Uma plataforma que vai te ajudar a entender um pouco mais de economia.

A Security Exchange Comission (SEC), órgão regulador da bolsa americana, divulgou nesta semana um estudo detalhado sobre os acontecimentos de janeiro de 2021 que fizeram com que a empresa GameStop ficasse conhecida no mundo inteiro. 


A GameStop comercializa jogos eletrônicos em lojas físicas nos Estados Unidos. Há alguns anos a empresa apresenta prejuízos significativos, reflexo da concorrência das lojas virtuais e da distribuição dos jogos por meio digital. Muitos analistas previam que as restrições impostas pela pandemia finalmente levariam a empresa à falência. Grandes investidores institucionais apostaram nesse resultado.

Mas não foi isso que aconteceu. Um movimento sem precedentes de pequenos investidores, coordenado pelas mídias sociais, conseguiu sustentar a empresa, catapultando o preço da ação dos 20 dólares, em dezembro de 2020, para mais de 300 dólares em janeiro de 2021. O forte aumento do preço da ação fez os investidores vendidos encerrarem suas posições para reduzir o risco de suas posições. Com a ausência dos investidores informados, os preços ficaram ainda mais voláteis e sobrevalorizados.

O estudo da SEC avaliou o impacto desse movimento. Em especial, analisaram: i) como o aumento da volatilidade afetou os cotistas dos fundos ETFs (Exchange Traded Funds) que possuíam o papel em carteira; ii) como a proibição temporária de negociação imposta pelo sistema de margens e garantias afetou os investidores; iii) como o encerramento das posições vendidas dos grandes investidores institucionais contribuiu para a alta dos preços (movimento conhecido por short-squeeze); iv) o papel dos formadores de mercados externos que compram o fluxo de ordens das corretoras.

Na conclusão, o estudo apresenta algumas reflexões para melhorar o mercado americano. Em particular, destaca a necessidade de aumentar a transparência das operações de venda a descoberto e dos episódios de short-squeeze. Além disso, questiona se as corretoras não estariam exagerando ao estimular que seus clientes negociem ainda mais, questionando ainda se o modelo de negócio com corretagem zero e venda do fluxo de ordens para formadores de mercado seria adequado.

Que lições podemos tirar desse estudo para o mercado brasileiro? O mercado brasileiro é razoavelmente transparente, mais até do que a Bolsa americana. Em sua página, a B3 divulga diariamente as posições vendidas, bem como as taxas de aluguel praticadas. Ponto positivo para ela. Já a corretagem zero e o estímulo à negociação exagerada por parte das corretoras, assim como a monetização do fluxo de ordens (que aqui tem o nome de RLP, Retail Liquidity Provider), são práticas que de fato devemos analisar com cuidado.

COLUNA PUBLICADA NA FOLHA DE SÃO PAULO

Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?clique aqui e assine a nossa Newsletter.


Siga a gente no Facebook e Twitter!
Inscreva-se no nosso canal no YouTube!
Curta as nossas fotos no Instagram!


Relatório da SEC avalia o episódio da GameStop

A Security Exchange Comission (SEC), órgão regulador da bolsa americana, divulgou nesta semana um estudo detalhado sobre os acontecimentos de janeiro de 2021 que fizeram com que a empresa GameStop ficasse conhecida no mundo inteiro. 


A GameStop comercializa jogos eletrônicos em lojas físicas nos Estados Unidos. Há alguns anos a empresa apresenta prejuízos significativos, reflexo da concorrência das lojas virtuais e da distribuição dos jogos por meio digital. Muitos analistas previam que as restrições impostas pela pandemia finalmente levariam a empresa à falência. Grandes investidores institucionais apostaram nesse resultado.

Mas não foi isso que aconteceu. Um movimento sem precedentes de pequenos investidores, coordenado pelas mídias sociais, conseguiu sustentar a empresa, catapultando o preço da ação dos 20 dólares, em dezembro de 2020, para mais de 300 dólares em janeiro de 2021. O forte aumento do preço da ação fez os investidores vendidos encerrarem suas posições para reduzir o risco de suas posições. Com a ausência dos investidores informados, os preços ficaram ainda mais voláteis e sobrevalorizados.

O estudo da SEC avaliou o impacto desse movimento. Em especial, analisaram: i) como o aumento da volatilidade afetou os cotistas dos fundos ETFs (Exchange Traded Funds) que possuíam o papel em carteira; ii) como a proibição temporária de negociação imposta pelo sistema de margens e garantias afetou os investidores; iii) como o encerramento das posições vendidas dos grandes investidores institucionais contribuiu para a alta dos preços (movimento conhecido por short-squeeze); iv) o papel dos formadores de mercados externos que compram o fluxo de ordens das corretoras.

Na conclusão, o estudo apresenta algumas reflexões para melhorar o mercado americano. Em particular, destaca a necessidade de aumentar a transparência das operações de venda a descoberto e dos episódios de short-squeeze. Além disso, questiona se as corretoras não estariam exagerando ao estimular que seus clientes negociem ainda mais, questionando ainda se o modelo de negócio com corretagem zero e venda do fluxo de ordens para formadores de mercado seria adequado.

Que lições podemos tirar desse estudo para o mercado brasileiro? O mercado brasileiro é razoavelmente transparente, mais até do que a Bolsa americana. Em sua página, a B3 divulga diariamente as posições vendidas, bem como as taxas de aluguel praticadas. Ponto positivo para ela. Já a corretagem zero e o estímulo à negociação exagerada por parte das corretoras, assim como a monetização do fluxo de ordens (que aqui tem o nome de RLP, Retail Liquidity Provider), são práticas que de fato devemos analisar com cuidado.

COLUNA PUBLICADA NA FOLHA DE SÃO PAULO

Para ficar por dentro do que rola no Por Quê?clique aqui e assine a nossa Newsletter.

Siga a gente no Facebook e Twitter!
Inscreva-se no nosso canal no YouTube!
Curta as nossas fotos no Instagram!

O que você achou desse texto?

*Não é necessário cadastro.

Avaliação de quem leu:

Avalie esse texto Não é necessário cadastro

A plataforma Por Quê?Economês em bom português nasceu em 2015, com o objetivo de explicar conceitos básicos de economia e tornar o noticiário econômico acessível ao público não especializado. Acreditamos que o raciocínio econômico é essencial para a compreensão da realidade que nos cerca.

Iniciativa

Bei editora
Usamos cookies por vários motivos, como manter o site do PQ? confiável ​​e seguro, personalizar conteúdo e anúncios,
fornecer recursos de mídia social e analisar como o site é usado. Para maiores informações veja nossa Política de Privacidade.