo –, aumenta a probabilidade de nascerem novos programas, como o Refis, que incentivam as firmas a atrasar os pagamentos de impostos. Isso tudo, logicamente, piora o déficit fiscal e... deteriora a credibilidade.

Enxágue, lave e, se a mancha se espalhar mais ainda, repita.

Como interromper esse ciclo? Se a sorte não reaparecer fortuitamente, precisaremos da verdade. Em outras palavras, o governo precisa abrir o jogo, admitir sua culpabilidade passada, abandonar as políticas gritantemente erradas e pagar os riscos políticos para implementar uma agenda de ajuste.

Não é o ministro que tem que dizer que gasto público é veneno em vez de vida. É a chefe dele.

Enfim... Para não perder o hábito, meu pedido derradeiro: oremos.

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+ PIB VOCÊ SABE O QUE É?

 

Por que sem credibilidade não tem ajuste fiscal? 

Parece até chavão, de tanto que isso é repetido por comentaristas econômicos e políticos: “sem credibilidade, não há ajuste fiscal”. Ou ao contrário, “sem ajuste fiscal, não há credibilidade”. Mas o que vem primeiro, o ovo ou a galinha? Meus caros e caras, estamos neste diálogo porque o governo malversou sua política econômica. Quando a economia se beneficiava dos preços altos das commodities, o governo achava que era o seu toque que transformava tudo em riqueza. O encanto se desfez. Hoje sabemos que ficamos mais ricos, temporariamente, por motivos externos e que estamos mais pobres, agora, por nossa própria responsabilidade. Pois não é que temos que cortar gastos e aumentar juros, justo agora que a economia perdeu a força? Quando ainda tínhamos gás no tanque, o governo saiu distribuindo benesses, crédito subsidiado, desonerações tributárias e congelamento de tarifas. Como resultado, colhemos uma economia super aquecida, baseada no consumo, não investimento. Uma economia que, enquanto se endividava, via a inflação persistentemente alta. Por quê? Porque o governo achava que o melê de política cozinhado no caldeirão de Madame Min tinha o mérito pelo aumento de renda e passou a ser criativo. Então, quando o preço do petróleo estava no teto e poderíamos ter capitalizado na euforia do pré-sal, decidimos fechar a indústria petrolífera aos tomadores de risco estrangeiros. Como resultado, ficamos com o mico. E nossa veneranda estatal vende seus ativos na bacia das almas. Mas, amigos leitores, voltando ao título: por que a credibilidade é importante para o ajuste fiscal? Porque o governo não admite seus erros – ainda que alguns de seus perpetradores não estejam mais em Brasília. Logo, o setor privado e os legisladores não sabem se o ajuste será permanente. Para que votar numa medida politicamente custosa, se o governo pode voltar atrás? Por que investir, se o governo não inspira confiança no fato de ajuste fiscal ser permanente? Ora, pois, se o ajuste fiscal é meia-boca, então por que investir, se suspeitamos que mais taxação virá num futuro próximo? Esta é, meus caros e caras, uma dinâmica perversa e viciosa. Já que o ajuste é percebido como meia-boca e sem credibilidade, as firmas pensam duas vezes antes de investir. Sem investimento, a economia se contrai mais ainda e a arrecadação vai para baixo. Com a arrecadação caindo – e conhecendo os modos heterodoxos deste governo –, aumenta a probabilidade de nascerem novos programas, como o Refis, que incentivam as firmas a atrasar os pagamentos de impostos. Isso tudo, logicamente, piora o déficit fiscal e... deteriora a credibilidade. Enxágue, lave e, se a mancha se espalhar mais ainda, repita. Como interromper esse ciclo? Se a sorte não reaparecer fortuitamente, precisaremos da verdade. Em outras palavras, o governo precisa abrir o jogo, admitir sua culpabilidade passada, abandonar as políticas gritantemente erradas e pagar os riscos políticos para implementar uma agenda de ajuste. Não é o ministro que tem que dizer que gasto público é veneno em vez de vida. É a chefe dele. Enfim... Para não perder o hábito, meu pedido derradeiro: oremos. + LEIA MAIS TEXTOS DESTE AUTOR + LEIA MAIS SOBRE O AJUSTE FISCAL  + PIB VOCÊ SABE O QUE É?  
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