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Não faz muito sentido afirmar que lockdowns e políticas de isolamento social são desastrosos para a economia. Ficou o escriba biruta? Não. Queda na mobilidade é mesmo um desastre, mas é consequência, não causa. É a pandemia em si - somada a uma aparente incapacidade de seguir protocolos de higiene simples, como evitar aglomerações e usar máscaras – a causa fundamental do desastre econômico. Isso não quer dizer que restrições à movimentação não afetem a renda e o emprego; significa apenas que elas (as restrições) são endógenas. Uma tabulação interessante sobre a competência das políticas públicas na batalha contra o covid-19 é mostrar, para os países sobre os quais dispomos de dados, quanto o PIB mergulhou abaixo da sua taxa média de crescimento e quantas foram as vítimas de covid desde o início da pandemia, em 2020.  

A ideia por trás desse gráfico é a seguinte: imagine que um país A tenha optado por parar totalmente de funcionar, adotando um lockdown extremíssimo capaz de conter significativamente as mortes por covid, mas ao mesmo tempo com potencial de detonar pesadamente a economia, gerando queda brutal do PIB. Em nossa descrição espacial, esse país estaria no quadrante sudoeste do plano (X,Y); onde X mede mortes por milhão de habitantes e Y o desvio do crescimento em relação a sua média histórica. Talvez possamos classificá-lo como extremista de sinistra, só para animar mais o debate. Já o hipotético país B, dito extremista de destra por falta de adjetivo melhor e para manter a simetria, seguiu como se não existisse covid, tocando a todo o vapor, sem restrições para nada. Com a economia de vento em popa em B, no tal plano (X,Y) ele estaria situado mais a nordeste, com bom crescimento mas muitas mortes (apesar do negacionismo, o fato é que o coronavirus existe e é letal).  

A história acima faz de fato sentido? É verdade que há um certo alinhamento entre como andou a economia e o total de óbitos: mais liberdade de movimentação, melhor crescimento ao custo de mais mortes? 

A resposta é não: a afirmação “maior liberdade de movimento, mais PIB, porém, infelizmente, mais mortes” não aparece nos dados. Na verdade, a correlação simples sugere o oposto: sendo negativa, ela identifica mais mortes com pior desempenho em termos de PIB, em ambos painéis. 

O motivo de termos dois painéis é simples: é fundamental isolar o efeito da estrutura etária sobre óbitos totais per capita. À esquerda e em vermelho os países mais jovens (em média, países mais pobres) e à direita em azul os países com maior proporção de idosos na população (em média, países mais ricos). 

Primeiro fato empírico revelado: a distribuição de mortes situa-se mais à direita para os países representados em azul, isto é, mais velhos. Segundo, as oscilações de crescimento geradas pela crise sanitária foram mais voláteis entre os países do grupo vermelho. Terceiro, nos países do grupo mais jovem, todos aqueles com desvio de crescimento acima de -5% (ou seja, que sofreram menos) foram países que lideram melhor com a pandemia, no sentido de que em nenhum deles se verifica um total de óbitos por milhão acima de 1000. 

E o Brasil? É a bola verde, o segundo pior em termos de mortes e ali pertinho da média em termos de desvio do crescimento. Os dados são esses. O resto é narrativa política para enganar desavisado. 


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Uma história em um gráfico

Não faz muito sentido afirmar que lockdowns e políticas de isolamento social são desastrosos para a economia. Ficou o escriba biruta? Não. Queda na mobilidade é mesmo um desastre, mas é consequência, não causa. É a pandemia em si - somada a uma aparente incapacidade de seguir protocolos de higiene simples, como evitar aglomerações e usar máscaras – a causa fundamental do desastre econômico. Isso não quer dizer que restrições à movimentação não afetem a renda e o emprego; significa apenas que elas (as restrições) são endógenas. Uma tabulação interessante sobre a competência das políticas públicas na batalha contra o covid-19 é mostrar, para os países sobre os quais dispomos de dados, quanto o PIB mergulhou abaixo da sua taxa média de crescimento e quantas foram as vítimas de covid desde o início da pandemia, em 2020.  

A ideia por trás desse gráfico é a seguinte: imagine que um país A tenha optado por parar totalmente de funcionar, adotando um lockdown extremíssimo capaz de conter significativamente as mortes por covid, mas ao mesmo tempo com potencial de detonar pesadamente a economia, gerando queda brutal do PIB. Em nossa descrição espacial, esse país estaria no quadrante sudoeste do plano (X,Y); onde X mede mortes por milhão de habitantes e Y o desvio do crescimento em relação a sua média histórica. Talvez possamos classificá-lo como extremista de sinistra, só para animar mais o debate. Já o hipotético país B, dito extremista de destra por falta de adjetivo melhor e para manter a simetria, seguiu como se não existisse covid, tocando a todo o vapor, sem restrições para nada. Com a economia de vento em popa em B, no tal plano (X,Y) ele estaria situado mais a nordeste, com bom crescimento mas muitas mortes (apesar do negacionismo, o fato é que o coronavirus existe e é letal).  

A história acima faz de fato sentido? É verdade que há um certo alinhamento entre como andou a economia e o total de óbitos: mais liberdade de movimentação, melhor crescimento ao custo de mais mortes? 

A resposta é não: a afirmação “maior liberdade de movimento, mais PIB, porém, infelizmente, mais mortes” não aparece nos dados. Na verdade, a correlação simples sugere o oposto: sendo negativa, ela identifica mais mortes com pior desempenho em termos de PIB, em ambos painéis. 

O motivo de termos dois painéis é simples: é fundamental isolar o efeito da estrutura etária sobre óbitos totais per capita. À esquerda e em vermelho os países mais jovens (em média, países mais pobres) e à direita em azul os países com maior proporção de idosos na população (em média, países mais ricos). 

Primeiro fato empírico revelado: a distribuição de mortes situa-se mais à direita para os países representados em azul, isto é, mais velhos. Segundo, as oscilações de crescimento geradas pela crise sanitária foram mais voláteis entre os países do grupo vermelho. Terceiro, nos países do grupo mais jovem, todos aqueles com desvio de crescimento acima de -5% (ou seja, que sofreram menos) foram países que lideram melhor com a pandemia, no sentido de que em nenhum deles se verifica um total de óbitos por milhão acima de 1000. 

E o Brasil? É a bola verde, o segundo pior em termos de mortes e ali pertinho da média em termos de desvio do crescimento. Os dados são esses. O resto é narrativa política para enganar desavisado. 


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