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Semana de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) do Brasil costuma render trabalho aqui no Por quê?. Temos sido bastante questionados sobre mudanças da gestão de Ilan Goldfajn, recém empossado na Presidência do BC. Afinal, o que é essa tal de “transparência na comunicação” que os comentaristas na imprensa têm elogiado tanto?



Para você entender melhor, antes vamos falar rapidamente sobre o que acontece após cada um dos encontros.

Ao fim de cada reunião (em geral, no começo de uma noite de quarta-feira), após o mercado parar de funcionar, o Copom publica um comunicado curto. Nele, relata sua decisão de política monetária e diz suas razões.

Nas tesourarias dos bancos, economistas e analistas de mercado esperam com ansiedade. A depender das previsões que vinham fazendo para o nível de juros (Selic) no Brasil, comemoram ou lamentam. Reúnem-se e discutem estratégias para o dia seguinte, escrevem relatórios para clientes.

Aproximadamente uma semana depois da reunião, economistas e analistas de mercado acordam mais cedo. Debruçam-se sobre seus terminais de computador à espera da publicação da ata da reunião do Copom. São várias páginas em que a autoridade monetária expõe detalhes de seus motivos. Participantes do mercado, então, procuram por novas informações, qualquer dica ou sinal dos próximos passos do BC.



Sempre foi assim, ué, o que mudou?

No último encontro do Copom, o primeiro com Ilan Goldfajn no comando, uma novidade:  o comunicado, que teve pouco mais de 100 palavras em junho, passou para quase 400. Se considerarmos apenas a discussão sobre riscos no cenário econômico futuro, que nem era citada em comunicados passados, foram usadas mais de 150 palavras!

Analistas ainda vão esperar a ata semana que vem – que agora sai na terça, não mais na quinta-feira, como era habitual. Mas a exposição de motivos do primeiro comunicado, agora mais longo, não se limitou a informar por alto a manutenção dos juros na altura dos 14,25% ao ano. Permitiu uma leitura clara das estratégias do Copom. E daí surgiu na imprensa as tais referências sobre um esforço por maior transparência por parte do BC sob nova direção.

Mas isso importa de verdade?

Claro que sim. Quando o Copom aumenta, mantém ou diminui os juros básicos, o impacto pretendido é maior se há uma exposição coerente e convincente da estratégia em curso.

E se o Copom vê um cenário de inflação alta daqui em diante e decide aumentar os juros, para esfriar a economia? Não é importante que os participantes do mercado entendam as razões disso?

Dessa forma, eles podem incorporar imediatamente a ideia de que o plano do BC é manter juros altos até encaixar a inflação na meta. A política monetária, assim, ganha credibilidade. Isso possibilita à autoridade monetária que não precise aumentar muito os juros para domar o ritmo de preços.

"Novo" BC é mais transparente? Por quê?

Semana de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) do Brasil costuma render trabalho aqui no Por quê?. Temos sido bastante questionados sobre mudanças da gestão de Ilan Goldfajn, recém empossado na Presidência do BC. Afinal, o que é essa tal de “transparência na comunicação” que os comentaristas na imprensa têm elogiado tanto? Para você entender melhor, antes vamos falar rapidamente sobre o que acontece após cada um dos encontros. Ao fim de cada reunião (em geral, no começo de uma noite de quarta-feira), após o mercado parar de funcionar, o Copom publica um comunicado curto. Nele, relata sua decisão de política monetária e diz suas razões. Nas tesourarias dos bancos, economistas e analistas de mercado esperam com ansiedade. A depender das previsões que vinham fazendo para o nível de juros (Selic) no Brasil, comemoram ou lamentam. Reúnem-se e discutem estratégias para o dia seguinte, escrevem relatórios para clientes. Aproximadamente uma semana depois da reunião, economistas e analistas de mercado acordam mais cedo. Debruçam-se sobre seus terminais de computador à espera da publicação da ata da reunião do Copom. São várias páginas em que a autoridade monetária expõe detalhes de seus motivos. Participantes do mercado, então, procuram por novas informações, qualquer dica ou sinal dos próximos passos do BC. Sempre foi assim, ué, o que mudou? No último encontro do Copom, o primeiro com Ilan Goldfajn no comando, uma novidade:  o comunicado, que teve pouco mais de 100 palavras em junho, passou para quase 400. Se considerarmos apenas a discussão sobre riscos no cenário econômico futuro, que nem era citada em comunicados passados, foram usadas mais de 150 palavras! Analistas ainda vão esperar a ata semana que vem – que agora sai na terça, não mais na quinta-feira, como era habitual. Mas a exposição de motivos do primeiro comunicado, agora mais longo, não se limitou a informar por alto a manutenção dos juros na altura dos 14,25% ao ano. Permitiu uma leitura clara das estratégias do Copom. E daí surgiu na imprensa as tais referências sobre um esforço por maior transparência por parte do BC sob nova direção. Mas isso importa de verdade? Claro que sim. Quando o Copom aumenta, mantém ou diminui os juros básicos, o impacto pretendido é maior se há uma exposição coerente e convincente da estratégia em curso. E se o Copom vê um cenário de inflação alta daqui em diante e decide aumentar os juros, para esfriar a economia? Não é importante que os participantes do mercado entendam as razões disso? Dessa forma, eles podem incorporar imediatamente a ideia de que o plano do BC é manter juros altos até encaixar a inflação na meta. A política monetária, assim, ganha credibilidade. Isso possibilita à autoridade monetária que não precise aumentar muito os juros para domar o ritmo de preços.
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