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							Em 1994, o Brasil finalmente derrotou a hiperinflação com o Plano Real. Um dos principais pilares do plano era a âncora cambial: o Banco Central controlava de perto o preço do dólar com o objetivo de não deixar que os demais preços da economia saíssem do controle. Essa estratégia se mostrou frágil, especialmente com a profusão de crises internacionais que tivemos naquela época. Em 1999, com as reservas em dólares do Banco Central se esgotando, o governo teve de abandonar a âncora cambial.

No seu lugar, foi implantando o sistema de metas de inflação. Nele, o Banco Central recebe a missão de manter a inflação o mais próximo possível da meta ao fim de cada ano. Há uma certa flexibilidade no esquema, na medida em que se espera que a inflação anual fique dentro de um intervalo em torno do centro da meta.

Se o sistema tem credibilidade, o Banco Central consegue influenciar as expectativas dos agentes, o que ajuda a controlar a própria inflação. Em outras palavras, as expectativas de inflação permanecem ancoradas.

No gráfico abaixo, mostramos como a inflação se comportou desde 1999, em comparação com a meta. As linhas tracejadas mostram o intervalo correspondente à meta de cada ano. Os pontos mostram a inflação observada. Pontos azuis indicam que a inflação ficou dentro da meta; pontos vermelhos indicam “furos”.

Em geral, a meta é fixada com anos de antecedência. Como em 2004 e 2005 essa meta foi revisada depois do “furo” gigantesco de 2002, resolvemos deixar esses dois anos de fora da análise. Das 22 observações consideradas, a meta não foi cumprida em 6 ocasiões – sendo que em 5 destas a inflação ficou acima do limite superior.

 

Furos consideráveis foram observados em 2003, 2015 e 2021. Em 2003, o dólar disparou em função de incertezas associadas ao início do primeiro mandato do presidente Lula, o que acabou puxando a inflação para cima.

Já 2015 foi um ano de crise gigantesca na economia brasileira, com perspectivas terríveis sobre as contas públicas, o que contribuiu para que expectativas desancorassem. Além disso, o governo reajustou preços públicos por muito tempo represados. Tudo isso jogou a inflação para cima dos dois dígitos depois de muitos anos.

Por fim, 2021 foi o ano da recuperação da pandemia, com inflação alta no mundo todo, resultado de quebras na cadeia de suprimentos e políticas fiscais e monetárias frouxas.  

Fonte dos dados

Banco Central do Brasil. Histórico de Metas para a Inflação no Brasil

Ipeadata. Inflação – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), % ao ano


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Um histórico do sistema de metas de inflação no Brasil | Gráfico da Semana

Em 1994, o Brasil finalmente derrotou a hiperinflação com o Plano Real. Um dos principais pilares do plano era a âncora cambial: o Banco Central controlava de perto o preço do dólar com o objetivo de não deixar que os demais preços da economia saíssem do controle. Essa estratégia se mostrou frágil, especialmente com a profusão de crises internacionais que tivemos naquela época. Em 1999, com as reservas em dólares do Banco Central se esgotando, o governo teve de abandonar a âncora cambial.

No seu lugar, foi implantando o sistema de metas de inflação. Nele, o Banco Central recebe a missão de manter a inflação o mais próximo possível da meta ao fim de cada ano. Há uma certa flexibilidade no esquema, na medida em que se espera que a inflação anual fique dentro de um intervalo em torno do centro da meta.

Se o sistema tem credibilidade, o Banco Central consegue influenciar as expectativas dos agentes, o que ajuda a controlar a própria inflação. Em outras palavras, as expectativas de inflação permanecem ancoradas.

No gráfico abaixo, mostramos como a inflação se comportou desde 1999, em comparação com a meta. As linhas tracejadas mostram o intervalo correspondente à meta de cada ano. Os pontos mostram a inflação observada. Pontos azuis indicam que a inflação ficou dentro da meta; pontos vermelhos indicam “furos”.

Em geral, a meta é fixada com anos de antecedência. Como em 2004 e 2005 essa meta foi revisada depois do “furo” gigantesco de 2002, resolvemos deixar esses dois anos de fora da análise. Das 22 observações consideradas, a meta não foi cumprida em 6 ocasiões – sendo que em 5 destas a inflação ficou acima do limite superior.

 

Furos consideráveis foram observados em 2003, 2015 e 2021. Em 2003, o dólar disparou em função de incertezas associadas ao início do primeiro mandato do presidente Lula, o que acabou puxando a inflação para cima.

Já 2015 foi um ano de crise gigantesca na economia brasileira, com perspectivas terríveis sobre as contas públicas, o que contribuiu para que expectativas desancorassem. Além disso, o governo reajustou preços públicos por muito tempo represados. Tudo isso jogou a inflação para cima dos dois dígitos depois de muitos anos.

Por fim, 2021 foi o ano da recuperação da pandemia, com inflação alta no mundo todo, resultado de quebras na cadeia de suprimentos e políticas fiscais e monetárias frouxas.  

Fonte dos dados

Banco Central do Brasil. Histórico de Metas para a Inflação no Brasil

Ipeadata. Inflação – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), % ao ano


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