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A Câmara dos Deputados aprovou um projeto que pode inviabilizar serviços como Uber e Cabify no Brasil. Mas o que aconteceria se esse serviço fosse banido? Voltaremos aos tempos do táxi?

Provavelmente não. Em vários lugares as pessoas habituaram-se a fazer sua locomoção com essa alternativa mais barata. Mesmo o pequeno custo de instalar e aprender a utilizar um aplicativo já foi rompido por diversos usuários. Alguns inclusive tomaram decisões bem mais custosas de reverter. Por exemplo, muita gente vendeu o carro com vistas a utilizar apenas esses serviços.

Em outras palavras, a demanda pelo serviço não vai simplesmente desaparecer.

E a oferta também não. Alguns motoristas investiram e fizeram escolhas por trabalhar no setor. Isso não será revertido imediatamente. E, com a economia indo mal, bastante gente se utiliza do Uber e afins para fazer uma grana a mais e reduzir o custo do desemprego.

O mercado serve para conectar pessoas que querem ofertar um serviço com pessoas que querem consumi-lo. Proibi-lo não necessariamente faz com que ele desapareça. Ele pode continuar operando, porém informalmente. Esse é meu palpite: o serviço será oferecido, mas por arranjos informais. Afinal, a tecnologia não vai desaparecer.

Veja, por exemplo, o que aconteceu na cidade de Austin, nos Estados Unidos. Por lá, mudanças no aparato regulatório inviabilizaram que empresas como o Uber permanecessem operando. O mercado sumiu? Não. Continuou operando, só que na informalidade. Uma reportagem do portal Business Insider detalha os passos para requisitar serviços de locomoção no Facebook (tradução minha). Note que motoristas e usuários passaram a se conectar diretamente pela rede social:

“Arcade City Austin Request a Ride é um grupo do Facebook que cresceu rapidamente logo depois das saídas de Uber e Lyft da cidade. O grupo, que requer aprovação para que o usuário participe, possui atualmente mais de 33.000 membros que o utilizam para procurar pessoas dispostas a realizar transportes. As regras do Arcade City são simples:

- Poste sua solicitação de transporte no grupo.

- Apague a solicitação assim que você se conectar com um motorista.

- Peça o perfil do Uber ou do Lyft se você desejar.

- Sejam gentis um com outro.”

Lógico, na eventual saída dessas empresas do mercado brasileiro, o consumidor ainda assim sairia perdendo. Arranjos informais envolvem risco mais elevado. Como saber se a pessoa oferecendo serviços de transporte não quer apenas realizar um sequestro relâmpago? Empresas como Uber fazem checagens prévias e têm reputações a zelar. O risco desse tipo de crime é bem menor, se as coisas são realizadas dentro da lei.

Além disso, o consumidor não poderá recorrer à polícia e à justiça caso se sinta lesado. Afinal, ele já estaria participando de uma atividade irregular para começo de conversa.

Assim, na ausência desses competidores formais, os taxistas poderiam se diferenciar, oferecendo um serviço menos arriscado aos consumidores. Dessa maneira, conseguiriam cobrar preços mais elevados. Mas certamente não teriam as mesmas condições favoráveis anteriores ao surgimento do Uber. Haveria, sim, concorrência, por conta dos arranjos informais.

Mas isso vai depender da disposição do poder público em combater esses eventuais esquemas. Aposto que essa disposição não será muito elevada. Afinal, os recursos disponíveis ao Estado são escassos – é preciso deslocar policiais de outras atividades, por exemplo, para investigar e desbaratar esquemas ilegais de transporte de pessoas.

Convenhamos, essa conta pode ficar bem salgada. Preços mais elevados no transporte e recursos públicos escassos alocados no combate a atividades que agora se tornaram ilegais. Não seria melhor simplesmente deixar que Uber e afins operem legalmente?

Com Uber inviabilizado, voltaremos aos tempos dos taxis?

A Câmara dos Deputados aprovou um projeto que pode inviabilizar serviços como Uber e Cabify no Brasil. Mas o que aconteceria se esse serviço fosse banido? Voltaremos aos tempos do táxi? Provavelmente não. Em vários lugares as pessoas habituaram-se a fazer sua locomoção com essa alternativa mais barata. Mesmo o pequeno custo de instalar e aprender a utilizar um aplicativo já foi rompido por diversos usuários. Alguns inclusive tomaram decisões bem mais custosas de reverter. Por exemplo, muita gente vendeu o carro com vistas a utilizar apenas esses serviços. Em outras palavras, a demanda pelo serviço não vai simplesmente desaparecer. E a oferta também não. Alguns motoristas investiram e fizeram escolhas por trabalhar no setor. Isso não será revertido imediatamente. E, com a economia indo mal, bastante gente se utiliza do Uber e afins para fazer uma grana a mais e reduzir o custo do desemprego. O mercado serve para conectar pessoas que querem ofertar um serviço com pessoas que querem consumi-lo. Proibi-lo não necessariamente faz com que ele desapareça. Ele pode continuar operando, porém informalmente. Esse é meu palpite: o serviço será oferecido, mas por arranjos informais. Afinal, a tecnologia não vai desaparecer. Veja, por exemplo, o que aconteceu na cidade de Austin, nos Estados Unidos. Por lá, mudanças no aparato regulatório inviabilizaram que empresas como o Uber permanecessem operando. O mercado sumiu? Não. Continuou operando, só que na informalidade. Uma reportagem do portal Business Insider detalha os passos para requisitar serviços de locomoção no Facebook (tradução minha). Note que motoristas e usuários passaram a se conectar diretamente pela rede social: “Arcade City Austin Request a Ride é um grupo do Facebook que cresceu rapidamente logo depois das saídas de Uber e Lyft da cidade. O grupo, que requer aprovação para que o usuário participe, possui atualmente mais de 33.000 membros que o utilizam para procurar pessoas dispostas a realizar transportes. As regras do Arcade City são simples: - Poste sua solicitação de transporte no grupo. - Apague a solicitação assim que você se conectar com um motorista. - Peça o perfil do Uber ou do Lyft se você desejar. - Sejam gentis um com outro.” Lógico, na eventual saída dessas empresas do mercado brasileiro, o consumidor ainda assim sairia perdendo. Arranjos informais envolvem risco mais elevado. Como saber se a pessoa oferecendo serviços de transporte não quer apenas realizar um sequestro relâmpago? Empresas como Uber fazem checagens prévias e têm reputações a zelar. O risco desse tipo de crime é bem menor, se as coisas são realizadas dentro da lei. Além disso, o consumidor não poderá recorrer à polícia e à justiça caso se sinta lesado. Afinal, ele já estaria participando de uma atividade irregular para começo de conversa. Assim, na ausência desses competidores formais, os taxistas poderiam se diferenciar, oferecendo um serviço menos arriscado aos consumidores. Dessa maneira, conseguiriam cobrar preços mais elevados. Mas certamente não teriam as mesmas condições favoráveis anteriores ao surgimento do Uber. Haveria, sim, concorrência, por conta dos arranjos informais. Mas isso vai depender da disposição do poder público em combater esses eventuais esquemas. Aposto que essa disposição não será muito elevada. Afinal, os recursos disponíveis ao Estado são escassos – é preciso deslocar policiais de outras atividades, por exemplo, para investigar e desbaratar esquemas ilegais de transporte de pessoas. Convenhamos, essa conta pode ficar bem salgada. Preços mais elevados no transporte e recursos públicos escassos alocados no combate a atividades que agora se tornaram ilegais. Não seria melhor simplesmente deixar que Uber e afins operem legalmente?
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