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Você pode ter visto a notícia abaixo e, como eu, talvez tenha tomado um susto. Na média, o brasileiro gasta 14% de seu salário com cerveja? Ainda que a chamada indique exatamente isso, não é bem assim.



Lendo a notícia, fica mais claro o que esses 14% querem dizer. Na verdade, trata-se de uma pesquisa do site Cuponation, usando dados de consumo de cerveja e preços em bares em diversas cidades no mundo. Em São Paulo, o gasto mensal estimado pela página seria equivalente a 14% de um salário mínimo. Não é a mesma coisa do que dizia o título da matéria - link para a notícia.
Temos informações mais acuradas sobre o quanto o brasileiro gasta com os mais diversos itens de consumo – incluindo cerveja? Sim. Os índices de inflação utilizam informações das tais das Pesquisas de Orçamento Familiar (POF). Nelas, estima-se quanto cada item pesa no orçamento de um conjunto de famílias.
O IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo – é a principal medida de inflação no Brasil. Ele serve como referência para o Banco Central (BC) em suas ações de política monetária. O BC toma decisões sobre a taxa básica de juros na economia de modo a manter a inflação (medida pelo IPCA) em determinado patamar. O IPCA é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Leia mais aqui e aqui.
Como se trata de um índice de preços ao consumidor, ele inclui itens que consumidores normalmente compram – comida, roupas, itens de higiene, aluguel, eletrodomésticos, produtos de limpeza, gastos com transporte, educação, saúde, lazer etc. Tudo isso entra no cômputo do IPCA.
Mas esses diversos itens não têm o mesmo peso no índice. Não faz sentido que gasolina, por exemplo, tenha a mesma importância do que ingresso de futebol. Afinal, consumidores gastam uma parcela muito maior de suas rendas com gasolina. É aí que entra a Pesquisa de Orçamento Familiar  – para determinar esses pesos.
Na POF, acompanha-se um conjunto de famílias (para o IPCA, famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos, nas 11 principais áreas urbanas do país), para apurar quanto despendem em cada item. No final, tem-se uma medida da fração do orçamento gasta em cada produto. Isso é o peso do produto no índice.
A POF é realizada aproximadamente a cada 10 anos. A inflação é então calculada com esses pesos fixos, levando em conta apenas a variação dos preços dos diversos itens em cada mês. A POF mais recente é de 2008/2009. No momento, o IBGE está coletando informações atualizar os pesos do índice de inflação. Veja mais informações aqui e aqui.
Apesar dos dados não serem muito recentes, já dá para ter uma ideia de quanto o brasileiro gasta em cerveja. Note que não se trata exatamente da parcela do salário ou renda despendida no item (como na notícia mostrada acima), mas sim de sua participação nos gastos familiares.
Na POF de 2008/2009, cerveja entra em duas categorias: alimentação no domicílio ( cerveja que as pessoas compram para tomar em casa) e alimentação fora do domicílio (isto é, que se consome em bares, restaurantes e afins).
O peso de cerveja é de 0,3275% no domicílio e 0,5340% fora do domicílio. Assim, o peso total do consumo de cerveja do IPCA não ultrapassa 1% -- bem abaixo dos 14% divulgados na notícia.

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Quanto o brasileiro gasta em cerveja?

Você pode ter visto a notícia abaixo e, como eu, talvez tenha tomado um susto. Na média, o brasileiro gasta 14% de seu salário com cerveja? Ainda que a chamada indique exatamente isso, não é bem assim. Lendo a notícia, fica mais claro o que esses 14% querem dizer. Na verdade, trata-se de uma pesquisa do site Cuponation, usando dados de consumo de cerveja e preços em bares em diversas cidades no mundo. Em São Paulo, o gasto mensal estimado pela página seria equivalente a 14% de um salário mínimo. Não é a mesma coisa do que dizia o título da matéria - link para a notícia. Temos informações mais acuradas sobre o quanto o brasileiro gasta com os mais diversos itens de consumo – incluindo cerveja? Sim. Os índices de inflação utilizam informações das tais das Pesquisas de Orçamento Familiar (POF). Nelas, estima-se quanto cada item pesa no orçamento de um conjunto de famílias. O IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo – é a principal medida de inflação no Brasil. Ele serve como referência para o Banco Central (BC) em suas ações de política monetária. O BC toma decisões sobre a taxa básica de juros na economia de modo a manter a inflação (medida pelo IPCA) em determinado patamar. O IPCA é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Leia mais aqui e aqui. Como se trata de um índice de preços ao consumidor, ele inclui itens que consumidores normalmente compram – comida, roupas, itens de higiene, aluguel, eletrodomésticos, produtos de limpeza, gastos com transporte, educação, saúde, lazer etc. Tudo isso entra no cômputo do IPCA. Mas esses diversos itens não têm o mesmo peso no índice. Não faz sentido que gasolina, por exemplo, tenha a mesma importância do que ingresso de futebol. Afinal, consumidores gastam uma parcela muito maior de suas rendas com gasolina. É aí que entra a Pesquisa de Orçamento Familiar  – para determinar esses pesos. Na POF, acompanha-se um conjunto de famílias (para o IPCA, famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos, nas 11 principais áreas urbanas do país), para apurar quanto despendem em cada item. No final, tem-se uma medida da fração do orçamento gasta em cada produto. Isso é o peso do produto no índice. A POF é realizada aproximadamente a cada 10 anos. A inflação é então calculada com esses pesos fixos, levando em conta apenas a variação dos preços dos diversos itens em cada mês. A POF mais recente é de 2008/2009. No momento, o IBGE está coletando informações atualizar os pesos do índice de inflação. Veja mais informações aqui e aqui. Apesar dos dados não serem muito recentes, já dá para ter uma ideia de quanto o brasileiro gasta em cerveja. Note que não se trata exatamente da parcela do salário ou renda despendida no item (como na notícia mostrada acima), mas sim de sua participação nos gastos familiares. Na POF de 2008/2009, cerveja entra em duas categorias: alimentação no domicílio ( cerveja que as pessoas compram para tomar em casa) e alimentação fora do domicílio (isto é, que se consome em bares, restaurantes e afins). O peso de cerveja é de 0,3275% no domicílio e 0,5340% fora do domicílio. Assim, o peso total do consumo de cerveja do IPCA não ultrapassa 1% -- bem abaixo dos 14% divulgados na notícia. Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?, clique aqui e assine a nossa Newsletter.
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