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							Nos últimos anos temos vivenciado um aumento significativo de eventos climáticos extremos. Eventos climáticos extremos são todos os fenômenos meteorológicos e climatológicos em grande proporção, tais como altas temperaturas, geadas acompanhadas de nevascas, longos períodos de secas, de chuvas intensas e inundações como as chuvas recentes no litoral norte de São Paulo, que provocaram centenas de mortes e outras perdas emocionais e financeiras.

Uma das causas desses eventos é o aumento da temperatura do planeta em função do aumento de emissões dos gases do efeito estufa (GEE). Desde o período pré-industrial a temperatura na terra aumentou cerca de 1,1°C. O limite seguro para o aquecimento global segundo a ciência é limitar o aumento da temperatura a 1,5°C até o final deste século. As consequências são eventos climáticos extremos mais fortes e mais frequentes. Hoje, metade da população mundial enfrenta insegurança hídrica em pelo menos um mês a cada ano. Desde 2008, inundações e tempestades catastróficas forçaram mais de 20 milhões de pessoas por ano a deixarem suas casas. Um estudo do Banco Mundial estima que cerca de 17 milhões de migrantes climáticos sairão da América Latina até 2050 para fugirem de eventos climáticos extremos.

Estimativas do IPCC mostram que um aumento de 1,5°C colocaria em risco 14% da biodiversidade da terra. Cerca de 1 bilhão de pessoas em zonas áridas seriam expostas a estresse hídrico, calor e desertificação. Para garantir segurança alimentar seriam necessários cerca de US$ 63 bilhões com adaptação e danos residuais nas culturas agrícolas. As queimadas na Europa Meridional aumentariam cerca de 55%. Teríamos 58% mais dias com temperatura maior que 35°C. Perderíamos entre 70% e 90% dos corais e recifes existentes. Com o aumento do nível do mar e chuvas intensas, a população global exposta a inundações severas aumentaria cerca de 24%. O IPCC estima que, apenas ao longo da próxima década, as mudanças climáticas vão colocar entre 32 milhões e 132 milhões de pessoas na pobreza extrema.

As mudanças climáticas também aumentarão a incidência de doenças cardíacas, dificuldades com a saúde mental e de mortes relacionadas ao calor. Desigualdades aumentam a vulnerabilidade aos riscos climáticos, dando origem ao que chamamos de injustiça ambiental. Assentamentos humanos em áreas úmidas e costeiras promovem a degradação de ecossistemas que, de outra forma, ajudariam a proteger os bairros próximos a essas áreas da elevação do nível do mar, de tempestades e de inundações.

Alarmante. Mas pode ficar pior. Um novo estudo climático de 2022 da Organização Meteorológica Mundial (OMM) aponta que existe 50% de chance de a elevação da temperatura média global ultrapassar 1,5°C nos próximos cinco anos com impactos ainda mais severos no meio ambiente, no desenvolvimento socioeconômico, na saúde e no bem-estar das pessoas.

Neste contexto, medidas de mitigação e adaptação são cruciais para reverter o aumento da temperatura e proteger os ecossistemas e as pessoas. A mitigação refere-se à redução das emissões de GEE para evitar ou reduzir a mudança do clima. No Brasil, dado nosso padrão de emissões, significa reduzir desmatamento e investir em práticas agrícolas mais sustentáveis. Medidas de adaptação buscam reduzir os efeitos danosos, as vulnerabilidades, além de explorar possíveis oportunidades de melhoria tais como criação e investimento em programas sociais que promovem equidade e justiça climática, melhorias na infraestrutura e serviços básicos, como moradia especialmente para as populações de renda mais baixas, saneamento e saúde. Proteção, restauração e manejo sustentável de ecossistemas em colaboração com os povos indígenas e comunidades locais e investimento em novas tecnologias.

A adaptação é necessária independentemente do quanto conseguimos reduzir de emissões dadas as emissões históricas. Ideal que haja sinergia entre ações de mitigação e adaptação para alcançar eficiência ao mesmo tempo que se gera benefícios sociais. Isso requer atuação coordenada dos governos, organizações e cidadãos-consumidores com a ciência no centro da tomada de decisões estratégicas para o desenvolvimento do país.

Escrevo esse texto pelas famílias e amigos que perderam entes queridos na tragédia do litoral norte. Que esta tragédia não seja esquecida ou vire mais uma estatística. Que não seja necessária uma próxima tragédia para aumentarmos os investimentos e esforços de curto e longo prazo nas medidas de adaptação e mitigação. Isso requer mudança de comportamento de todos.

Termino com um trecho da famosa Carta da Terra para lembrar que a mudança está em nossas mãos. “... que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação da luta pela justiça e pela paz, e a alegre celebração da vida.



