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														Poupar é muito difícil. Um motivo óbvio, válido para a grande maioria dos brasileiros, é que nossa renda é muito baixa. Mas, para piorar, há um motivo adicional. Temos uma grande dificuldade de pensar no futuro. Tomar decisões que deixam o presente mais desagradável em nome de um futuro mais agradável é muito difícil. Decisões assim exigem um autocontrole que geralmente não temos.
 
Essa questão foi amplamente pesquisada pelo economista Richard Thaler, ganhador do Nobel de Economia em 2017. Junto com Shlomo Benartzi, ele bolou uma forma de “enganar” as pessoas para que elas poupassem mais. Quando uma empresa pergunta ao seu funcionário quanto ele deseja direcionar de seu salário para um fundo de pensão automático, as respostas usualmente são percentuais baixos, quase sempre menores que 5%. Thaler e Benartzi então tiveram a seguinte ideia: e se o fundo de pensão começasse a abocanhar parte do salário somente no futuro? No ano seguinte ao da decisão, por exemplo? Nesse caso, a dificuldade em se pensar no futuro estaria jogando a favor da decisão de poupar. Como a mordida viria só lá na frente, as pessoas estariam dispostas a escolher um percentual maior. Muito inteligente e, como se provou na prática, muito eficaz.
 
No Brasil, o FGTS obriga os trabalhadores de carteira assinada a poupar 8% de seu salário todos os meses. As empresas repassam esse dinheiro à Caixa Econômica Federal (CEF), que o aplica em financiamentos dos setores de habitação popular (90% do total), saneamento e infraestrutura.

Num mundo de autocontrole limitado, obrigar as pessoas a poupar no mínimo 8% do seu salário não é, em princípio, uma má ideia. Esse sempre foi o argumento a favor do FGTS. No entanto, o rendimento do FGTS era horroroso. Do lucro obtido pela CEF nos seus empréstimos com o dinheiro do FGTS só uma parte bem pequenininha era repassada aos trabalhadores. No fim, o rendimento ficava ao redor de 3% ao ano e não protegia os trabalhadores nem da inflação.  Proporcionando esse rendimento pífio, a mordida que o governo dava nos salários era, em bom português, uma grande sacanagem.

Felizmente, essa realidade está mudando. Em 2017, o governo começou a repassar aos trabalhadores 50% do lucro dos empréstimos. Isso fez a rentabilidade do FGTS dar um salto, indo para 5,4% ao ano. No mês passado, o governo anunciou que vai começar a repassar, daqui para a frente, 100% do lucro. Teremos então uma nova turbinada na rentabilidade. É difícil projetá-la com precisão, mas deve ser significativamente superior à da caderneta de poupança. Ufa, agora sim essa mordida em nossos salários passa a fazer sentido. Quem diria... Viva o FGTS! 

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Viva o FGTS!

Poupar é muito difícil. Um motivo óbvio, válido para a grande maioria dos brasileiros, é que nossa renda é muito baixa. Mas, para piorar, há um motivo adicional. Temos uma grande dificuldade de pensar no futuro. Tomar decisões que deixam o presente mais desagradável em nome de um futuro mais agradável é muito difícil. Decisões assim exigem um autocontrole que geralmente não temos.
 
Essa questão foi amplamente pesquisada pelo economista Richard Thaler, ganhador do Nobel de Economia em 2017. Junto com Shlomo Benartzi, ele bolou uma forma de “enganar” as pessoas para que elas poupassem mais. Quando uma empresa pergunta ao seu funcionário quanto ele deseja direcionar de seu salário para um fundo de pensão automático, as respostas usualmente são percentuais baixos, quase sempre menores que 5%. Thaler e Benartzi então tiveram a seguinte ideia: e se o fundo de pensão começasse a abocanhar parte do salário somente no futuro? No ano seguinte ao da decisão, por exemplo? Nesse caso, a dificuldade em se pensar no futuro estaria jogando a favor da decisão de poupar. Como a mordida viria só lá na frente, as pessoas estariam dispostas a escolher um percentual maior. Muito inteligente e, como se provou na prática, muito eficaz.
 
No Brasil, o FGTS obriga os trabalhadores de carteira assinada a poupar 8% de seu salário todos os meses. As empresas repassam esse dinheiro à Caixa Econômica Federal (CEF), que o aplica em financiamentos dos setores de habitação popular (90% do total), saneamento e infraestrutura.

Num mundo de autocontrole limitado, obrigar as pessoas a poupar no mínimo 8% do seu salário não é, em princípio, uma má ideia. Esse sempre foi o argumento a favor do FGTS. No entanto, o rendimento do FGTS era horroroso. Do lucro obtido pela CEF nos seus empréstimos com o dinheiro do FGTS só uma parte bem pequenininha era repassada aos trabalhadores. No fim, o rendimento ficava ao redor de 3% ao ano e não protegia os trabalhadores nem da inflação.  Proporcionando esse rendimento pífio, a mordida que o governo dava nos salários era, em bom português, uma grande sacanagem.

Felizmente, essa realidade está mudando. Em 2017, o governo começou a repassar aos trabalhadores 50% do lucro dos empréstimos. Isso fez a rentabilidade do FGTS dar um salto, indo para 5,4% ao ano. No mês passado, o governo anunciou que vai começar a repassar, daqui para a frente, 100% do lucro. Teremos então uma nova turbinada na rentabilidade. É difícil projetá-la com precisão, mas deve ser significativamente superior à da caderneta de poupança. Ufa, agora sim essa mordida em nossos salários passa a fazer sentido. Quem diria... Viva o FGTS! 

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