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mc donalds robos

 

O salário mínimo busca garantir ao trabalhador um pagamento minimamente digno. Essa política, entretanto, pode acabar prejudicando quem se deseja proteger. Com a mão de obra mais cara, as empresas optam por contratar menos. Quem consegue manter o emprego sai ganhando, mas muita gente tem que passar mais tempo desempregada.

Isso afeta principalmente trabalhadores mais pobres, com baixa qualificação, que tendem a ganhar salários mais próximos do mínimo.

O artigo acadêmico recente de David Neumark e Grace Lordan investiga um possível canal para esse efeito: automação. Especificamente, em resposta a uma mão de obra mais cara, empresas adotariam tecnologias que possam substituí-la. Essa substituição seria mais fácil justamente em tarefas repetitivas e rotineiras, que envolvem baixa qualificação, e nas quais se pagam salários próximos ao mínimo.

Um exemplo disso foi a adoção de máquinas na rede de restaurantes McDonald’s, em que os consumidores poderiam fazer seus pedidos, substituindo o trabalho de atendentes (foto acima).

No artigo, Neumark e Lordan estudam o impacto de variações do salário mínimo sobre trabalhadores de baixa qualificação (sem nível universitário) nos Estados Unidos. Por lá, cada estado pode estabelecer um mínimo próprio, desde que não seja menor do que o mínimo nacional. A variabilidade do mínimo entre estados e no tempo é usada para estimar seu efeito sobre o emprego de trabalhadores de baixa qualificação em tarefas repetitivas ou rotineiras, para as quais seria mais fácil realizar a substituição de trabalho por tecnologia.

Especificamente, para cada atividade econômica e região, os autores calculam a fração de trabalhadores envolvidos em tarefas repetitivas, e relacionam isso com o salário mínimo estadual. Seus resultados indicam que aumentos no salário mínimo tendem a diminuir essa fração. Trata-se de uma evidência indireta de que as empresas substituem trabalhadores por tecnologia em tarefas rotineiras, quando a mão de obra de baixa qualificação se torna mais cara.

As estimativas encontradas sugerem que o aumento de um dólar no salário mínimo (calculado por hora nos Estados Unidos) diminui em 0,43 ponto percentual a fração de trabalhadores em tarefas repetitivas. Esse efeito é ainda mais forte no setor industrial.

Mudanças no salário mínimo também parecem impactar diferentemente os indivíduos conforme  características como idade, gênero e raça. Em particular, trabalhadores mais jovens (menos de 25 anos) e mais velhos (acima de 40 anos) são mais afetados que os demais (26 a 39 anos). Para mulheres, os efeitos encontrados são quase dez vezes mais fortes do que para homens. O impacto é também mais forte entre trabalhadores negros, na comparação com brancos.

A história de substituição entre trabalho não qualificado e tecnologia é confirmada pela análise dos dados individuais dos trabalhadores. Particularmente, Neumark e Lordan encontram que indivíduos em tarefas rotineiras têm uma chance maior de ficarem desempregados na sequência de um aumento de salário mínimo. As estimativas sugerem que o aumento de 1 dólar no salário mínimo (por hora) está associado a um aumento de 0,12 ponto percentual na probabilidade de desemprego de trabalhadores envolvidos em tarefas rotineiras.

A automação, entretanto, pode dar origem a outros empregos, associados por exemplo à operação e manutenção das novas máquinas. Esses novos postos de trabalho provavelmente envolverão indivíduos de qualificação mais elevada. Ou seja, por esse canal, o salário mínimo acabaria beneficiando os trabalhadores mais qualificados.

 

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Qual o efeito do salário mínimo sobre profissões automatizadas?

mc donalds robos   O salário mínimo busca garantir ao trabalhador um pagamento minimamente digno. Essa política, entretanto, pode acabar prejudicando quem se deseja proteger. Com a mão de obra mais cara, as empresas optam por contratar menos. Quem consegue manter o emprego sai ganhando, mas muita gente tem que passar mais tempo desempregada. Isso afeta principalmente trabalhadores mais pobres, com baixa qualificação, que tendem a ganhar salários mais próximos do mínimo. O artigo acadêmico recente de David Neumark e Grace Lordan investiga um possível canal para esse efeito: automação. Especificamente, em resposta a uma mão de obra mais cara, empresas adotariam tecnologias que possam substituí-la. Essa substituição seria mais fácil justamente em tarefas repetitivas e rotineiras, que envolvem baixa qualificação, e nas quais se pagam salários próximos ao mínimo. Um exemplo disso foi a adoção de máquinas na rede de restaurantes McDonald’s, em que os consumidores poderiam fazer seus pedidos, substituindo o trabalho de atendentes (foto acima). No artigo, Neumark e Lordan estudam o impacto de variações do salário mínimo sobre trabalhadores de baixa qualificação (sem nível universitário) nos Estados Unidos. Por lá, cada estado pode estabelecer um mínimo próprio, desde que não seja menor do que o mínimo nacional. A variabilidade do mínimo entre estados e no tempo é usada para estimar seu efeito sobre o emprego de trabalhadores de baixa qualificação em tarefas repetitivas ou rotineiras, para as quais seria mais fácil realizar a substituição de trabalho por tecnologia. Especificamente, para cada atividade econômica e região, os autores calculam a fração de trabalhadores envolvidos em tarefas repetitivas, e relacionam isso com o salário mínimo estadual. Seus resultados indicam que aumentos no salário mínimo tendem a diminuir essa fração. Trata-se de uma evidência indireta de que as empresas substituem trabalhadores por tecnologia em tarefas rotineiras, quando a mão de obra de baixa qualificação se torna mais cara. As estimativas encontradas sugerem que o aumento de um dólar no salário mínimo (calculado por hora nos Estados Unidos) diminui em 0,43 ponto percentual a fração de trabalhadores em tarefas repetitivas. Esse efeito é ainda mais forte no setor industrial. Mudanças no salário mínimo também parecem impactar diferentemente os indivíduos conforme  características como idade, gênero e raça. Em particular, trabalhadores mais jovens (menos de 25 anos) e mais velhos (acima de 40 anos) são mais afetados que os demais (26 a 39 anos). Para mulheres, os efeitos encontrados são quase dez vezes mais fortes do que para homens. O impacto é também mais forte entre trabalhadores negros, na comparação com brancos. A história de substituição entre trabalho não qualificado e tecnologia é confirmada pela análise dos dados individuais dos trabalhadores. Particularmente, Neumark e Lordan encontram que indivíduos em tarefas rotineiras têm uma chance maior de ficarem desempregados na sequência de um aumento de salário mínimo. As estimativas sugerem que o aumento de 1 dólar no salário mínimo (por hora) está associado a um aumento de 0,12 ponto percentual na probabilidade de desemprego de trabalhadores envolvidos em tarefas rotineiras. A automação, entretanto, pode dar origem a outros empregos, associados por exemplo à operação e manutenção das novas máquinas. Esses novos postos de trabalho provavelmente envolverão indivíduos de qualificação mais elevada. Ou seja, por esse canal, o salário mínimo acabaria beneficiando os trabalhadores mais qualificados.   Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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