COLUNA PUBLICADA NA FOLHA DE S.PAULO 

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Urgência climática: necessidade de adaptação e mitigação

Nos últimos anos temos vivenciado um aumento significativo de eventos climáticos extremos. Eventos climáticos extremos são todos os fenômenos meteorológicos e climatológicos em grande proporção, tais como altas temperaturas, geadas acompanhadas de nevascas, longos períodos de secas, de chuvas intensas e inundações como as chuvas recentes no litoral norte de São Paulo, que provocaram centenas de mortes e outras perdas emocionais e financeiras.

Uma das causas desses eventos é o aumento da temperatura do planeta em função do aumento de emissões dos gases do efeito estufa (GEE). Desde o período pré-industrial a temperatura na terra aumentou cerca de 1,1°C. O limite seguro para o aquecimento global segundo a ciência é limitar o aumento da temperatura a 1,5°C até o final deste século. As consequências são eventos climáticos extremos mais fortes e mais frequentes. Hoje, metade da população mundial enfrenta insegurança hídrica em pelo menos um mês a cada ano. Desde 2008, inundações e tempestades catastróficas forçaram mais de 20 milhões de pessoas por ano a deixarem suas casas. Um estudo do Banco Mundial estima que cerca de 17 milhões de migrantes climáticos sairão da América Latina até 2050 para fugirem de eventos climáticos extremos.

Estimativas do IPCC mostram que um aumento de 1,5°C colocaria em risco 14% da biodiversidade da terra. Cerca de 1 bilhão de pessoas em zonas áridas seriam expostas a estresse hídrico, calor e desertificação. Para garantir segurança alimentar seriam necessários cerca de US$ 63 bilhões com adaptação e danos residuais nas culturas agrícolas. As queimadas na Europa Meridional aumentariam cerca de 55%. Teríamos 58% mais dias com temperatura maior que 35°C. Perderíamos entre 70% e 90% dos corais e recifes existentes. Com o aumento do nível do mar e chuvas intensas, a população global exposta a inundações severas aumentaria cerca de 24%. O IPCC estima que, apenas ao longo da próxima década, as mudanças climáticas vão colocar entre 32 milhões e 132 milhões de pessoas na pobreza extrema.

As mudanças climáticas também aumentarão a incidência de doenças cardíacas, dificuldades com a saúde mental e de mortes relacionadas ao calor. Desigualdades aumentam a vulnerabilidade aos riscos climáticos, dando origem ao que chamamos de injustiça ambiental. Assentamentos humanos em áreas úmidas e costeiras promovem a degradação de ecossistemas que, de outra forma, ajudariam a proteger os bairros próximos a essas áreas da elevação do nível do mar, de tempestades e de inundações.

Alarmante. Mas pode ficar pior. Um novo estudo climático de 2022 da Organização Meteorológica Mundial (OMM) aponta que existe 50% de chance de a elevação da temperatura média global ultrapassar 1,5°C nos próximos cinco anos com impactos ainda mais severos no meio ambiente, no desenvolvimento socioeconômico, na saúde e no bem-estar das pessoas.

Neste contexto, medidas de mitigação e adaptação são cruciais para reverter o aumento da temperatura e proteger os ecossistemas e as pessoas. A mitigação refere-se à redução das emissões de GEE para evitar ou reduzir a mudança do clima. No Brasil, dado nosso padrão de emissões, significa reduzir desmatamento e investir em práticas agrícolas mais sustentáveis. Medidas de adaptação buscam reduzir os efeitos danosos, as vulnerabilidades, além de explorar possíveis oportunidades de melhoria tais como criação e investimento em programas sociais que promovem equidade e justiça climática, melhorias na infraestrutura e serviços básicos, como moradia especialmente para as populações de renda mais baixas, saneamento e saúde. Proteção, restauração e manejo sustentável de ecossistemas em colaboração com os povos indígenas e comunidades locais e investimento em novas tecnologias.

A adaptação é necessária independentemente do quanto conseguimos reduzir de emissões dadas as emissões históricas. Ideal que haja sinergia entre ações de mitigação e adaptação para alcançar eficiência ao mesmo tempo que se gera benefícios sociais. Isso requer atuação coordenada dos governos, organizações e cidadãos-consumidores com a ciência no centro da tomada de decisões estratégicas para o desenvolvimento do país.

Escrevo esse texto pelas famílias e amigos que perderam entes queridos na tragédia do litoral norte. Que esta tragédia não seja esquecida ou vire mais uma estatística. Que não seja necessária uma próxima tragédia para aumentarmos os investimentos e esforços de curto e longo prazo nas medidas de adaptação e mitigação. Isso requer mudança de comportamento de todos.

Termino com um trecho da famosa Carta da Terra para lembrar que a mudança está em nossas mãos. “... que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação da luta pela justiça e pela paz, e a alegre celebração da vida.



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